COAG: “Se quisermos manter os níveis de produção agora, precisamos de mais financiamento”

  • Servimedia
  • 26 Março 2022

O diretor da associação patronal agrícola de Espanha alerta para a importância do financiamento para fazer face à crise no setor. Caixabank e Abanca redobram esforços para apoiar agricultores.

O diretor técnico da Coordenadora das Organizações de Agricultores e Criadores de gado (COAG) espanhola, José Luis Miguel, considera que num contexto tão difícil para o setor como o atual, “o papel das instituições financeiras é essencial se quisermos manter os níveis de produção. Precisamos de mais financiamento para as atividades agrícolas e pecuárias”, explicou declarações à Servimedia.

O Caixabank e o Abanca são duas das entidades que estão a redobrar os seus esforços tendo em conta a difícil situação que o setor atravessa em resultado do aumento do preço da energia e da falta de chuva, agora agravada pela crise na Ucrânia.

José Luis Miguel sustenta que a guerra “piorou muito a difícil situação do setor agrícola”, especialmente no fornecimento de elementos básicos e matérias-primas para a produção agrícola e pecuária. “Somos muito dependentes tanto de matérias-primas como de energia. Os preços subiram acentuadamente, embora o petróleo pareça estar a descer um pouco e possamos ter atingido o pico”, adiantou o responsável à agência de notícias espanhola.

Por outro lado, os fertilizantes, potassa e fosfatos também entraram numa escalada de preços e José Luis Miguel aponta também a escassez de matérias-primas, como os cereais e o milho, como um fator que contribui para a tensão do mercado. E, por exemplo, “não sabemos se será possível semear na Ucrânia nesta primavera e, portanto, poderá haver uma maior escassez”, explica.

Reconhece, contudo, que “a crise no setor remonta a antes da guerra, a situação já era muito má em 2021, com um aumento de custos de 30%”, uma percentagem que neste momento “poderia situar-se entre 38 e 40%”.

Face a esta tempestade perfeita, o financiamento é a única forma que permite a muitos empresários independentes continuarem a sua atividade. “As instituições financeiras desempenham um papel crítico”, salienta a COAG, citada pela Servimedia.

Neste contexto, o Caixabank, através da sua linha de negócios Agrobank, é um dos mais empenhados na atividade agroalimentar: em 2021 financiou o setor com quase 17.400 milhões de euros e para fazer face à situação atual, a entidade conta com 1.175 sucursais especializadas, a maior rede de sucursais do setor e uma presença em todas as províncias.

Tem também 3.500 gestores especializados que, entre outras tarefas, orientam os agricultores e criadores de gado em desafios como a sustentabilidade e a digitalização. Mais de 500 mil agricultores (um em cada dois profissionais do setor) são apoiados pelo Agrobank.

O Abanca, por seu lado, através da sua unidade especializada Abanca Agro, está também a assumir um forte compromisso com o setor e assinou recentemente acordos com várias associações agrícolas, como Extremadura ou Castilla y León para oferecer produtos como um adiantamento sobre a colheita ou um empréstimo para fazer face às despesas habituais de futuras campanhas, entre outras ações, bem como financiar projetos de sustentabilidade.

Nesta linha, José Luis Miguel acredita que no contexto actual, “a sustentabilidade e a digitalização não devem ser deixadas de lado porque são elementos interrelacionados que nos vão ajudar muito. Com eles, seremos mais eficientes e economicamente viáveis. Podemos também ser mais sustentáveis com poupanças de custos, com menos impacto ambiental, uma tendência necessária para o setor. Depois de todas as vicissitudes que nos estão a acontecer, devemos pensar a médio e longo prazo, e não há dúvida de que a sustentabilidade e a digitalização se encaixam”, concluiu.

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