“O PSD não vai ser muleta do Governo” no novo aeroporto. A primeira resposta de Montenegro a Costa

  • ECO
  • 1 Julho 2022

Luís Montenegro não fecha a porta a discussões com António Costa, mas garante que não será "muleta do Governo" na opção para o novo aeroporto. Congresso do PSD termina no domingo.

O PSD não vai ser a muleta do Governo, mas sabe e reconhece que país e Lisboa precisam de reforçar capacidade aeroportuária e suprir insuficiências que existem e prejudicam interesse nacional”, afirmou Luís Montenegro no seu primeiro discurso como líder eleito do PSD. No 40º congresso do partido, Montenegro foi claro sobre a crise política que quase levou à demissão do ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos. Foi a “mais inusitada, da mais estranha e da mais mal explicada briga entre um primeiro-ministro e um ministro de toda a história democrática”.

Luís Montenegro admite que Costa deu “nota pessoal” sobre a disponibilidade para um consenso sobre o aeroporto, mas assegurou que o líder do PSD “não trata este tema com ligeireza”. E fará essa comunicação em primeiro lugar ao primeiro ministro.

O presidente eleito do PSD, ainda assim, não poupou António Costa, nomeadamente porque havia um acordo com Rui Rio para avançar para uma nova Avaliação Ambiental Estratégica para três opções sobre o futuro aeroporto, e que agora não se sabe se se mantém ou se fica em causa, como anunciou Pedro Nuno Santos com base num despacho que foi, depois, revogado. “O líder do PSD mudou, mas o PSD é o mesmo”. “As decisões de Rui Rio são as minhas decisões e as decisões do PSD”, afirmou Montenegro. “O que vai fazer com o concurso público que já tinha adjudicação? Com a revogação do despacho o concurso tem que ir até ao fim”, aponta Luís Montenegro.

Luís Montenegro exige explicações sobre o que não foi feito: “O que é que o Governo andou a fazer sete anos para se estar no mesmo sítio” no tema do novo aeroporto?” “Como é que Governo quer ser levado a sério quando o primeiro-ministro diz estar à espera de um partido para decidir e o Governo tinha uma decisão completa e publicou? Como é que podemos levar a sério um primeiro-ministro que diz que não tinha conhecimento sobre o conteúdo do despacho?”, questionou. “Ninguém acredita que foi um erro de comunicação”, conclui Luís Montenegro.

O novo líder do PSD aproveitou, claro, a crise e as divergências entre o primeiro-ministro e o ministro das Infraestruturas. “Acho que Pedro Nuno Santos finalmente conseguiu pôr as pernas a tremer a alguém, ao primeiro-ministro. Não há explicação para continuar no Governo”.

Vêm aí os estados gerais do PSD

No primeiro discurso como líder eleito do PSD, Luís Montenegro também olhou para dentro, e para as lições que deve retirar dos resultados eleitorais. Para o novo presidente, “algumas coisas têm de estar mal” com o PSD e defendeu ser necessária humildade para “o reconhecer e corrigir”.

Montenegro afastou, de qualquer forma, alguma crítica velada ao seu antecessor, que estava na primeira fila deste congresso no Porto. “Não estou a mandar recados para ninguém, nem quero. Proponho que possamos acertar como ponto de partida o seguinte: não são os eleitores que estão errados, somos nós que não estamos a conseguir convencer”, defendeu.

Montenegro defendeu que o partido tem de se modernizar e “estabelecer uma relação de maior afinidade com as pessoas” e deixou uma promessa. “Eu serei a locomotiva dessa relação direta com as populações e os territórios e a partir de setembro passarei todos os meses uma semana num distrito de Portugal. Vou estar em contacto com a realidade económica, institucional, social de todos os distritos do país e das regiões autónomas”, assegurou.

Antes, tinha prometido, sem medo das palavras, uma reedição dos estados gerais do PS. Montenegro quer recuperar a “velha moda do PPD” e apresentar, com dois anos de antecedência, o programa eleitoral e explicá-lo aos portugueses. A base programática do programa às legislativas deverá ser resultado do “movimento acreditar”, os estados gerais do PS, que Montenegro quer lançar, “em diálogo com a academia e as instituições”.

Num discurso de quase uma hora, que sucedeu à intervenção de despedida de Rui Rio como líder do partido, Luís Montenegro passou em análise o estado do país, a crise na saúde, o peso dos impostos, e o aumento da pobreza relativa do país. “Tivemos legislativas e o povo deu mais quatro anos de poder ao PS. Nos últimos 27 anos, o PS governou 20 anos; com estes quatro, em 31 anos, o PS vai governar 24 anos. No final da legislatura será cada vez mais difícil recordar a grande década de desenvolvimento social e económico do país, com Cavaco Silva”, realça o novo presidente social-democrata.

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