Mais turismo não compensa subida das importações de energia. Défice comercial atinge máximo de 2012

O défice comercial de bens e serviços disparou em janeiro, para 552 milhões de euros, o valor mais elevado nesse mês desde janeiro de 2012.

Há dez anos que o défice comercial de bens e serviços de Portugal não registava um valor tão elevado no arranque do ano. Em janeiro de 2022, o défice atingiu os 552 milhões de euros, o que contrasta com os 56 milhões de euros de excedente registado em janeiro de 2021. Este é o valor mais elevado desde janeiro de 2012, mês em que o défice era superior a mil milhões de euros, mostram os dados divulgados esta sexta-feira pelo Banco de Portugal.

O banco central nota que a economia portuguesa regista uma “necessidade de financiamento de 552 milhões de euros em janeiro de 2022”, continuando a importar mais bens do que exporta, o que não é compensado pela exportação de serviços, principalmente porque o turismo continua condicionado pela pandemia, apesar de ter recuperado significativamente. “O acréscimo do excedente da balança de serviços não foi suficiente para compensar o agravamento do défice da balança de bens“, esclarece o BdP.

Saldo acumulado das balanças corrente e de capital começa o ano com o pé esquerdo

Fonte: Banco de Portugal.

O défice da balança de bens aumentou 617 milhões de euros face a janeiro de 2021, o que reflete principalmente a subida do preço da energia, o que inflacionou as importações de bens energéticos para Portugal no primeiro mês do ano. Por exemplo, as importações de combustíveis e lubrificantes aumentaram 115,7% face a janeiro de 2021 e 16,2% face a janeiro de 2020, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgados há uma semana.

“O défice da balança de bens aumentou 617 milhões de euros em relação a janeiro de 2021, para 1.365 milhões de euros, refletindo um crescimento das exportações inferior ao das importações (de 23,0% e 31,5%, respetivamente)“, detalha o banco central, notando que “tanto o valor das exportações como o das importações foram superiores aos registados antes da pandemia (2019)”.

Já as exportações e importações de serviços aumentaram, respetivamente, 50,4% e 52,5%, superando os valores registados antes da pandemia (janeiro de 2019). “Para esta subida contribuíram as viagens e turismo, os serviços de transporte e informáticos”, explica o BdP, especificando que o excedente desta componente aumentou 277 milhões de euros.

“Contudo, em janeiro de 2022, os valores das exportações e das importações de viagens e turismo permaneciam inferiores aos observados antes da pandemia, correspondendo a 78,0% e 74,9% dos registados em janeiro de 2019″, ressalva.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Mais turismo não compensa subida das importações de energia. Défice comercial atinge máximo de 2012

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião