Planos de Saúde mais inclusivos são prioridade para seguradoras

  • ECO Seguros
  • 17 Março 2022

Gastos de saúde nas empresas mantêm tendência de subida e Covid-19 continua afetar experiência de despesas médicas nos seguros, indica um estudo Mercer Marsh Benefits.

210 seguradoras de 59 países, com a amostra recolhida em Portugal a representar mais de 80% de quota do mercado de seguros de saúde, participaram num estudo que procurou identificar principais tendências futuras nos cuidados de saúde assegurados pelas empresas.

Apesar do rumo da doença de COVID-19 continuar imprevisível, o impacto da pandemia nos planos de saúde das empresas deverá persistir nos próximos anos, aponta MM Benefits. A tendência do crescimento dos gastos em saúde recuperou para 9,6% em 2021 e espera-se que mantenha taxa semelhante (9,5%) em 2022. Em Portugal, em 2022 a tendência aponta para um aumento de 7,5% e na Europa 8,9%, estima a Mercer Marsh Benefits, no seu mais recente estudo “MMB Health Trends.”

"é importante desenvolver uma estratégia de saúde mental para os colaboradores que não seja simplesmente um apoio aos que estão doentes, mas que seja também preventivo e melhore o bem-estar geral.”

Paulo Fradinho

Business Leader, Mercer Marsh Benefits em Portugal

Das principais conclusões do estudo, a consultora unificada de pessoas, riscos e benefits salienta:

  • 2 em cada 3 seguradoras esperam cobrir cuidados de saúde relacionados com a COVID-19 em 2022. Pandemia e riscos emocionais ou de saúde mental são os principais influenciadores dos custos dos planos de saúde fornecidos pelas empresas.
  • Doenças metabólicas e cardiovasculares, cancro e doenças do sistema circulatório são as principais áreas de preocupação das seguradoras.
  • Equidade na saúde é prioridade crescente: seguradoras estão a fazer alterações para facilitar a criação de planos de saúde mais inclusivos, incluindo a revisão das redes de médicos para garantir a diversidade dos prestadores de saúde. Na ótica das empresas, os planos de saúde são cada vez mais abrangentes, com tendência para englobar todos os colaboradores da organização e frequentemente o seu agregado familiar direto.

Tendência de gastos em saúde nos seguros está a aumentar

Em todo o mundo, três quartos (75%) das seguradoras dizem que a atividade de despesas médicas no seguro de saúde está a crescer, com duas em cada cinco (41%) referindo que, atualmente, a utilização do seguro é superior aos níveis pré-pandemia.

“O regresso ao recurso normal dos serviços de saúde depende de como a pandemia evoluir. As empresas devem antecipar que os prémios de renovação vão aumentar para compensar a volatilidade e a tendência inflacionista decorrente do contexto e guerra na Ucrânia e efeito na economia global das sanções económicas. Por outro lado, devem rever os requisitos dos seus planos de saúde para poderem antecipar as mudanças que se esperam na utilização de seguro e, consequentemente, atualizarem as suas estratégias de benefícios alinhando sempre de acordo com as expectativas e necessidades individuais, para que o valor do benefício seja efetivamente reconhecido pelos colaboradores,” observa Paulo Fradinho, Business Leader da Mercer Marsh Benefits em Portugal.

Covid-19 afeta experiência das despesas médicas nos seguros

Globalmente, a COVID-19 é a terceira maior causa de despesas médicas no seguro, tanto em valor monetário, como em frequência. Contudo, o seu impacto não tem sido alvo de monitorização, ao passo que as seguradoras têm tido dificuldade em atualizar os seus sistemas para conseguirem obter dados sobre uma condição de saúde que, até 2019, era desconhecida e cujas implicações começamos a compreender, nota o relatório. As seguradoras “identificaram a COVID-19 e os riscos emocionais e mentais enquanto as maiores fontes de influência dos custos dos planos de saúde oferecidos pelas empresas, e 2 em cada 3 espera cobrir cuidados de saúde relacionados com a COVID-19 em 2022″. No entanto, “um terço das seguradoras (34%) está a considerar impor limitações de condições pré-existentes relacionadas com os efeitos da COVID a longo-prazo, ou já fez alterações nesse sentido”.

As equipas de Recursos Humanos e Gestores de Benefícios “devem monitorizar a cobertura dos seus planos de saúde face à prevenção e tratamento da COVID-19, para entender os acessos dos colaboradores. Também é importante desenvolver uma estratégia de saúde mental para os colaboradores que não seja simplesmente um apoio aos que estão doentes, mas que seja também preventivo e melhore o bem-estar geral. As empresas que ajudam os seus colaboradores nesta área têm uma vantagem competitiva”, afirma o responsável.

