Autovoucher só anula impacto da guerra para quem atesta até 75 litros de gasóleo por mês

Registaram-se aumentos de 17 cêntimos por litro na gasolina e 27 cêntimos no gasóleo desde o início da guerra. Efeito é compensado pelo Autovoucher para os consumos mais baixos.

Face ao aumento do preço dos combustíveis que já se verificava no final do ano passado, o Governo avançou com o Autovoucher, uma medida que dava um subsídio para compensar a subida na fatura. Entretanto, com o impacto da invasão russa da Ucrânia, este mecanismo foi reforçado, passando a dar um desconto de 20 euros por mês. Mesmo assim, este “bónus” só anula o efeito da guerra para quem atesta até 75 litros de gasóleo por mês, ou 115 de gasolina, segundo as contas do ECO.

Isto já que o preço dos combustíveis sofreu aumentos de 17 cêntimos na gasolina e 27 cêntimos no gasóleo desde o início da guerra, enquanto o desconto do Autovoucher é de 40 cêntimos por litro (por mês). O subsídio, como simplifica o Executivo, começou por ser de 10 cêntimos ao litro, até um máximo de 50 litros, o que correspondia a 5 euros por mês, mas foi reforçado para 20 euros por mês em março e prolongado para abril.

Se olharmos para o preço antes da guerra, o gasóleo estava a custar 1,656 euros por litro, segundo os preços médios semanais indicados pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), enquanto esta segunda-feira se fixava nos 1,927 euros. Assim, o aumento foi de 27 cêntimos, montante que apenas é coberto pelo Autovoucher se se atestar até 75 litros.

Já na gasolina 95, o preço antes da guerra era de 1,813 euros por litro, e fixa-se agora nos 1,989 euros, de acordo com os dados mais atuais da DGEG. Desta forma, o Autovoucher só compensa para quem atestar até 115 litros. Para quem atestar mais, o mecanismo já não anula o efeito da invasão nos combustíveis.

É ainda assim de ressalvar que existe também outra almofada a compensar os preços dos combustíveis: o corte no ISP que o Governo decidiu aplicar, que é proporcional ao aumento de receita que os cofres do Estado têm com o IVA dos combustíveis.

Segundo explicou o ministro das Finanças, Fernando Medina, entre a diminuição do imposto sobre gasóleo e gasolina, e a medida do Autovoucher, para um consumo de 50 litros por mês (que é um pouco abaixo da média, como admite) existe uma compensação de 26 cêntimos por litro. Tal é “o que neste momento o Estado consegue fazer para atenuar o preço dos combustíveis”, disse, em declarações transmitidas pelas televisões esta terça-feira.

O ministro admite que “não temos possibilidade, como nenhum país, de ter compensação total do que tem sido o aumento fortíssimo dos custos de energia”, sinalizando que uma “maior diminuição do ritmo dos preços só acontecerá no momento em que conflito terminar e os mercados se normalizarem relativamente a produtos energéticos”.

Esta semana, o Imposto sobre os Produtos Petrolíferos (ISP) não mexeu, apesar de tal estar previsto na fórmula do Governo para o cálculo desta medida. As estimativas do Executivo apontavam para uma descida de 12 cêntimos no gasóleo e quatro cêntimos na gasolina nesta segunda-feira, mas mesmo assim a decisão acabou por ser de não subir o ISP.

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