Pressão nas empresas põe digitalização em segundo plano
As empresas de todo o mundo estão a dar prioridade à gestão de custos e a adiar a digitalização devido à pressão causada pela pandemia e pela guerra. A conclusão é de um estudo da PwC.
O Digital Supply Chain Survey 2022 da PwC revela que a situação pandémica, a escassez de matérias-primas, os conflitos geopolíticos e o aumento generalizado dos preços têm pressionado as cadeias de abastecimento das empresas de todo o mundo, noticia a Servimedia.
A mesma pesquisa, que recolheu a opinião de 244 executivos e gestores de operações de grandes empresas internacionais, mostra ainda que esta pressão tem obrigado as empresas a concentrarem os seus esforços a curto prazo na melhoria da sua eficiência e na gestão dos seus custos, o que faz com que a sua transformação e digitalização fiquem em segundo plano.
Prova disso são os números revelados pelo estudo, que apontam que, em relação às suas cadeias de abastecimento, 63% dos inquiridos pretende melhorar a sua eficiência e 53% quer fazer uma melhor gestão e redução de custos, tudo isto nos próximos 12 a 18 meses.
Só 21% dos inquiridos afirmou que a automatização dos processos e a utilização de análises de dados ou, ainda, a melhoria da resiliência das suas cadeias de fornecimento são uma prioridade para as suas empresas. O mesmo é válido para a formação digital dos seus empregados e a melhoria da sustentabilidade nas cadeias de abastecimento.
O inquérito demonstra que, além dos fatores relacionados com a situação económica atual, a limitação orçamental – segundo 48% dos executivos entrevistados – seguida da dificuldade de encontrar o talento necessário (30%) e de empregar as tecnologias certas (29%) são fatores que têm sido entraves na digitalização das cadeias de abastecimento.
A falta de retorno dos investimentos em tecnologia, quer em termos de eficiência, produtividade ou melhoria da experiência do cliente, é outro dos motivos apontado por 80% dos inquiridos para o adiamento da digitalização das suas empresas.
Ainda assim, a cloud é a tecnologia onde as empresas que participaram no relatório planeiam investir mais devido ao seu potencial de desenvolvimento. Outras tecnologias relevantes, embora com níveis de investimento inferiores, são as relacionadas com a análise e exploração de dados, inteligência artificial, automatização e a Internet das coisas.
Critérios ESG nas cadeias de abastecimento
As respostas dos executivos inquiridos pelo estudo da PwC revelam que ainda há um longo caminho a percorrer até que as empresas consigam integrar plenamente os critérios ESG nas suas cadeias de abastecimento.
66% dos participantes na pesquisa reconhecem que a principal preocupação das empresas internacionais do ESG é manter-se a par das mudanças regulamentares nos diferentes países em que operam. E cerca de 58% afirmam que o principal desafio que enfrentam é identificar os riscos ambientais, sociais e de governação dos seus fornecedores.
O relatório revela, ainda, que a maioria dos inquiridos reconhece que os critérios ESG são atualmente vistos como um desafio menor para as cadeias de abastecimento, embora esperem que se tornem muito mais importantes e relevantes nos próximos anos.
Para já, os desafios mais relevantes concentram-se nas preocupações éticas (58%), a falta de uma base diversificada de fornecedores para fornecimentos críticos (53%), problemas operacionais (51%), e a incapacidade dos fornecedores para responder aos desafios tecnológicos (49%).
Ainda assim, apenas 21% dos inquiridos planeiam melhorar a resiliência das suas cadeias de abastecimento, 16% pretendem alterar as suas práticas e políticas de compra, e 13% querem diversificar e segmentar os seus fornecedores.
“Estas respostas revelam até que ponto a difícil situação económica que as cadeias de abastecimento estão a atravessar está a estabelecer as suas prioridades e a fazer com que muitas empresas passem para posições defensivas e percam oportunidades de criação de valor – agilidade, adaptabilidade, colaboração – derivadas da transformação e digitalização”, concluiu Bernat Figueras, parceiro responsável pela Strategy&, a empresa de consultoria estratégica da PwC.
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