As seguradoras estão a fazer alterações para facilitar a criação de planos de saúde mais inclusivos. Por exemplo, 30% das seguradoras estão a rever as redes médicas para garantir a diversidade dos prestadores de saúde, por exemplo ao nível dos serviços, especialidades e acessibilidade

“MMB Health Trends”

Mercer Marsh Benefits em Portugal

Prevenção e cuidados individuais são necessários para mitigar riscos de saúde

O risco das doenças metabólicas e cardiovasculares “é o principal fator que influencia os custos de saúde da organização”. O cancro e as doenças do sistema circulatório foram as principais razões para pedidos de indemnização de planos de saúde dirigidos às seguradoras. Para combater estas doenças crónicas, “as empresas podem explorar como incorporar produtos direcionados aos cuidados individuais preventivos nos planos de benefícios. Quase uma em cada dez seguradoras (8%) cobre ou fornece kits de autotestes, como exames ao sangue para diabetes”.

Paulo Fradinho acrescenta: “A pandemia afetou a forma como as pessoas interagiam com o sistema de saúde (…). É importante incentivar os colaboradores a continuar com os cuidados preventivos, como exames de saúde anuais e garantir que respeitem as diretrizes e restrições locais. As equipas de RH podem fazer a diferença através de campanhas de comunicação para educar sobre o risco de atrasar os cuidados preventivos”, ouvindo os colaboradores para entender melhor as suas necessidades que não são atendidas e ao explorar oportunidades para incorporar os cuidados individuais e a saúde digital nos planos de benefícios”.

Em Portugal, continua o responsável da consultora unificada, “há cada vez mais seguradoras com propostas de valor mais abrangentes, que vão além da indemnização de despesas e que podem ajudar as empresas e colaboradores na promoção do bem-estar e na prevenção da doença”.

Equidade nos planos de saúde é cada vez mais prioritária

As seguradoras estão a fazer alterações para facilitar a criação de planos de saúde mais inclusivos. Por exemplo, 30% das seguradoras estão a rever as redes médicas para garantir a diversidade dos prestadores de saúde, por exemplo ao nível dos serviços, especialidades e acessibilidade. “Isto terá impacto na experiência dos colaboradores, uma vez que as pessoas podem mais facilmente optar por consultar um médico com a mesma origem étnica ou do mesmo género,” refere a companhia.

Mais de um quarto (27%) das seguradoras alterou o acesso de elegibilidade para tornar a cobertura mais inclusiva para os colaboradores LGBTQ+, o que inclui, por exemplo, a inclusão dos parceiros do mesmo género nos planos de saúde. Quase um quarto (24%) das seguradoras está a considerar incorporar, ou já incorporou, apoio social, tal como ajuda com o transporte, a alimentação e a habitação.

“As empresas têm a oportunidade de apoiar os seus colaboradores com um plano diversificado, equitativo e inclusivo, reconhecendo que as pessoas têm necessidades e valores diferentes, e que os cuidados devem ser acessíveis a todos. As empresas devem continuar a defender uma melhor recolha e partilha de dados para permitir uma identificação anónima e agregada das tendências de saúde da sua força de trabalho, incluindo a codificação dos fatores sociais que influenciam a saúde e o bem-estar. Hoje o bem-estar de todos colaboradores é também um tema de sustentabilidade“, aponta Fradinho.

Com base na pesquisa, a consultora de riscos e pessoas recomenda às empresas manterem-se “atentas aos dados sobre a tendência dos custos de saúde, uma vez que têm impacto na construção dos seus planos de benefícios que atendam às necessidades do negócio e das pessoas“. De acordo com o responsável da Mercer Marsh Benefits, “existem muitas ações que a organização pode e deve tomar para gerir estas tendências e o caminho certo depende das prioridades estratégicas do negócio”. No entanto, continua Fradinho, “aconselhamos vivamente a que todos os interessados em melhorar o bem-estar através de um plano de saúde” sigam cinco passos:

– Observar os resultados de saúde das seguradoras, não apenas a cobertura;
– Não esquecer de examinar as condições da cobertura com atenção;
– Incentivar uso de ferramentas preventivas em cuidados individuais de saúde e recursos digitais de qualidade;
– Não subestimar o risco das doenças não diagnosticadas e o poder das medidas preventivas;
– Aproveitar as oportunidades para oferecer coberturas mais inclusivas.

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