Banco de Fomento cobra até 9,5% de juros a Mário Ferreira

  • ECO
  • 6 Julho 2022

O Banco de Fomento aprovou um financiamento de 40 milhões à Pluris para capitalizar o negócio de cruzeiros. Empresário revela que o custo da operação vai de 2,5% até 9,5% no período do empréstimo.

O financiamento de 40 milhões de euros do Banco de Fomento à Pluris, uma sociedade de Mário Ferreira, tem um juro até 9,5%, mais a euribor a seis meses, revelou o empresário num post no Facebook, em resposta às notícias sobre a operação, anunciada há dias. “Fomos selecionados para receber esse empréstimo totalmente reembolsável e a pagar juros que iniciam com spread de 2,5% e vão até aos 9,5%, mais taxa Euribor a 6 meses. Foi um dos processos mais difíceis e formais de elegibilidade de financiamento de quadros comunitários pelo qual a nossa empresa passou“, escreve o empresário, que é dono da Douro Azul e da TVI.

O Banco de Fomento revelou, no final da semana passada, que aprovou as candidaturas de 12 empresas ao Programa de Recapitalização Estratégica do Fundo de Capitalização e Resiliência (FdCR) no valor de quase 77 milhões de euros, de um total disponível de 400 milhões.

Este fundo tem por objetivo colmatar a “delapidação” de capitais próprios durante a crise gerada pela pandemia. E entre as empresas selecionadas, está precisamente a sociedade de Mário Ferreira, para capitalizar os investimentos no setor turístico e particularmente nos navios de cruzeiro. A revelação do valor da operação — 10% do total do fundo — e o facto de ser a sociedade que tem acesso ao maior volume de empréstimo, motivou reações negativas e a sugestão de um benefício político porque Mário Ferreira é dono de um grupo de comunicação social, a Media Capital. O BE anunciou já que vai chamar ao Parlamento a (ainda) presidente do Banco de Fomento, Beatriz Freitas para explicar a operação.

Em resposta na sua página pública no Facebook, Mário Ferreira revela alguns detalhes da operação. “Só após se terem cumprido com um conjunto infindável de requisições e imposições – processo que em momento algum controlamos ou temos alguma ingerência – é que nos é comunicado (assim como às demais poucas empresas que igualmente passaram pelo crivo da elegibilidade por mérito próprio) que fomos selecionados para receber esse empréstimo totalmente reembolsável e a pagar juros que iniciam com spread de 2,5% e vão até aos 9,5%, mais taxa Euribor a 6 meses“.

Mário Ferreira admite que a “a Pluris teve resultados negativos em 2020 e 2021, de 57 milhões de euros” por causa da Covid e da paragem da atividade de cruzeiros. “É sabido que o secor foi e está ainda a ser bastante afetado pela pandemia e agora pela guerra“, escreve o empresário. E garante que “a empresa investiu em Portugal, desde 2016, um total de 516 milhões de euros, dos quais, com esforço, investiu 272 milhões no período Covid 2020, 2021 e 2022“.

Segundo Mário Ferreira, “o Grupo Pluris consolida investimentos em 40 empresas, a participação na Media Capital é apenas uma, e das mais pequenas, e o grande setor onde a Pluris tem investimentos, como é sobejamente conhecido, é no setor Turístico e, em particular, no setor Náutico, cruzeiros de rio e de mar em todo o mundo. Em maio de 2019 integramos um aumento de capital de 250 milhões de euros por venda de 40% da área náutica, a um fundo americano“.

O empresário rejeita também qualquer associação desta operação aos media. “Para que não existam dúvidas, o grupo media capital é hoje o grupo mais bem capitalizado da indústria dos media em Portugal e felizmente não precisa, nem vai precisar de capital adicional, muito menos aceitará qualquer financiamento público”. Recentemente, a Media Capital vendeu o negócio das rádios a um grupo alemão, encaixou cerca de 70 milhões de euros e logo a seguir anunciou um dividendo extraordinário de 10 milhões.

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