Pantest de Oliveira de Frades constrói fábrica de testes rápidos em Angola

A iniciar exportação de testes Covid para o Médio Oriente, empresa do distrito de Viseu tem projeto de dez milhões para unidade industrial de “qualidade e exigência europeias” nos arredores de Luanda.

Fundada em 2014 com o objetivo de fabricar testes rápidos para fornecer ao mercado angolano, onde Catarina de Almeida tem também uma empresa de distribuição de material médico e hospitalar, além de ser representante das tintas Dyrup, a Pantest prepara-se agora para construir uma unidade industrial em Angola, com capacidade para fornecer três milhões de testes por ano.

Segundo avançou ao ECO a empresário luso-angolana de 38 anos, que é a acionista única da empresa sediada em Oliveira de Frades, no distrito de Viseu, o investimento será superior a dez milhões de euros. A fábrica vai ficar localizada no polo industrial de Viana, um município da província de Luanda, e arrancar com uma equipa de dez pessoas, contando ultrapassar a meia centena de funcionários no final do primeiro ano de atividade.

Questionada sobre o prazo para a conclusão deste projeto, Catarina de Almeida, referiu que no início do verão vai regressar a Angola para “trabalhar com a equipa na estruturação do plano de negócios”, mas esclareceu que “um projeto desta dimensão não demora menos de ano e meio” a chegar ao terreno. “Quero fazer as coisas de forma a colocar Angola no mapa dos fabricantes de testes e de dispositivos médicos. Faremos tudo com um nível de qualidade e de exigência europeus”, acrescentou.

Catarina de Almeida, CEO da Pantest

A empresária destaca a “vantagem de já ter todo o know-how e experiência da Pantest para não cometer os mesmos erros” neste novo projeto industrial em África, que prevê começar por aqueles que são “os testes mais procurados e em que há uma falta permanente no mercado”, como é o caso da malária, do dengue, do HIV ou da hepatite C. Em produção local promete que ficarão “mais baratos e acessíveis à população”, por serem eliminadas as atuais cadeias de distribuição e de transporte.

Chega ao Médio Oriente após “bloqueio” exportador

Foi precisamente a experiência que tinha adquirido com outras doenças para as quais já produzia testes rápidos de deteção, como é o caso das infecciosas, que, com a chegada da pandemia de Covid-19, acelerou a certificação pelo Infarmed para a produção de testes rápidos de antigénio ao SARS-CoV-2. A empresa localizada em Oliveira de Frades, onde dispõe de uma área de 4.500 metros quadrados, diz ser a única de origem portuguesa entre as mais de 150 companhias e laboratórios com testes autorizados no país.

A funcionar com três turnos, mas com a atual produção limitada a 50 mil testes por dia, a Pantest está a ampliar a fábrica portuguesa. Em construção está um novo pavilhão de mil metros quadrados para aumentar a capacidade e “segmentar a oferta”. Embora tenha no portefólio perto de 30 tipos diferentes certificados com a marcação CE, é o teste rápido que deteta o coronavírus que continua a dominar a cadeia produtiva, depois de ter feito disparar as vendas nos últimos anos.

Houve um empurrão significativo dos testes rápidos para a Covid-19 e, por outro lado, [a subida das vendas] também foi o resultado da natural consolidação no mercado. As empresas não começam logo a vender milhões.

Catarina de Almeida

CEO da Pantest

De 500 mil euros em 2019, passou para um volume de faturação de 1,5 milhões em 2020 e no ano passado voltou a dobrar esse registo, ao crescer para três milhões de euros. Licenciada em Direito pela Universidade de Lisboa, Catarina de Almeida reconhece que “houve um empurrão significativo dos testes rápidos para a Covid-19 e, por outro lado, também foi o resultado da natural consolidação da empresa no mercado”. “As empresas não começam logo a vender milhões. Passam por um trajeto muitas vezes tumultuoso, até se consolidar e o seu negócio se tornar sustentável”, sublinha.

A partir da Beira Alta, onde trabalham quase 50 pessoas (dez pertencem aos quadros e os restantes são trabalhadores temporários), seja para o mercado doméstico – que está novamente a aumentar a procura por causa da sexta vaga de infeções – ou para os da exportação, a Pantest continua neste momento a produzir maioritariamente testes para a Covid-19. E depois de ter sido “praticamente impossível” exportar em 2020 para conseguir dar resposta à procura em Portugal, em 2021 começou a vender para alguns países europeus, como Itália, e já este ano estreou-se a exportar para o Médio Oriente.

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