Abandono do ensino superior sobe entre alunos do primeiro ano de curso

  • Lusa
  • 16 Julho 2022

À exceção dos mestrados integrados, todos os outros cursos aumentaram casos de alunos que largaram os estudos durante o primeiro ano. Desemprego atinge mais quem frequentou estabelecimentos privados.

Os alunos que abandonaram os estudos um ano após terem iniciado um curso no ensino superior aumentaram em 2020/2021, segundo dados da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), que apontam para um crescimento de quase dois pontos percentuais nas licenciaturas.

À exceção dos mestrados integrados, todos os outros cursos registaram um aumento de casos de alunos que abandonaram os estudos durante o primeiro ano. Esta é uma das informações que está disponível a partir deste sábado no portal Infocursos, que disponibiliza dados e estatísticas sobre cursos superiores.

No ano letivo de 2020/2021, quase um em cada quatro estudantes (24,4%) que tinha ingressado num curso técnico superior profissional (CTeSP) já não se encontrava no sistema de ensino superior nacional um ano após ter iniciado o curso. No ano anterior, a percentagem era de 18,7%, ou seja, 5,7 pontos percentuais abaixo.

Entre as licenciaturas, a percentagem dos que saíram do sistema durante o primeiro ano foi de 10,8%, quando no ano anterior tinha sido de 9,1%. Nos mestrados de 2.º ciclo, a percentagem de desistência aumentou 0,2 pontos percentuais, atingindo os 16,2% no passado ano letivo. Apenas os mestrados integrados mantiveram a taxa de abandono (3,7%) nos dois últimos anos em análise.

Numa análise feita pela Lusa aos dados da DGEEC, destacam-se onze cursos de mestrado de 2ª grau e um curso técnico superior profissional (CTeSP) em que todos os alunos acabaram por abandonar os estudos um ano após terem ingressado.

Todos estes cursos tinham muito poucos alunos inscritos. Entre os cursos de mestrado em causa estão o de Arquitetura, Paisagem e Arqueologia, da Universidade de Coimbra (UC), Direito e Prática Jurídica Europeia, da Universidade de Lisboa, assim como os cursos de Ciências da Educação – Educação Especial e de Ciências da Educação – Administração e Organização escolar, ambos da Universidade Católica Portuguesa.

Os dados da DGEEC estão disponíveis no site do Infocursos com informações sobre “4.022 pares estabelecimento/curso ministrados em 279 estabelecimentos/unidades orgânicas de ensino superior”. A data de referência das estatísticas apresentadas é o ano letivo 2020/21, mas os dados permitem perceber a evolução desde 2015.

Desemprego diminuiu entre recém-licenciados

Por outro lado, o desemprego diminuiu entre os recém-licenciados no passado ano letivo, segundo dados da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), que apontam para uma redução de 5% para 4% num ano.

A percentagem de recém-diplomados dos cursos de licenciatura e mestrado integrado que se encontravam inscritos no Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) como desempregados no ano letivo passado era de 4%, segundo os dados divulgados neste portal.

Segundo uma análise feita pela Lusa aos dados da DGEEC, no ano letivo passado havia 37 cursos sem nenhum aluno recém-licenciado inscrito no IEFP. Nesta lista destacam-se as áreas da saúde – cursos de Medicina, Farmácia e Bioquímica, assim como cinco cursos de enfermagem – mas também de Engenharia Geoespacial, ou da Dança, da Faculdade de Motricidade Humana.

Já olhando para os cursos com as taxas mais elevadas de desemprego surgem três com uma taxa igual ou superior a 17%: o curso de Turismo, da Universidade Católica Portuguesa (17,6%), seguindo-se o de Marketing, do Instituto Politécnico de Bragança, e o de Turismo (17,2%), da Escola Superior de Tecnologias de Fafe (17%).

Numa comparação entre os alunos que frequentaram estabelecimentos de ensino públicos e os de privados, nota-se que o desemprego atinge mais os segundos. Se a percentagem de desempregados entre os recém-diplomados de instituições públicas foi de 4% no ano passado, entre os ex-alunos de instituições privadas a percentagem sobe para 4,8%. Analisando os dados dos últimos sete anos, o desemprego afetou sempre mais os alunos que estudaram em instituições privadas.

(Notícia atualizada para retirar a menção ao curso de Materiais Avançados e Reciclagem Inovadora, da Universidade Nova de Lisboa, com a NOVA School of Science and Technology a alegar que “a própria natureza do curso envolve a não renovação da inscrição para um segundo ano, transitando o aluno para outra faculdade parceira)

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