BRANDS' ECOSEGUROS NFT: colecionismo ou investimento?

  • ECOSeguros + Innovarisk Underwriting
  • 19 Maio 2022

Rui Ferraz, diretor comercial da Innovarisk Underwriting, explica o contexto atual ligado à compra e venda de NFTs (non fungible token). Nem tudo o que parece, é....

Nos últimos tempos ouvimos falar várias vezes ao dia sobre NFTs. Ou há um novo recorde de valor alcançado por uma obra de arte digital ou um novo lançamento do artista do momento. Ou o influencer digital que seguimos mudou de imagem para a imagem do NFT raro que conseguiu adquirir. Ou uma celebridade está a promover a venda de NFTs associados à sua obra mais conhecida.

Todos, e as mães deles, têm um NFT para vender. Porquê?

Bom, comecemos pelo básico: um NFT (non fungible token) é, no fundo, um certificado de autenticidade associado a um arquivo digital (a tal obra de arte ou de coleção que é teoricamente o objeto da venda ou leilão) mediante a famosa tecnologia de blockchain.

Na prática é o certificado que comprova os dados da obra, a propriedade (de quem é a peça) e, regra geral, quem é o artista a quem é devido royalties. E qualquer alteração a estes dados não altera o NFT mas fica registado na sequência da mesma blockchain.

Rui Ferraz, diretor comercial Innovarisk Underwriting

O NFT, ao não poder ser substituído ou a sua informação adulterada, abre todo um mundo novo aos artistas e aos entusiastas da arte digital, e não só. E percebe-se porquê: de repente, uma obra de arte digital passa a ter um dono específico, o que lhe empresta valor. Se eu comprar uma obra de arte digital e alguém, posteriormente, guardar uma cópia desta no seu computador, não há dúvidas que a obra original é minha e isso é facilmente comprovável. O céu passa a ser o limite para o colecionador inveterado ou para o apaixonado por arte.

Mas, como em tudo, o que parece nem sempre é. Recentemente a Hiscox lançou a segunda parte do estudo anual sobre venda online de Arte, onde a componente de arte digital, à boleia dos NFTs, disparou.

Neste, dois dados saltam à vista: dois terços (66%) dos compradores de arte fazem-no também online e 82% dos compradores de NFTs fazem-no como um investimento.

82%.

Em cada 10 compradores de NFTs, apenas dois o farão primariamente por gostarem da obra de arte, ou lhe reconhecerem qualidade artística, que estão a adquirir. Os restantes fazem-no com o intuito de lucrar com uma venda posterior por esperarem uma valorização grande dos mesmos num prazo relativamente curto.

"Esta voracidade e crescimento rápido do mercado de NFTs esconde um lado menos luminoso deste: dado o interesse gerado pelo mesmo, assim como a oportunidade identificada por artistas, empresas ou mesmo museus, de rentabilizar a sua arte existe um rácio não muito agradável de NFTs que não se vendem ou que perdem valor após a sua aquisição em vez de o ganhar.”

Rui Ferraz

Diretor Comercial Innovarisk Underwriting

Pode parecer estranho mas considerem o seguinte: o boom dos valores de NFTs, nomeadamente em leilões como o da colagem de Beeple (Everydays: The First 5.000 Days – 69 milhões de dólares – Christie’s), está diretamente ligado a uma imensa liquidez de muitos criptomilionários (possuidores de grandes quantidades de moedas como, por exemplo, a Bitcoin) sem forma de a escoar. Os NFTs surgiram como associados a um bem digital transacionável em criptomoeda único e que pode ser revendido se assim o entendermos.

A publicidade derivada destas primeiras compras, assim como o colecionismo associado a possuir peças únicas geradas aleatoriamente como criptopunks ou bored apes, com diferentes níveis de raridade e um sempre excitante risco de pagarmos um valor standard e obtermos uma versão super-rara (sendo que o contrário também pode suceder), quase como um jogo de azar, tornou este mercado muito apetecível para muita gente, desde investidores profissionais a outros apenas casuais, que viram neles uma oportunidade de enriquecer rapidamente com um pouco de sorte, através da revenda do NFT.

Outro fator que nos mostra que este mercado é, de momento, muito mais que arte é a quantidade de celebridades e influencers contratados para fomentar a compra e aumentar o perfil de algumas vendas de NFTs. O hype gerado é o que muitas vezes decide em que NFT investimos. Se aquela megaestrela representa uma determinada venda, então é certo que a mesma vai ter sucesso!

Esta voracidade e crescimento rápido do mercado de NFTs esconde um lado menos luminoso deste: dado o interesse gerado pelo mesmo, assim como a oportunidade identificada por artistas, empresas ou mesmo museus, de rentabilizar a sua arte, existe um rácio não muito agradável de NFTs que não se vendem ou que perdem valor após a sua aquisição em vez de o ganhar.

Tal como no mercado de arte tradicional, começa a ser difícil identificar uma boa oportunidade quando o objetivo de todos é o lucro. O glamour e as luzes da ribalta, assim como a expectativa do dinheiro rápido, tendem a ser mais chamativos que o motivo pelo qual muitos de nós começámos a colecionar: o gosto por um artista, por uma obra ou por uma ideia.

Com algumas exceções notáveis, o mercado de NFTs prefere de momento o artifício gerado aleatoriamente por um algoritmo, qual roleta, na expectativa de um golpe de sorte, ou a marca já conhecida de um artista já famoso no mundo real.

Resta saber se, quando passar a novidade, ainda será assim.

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