Diretor da Easyjet critica falta de investimentos da ANA e NAV em Lisboa

O responsável da companhia britânica em Portugal defende a solução Alcochete para o reforço da capacidade aeroportuária na região de Lisboa.

O diretor da Easyjet em Portugal, José Lopes, atribui a responsabilidade pelos constrangimentos no aeroporto de Lisboa à falta de investimentos pela ANA e pela NAV. Para o responsável da companhia britânica, o país devia ter aproveitado a pandemia para avançar, nomeadamente no dossiê da nova infraestrutura. A sua preferência vai para Alcochete.

A responsabilidade é da ANA [gestora do aeroporto] e da NAV [controladora do tráfego aéreo], que não avançaram com os investimentos. E os decisores políticos que não decidiram sobre o novo aeroporto”, aponta José Lopes, durante uma conferência de imprensa esta terça-feira em Lisboa. Deixa, por isso, o apelo: “É preciso que a ANA e a NAV façam investimentos que permitam uma utilização mais eficiente dos recursos que temos.”

Uma das situações que está por desbloquear é a saída rápida da pista, que permite às aeronaves libertá-la rapidamente. A primeira fase da obra está concluída, mas a NAV não permite ainda o uso desta opção, que permitiria melhorar a pontualidade no Humberto Delgado. Uma decisão contra “a opinião das companhias aéreas e da ANA”, diz José Lopes.

A entidade responsável pelo controlo aéreo vai instalar novos sistemas que obrigarão a reduzir a capacidade do aeroporto de Lisboa em outubro e novembro. Um timing contestado pelo diretor-geral da Easyjet: “Há uma série de investimentos que vão avançar agora e que podiam ter sido feitos numa altura em que o tráfego estava deprimido, sem um impacto negativo para os passageiros e a operação.”

Outra decisão que já deveria ter sido tomada é a localização da nova infraestrutura aeroportuária da região de Lisboa. José Lopes apela a uma decisão “o mais rapidamente possível, que reúna consenso e seja uma solução para o futuro”, permitindo continuar a desenvolver o aeroporto “por 70 ou 80 anos e não apenas por alguns”.

A preferência do diretor-geral da companhia britânica vai, por isso, para Alcochete, opção que permite “desenvolver um projeto de raiz, que tenha capacidade para receber as novas energias limpas, mais automatizado e que melhore a experiência do passageiro”.

O verão “vai ser difícil”, antecipa José Lopes. A Easyjet teve já de cancelar voos na Europa devido à redução de capacidade de alguns aeroportos onde o handling não está a conseguir dar resposta por falta de recursos humanos. Mas o responsável diz que em Portugal o impacto é quase nulo: “tivemos de cancelar oito voos” para o verão, assegura.

Em Portugal, a dificuldade tem estado no SEF, onde a empresa é afetada sobretudo pelos voos com origem no Reino Unido, por estar fora do espaço Schengen. “Os problemas têm sido felizmente só à chegada, porque a operação pode continuar a fluir. Se for à saída já pode afetar a operação”. José Lopes salienta, no entanto, o impacto negativo na imagem para os turistas. “Aquele é o cartão de visita do nosso país e podemos estar a fazer com que não volte”.

A Comissão Europeia anunciou a 16 de junho que a Easyjet tinha ficado em primeiro lugar no concurso para a atribuição de 18 slots (faixas horárias diárias) da TAP no aeroporto de Lisboa. O outro concorrente era a Ryanair.

A cedência dos slots pela companhia aérea portuguesa foi um dos compromissos assumidos perante a Comissão Europeia para viabilizar o auxílio de Estado de 3,2 mil milhões euros, parte deles em compensações pelos prejuízos provocados pela pandemia. O remédio visou “mitigar possíveis distorções indevidas da concorrência criadas pelo auxílio à reestruturação que recebeu de Portugal, aprovado pela Comissão em dezembro de 2021”, explicou Bruxelas.

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