UTAO sugere monitorização das medidas sobre crise energética e guerra na Ucrânia
Tal como fez na pandemia, Direção-Geral do Orçamento deve adotar “classificação apropriada" para individualizar estas medidas na base de dados orçamentais, e divulgar mensalmente a execução.
A Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) sugere ao Governo que adote um procedimento que permita seguir “a execução das medidas de mitigação do choque geopolítico desencadeado pelo conflito na Ucrânia e pela crise energética”, como fez com as que foram durante a pandemia.
A recomendação é feita pela UTAO num relatório com uma primeira apreciação à proposta de Orçamento do Estado para 2022, que foi apresentada na semana passada por Fernando Medina, e em que apresenta oito riscos escondidos. Aos “clássicos” das PPP, soma novas surpresas na TAP ou no Novobanco, a crise na energia ou o dinheiro da bazuca.
“Estas medidas têm características semelhantes às adotadas para minimizar os malefícios da pandemia na saúde e na economia. Com efeito, deverão ter uma duração limitada no tempo, um impacto material significativo no saldo orçamental de 2022 e, provavelmente, 2023 e a lista de medidas deverá crescer ao longo dos próximos meses, em função das reavaliações custo-benefício que o Governo for fazendo”, pode ler-se no referido relatório divulgado hoje.
Para defender a sua posição, a UTAO considera que “não é de excluir que a União Europeia venha a adotar alguma forma de tratamento especial do impacto orçamental destas medidas em indicadores futuros das regras orçamentais e a exigir o seu reporte”.
Os técnicos da UTAO recomendam, em concreto, à Direção-Geral do Orçamento que pondere fazer com as medidas designadas como “medidas da crise energética e do conflito na Ucrânia” o mesmo que fez em 2020 com as medidas para atenuar os efeitos da Covid-19. Que “adote uma classificação apropriada (seja por via de medidas, de fontes de financiamento ou outras) que permita a individualização destas medidas de política” na base de dados orçamentais e divulgue mensalmente a sua execução na Síntese de Execução Orçamental.
No relatório, a UTAO alerta também para riscos nas projeções macroeconómicas, num cenário de incerteza, salientando que “as previsões publicadas antes do início da guerra na Ucrânia não podem refletir o impacto das sanções económicas aplicadas à Rússia nem os efeitos adversos da guerra no comércio internacional”.
O Governo reviu em ligeira baixa a projeção de crescimento económico para 4,9%, face aos 5% no cenário macroeconómico apresentado em 25 de março no Programa de Estabilidade para o período 2022-2026. Mas manteve a previsão de um défice de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano.
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