Grupo franco-suíço constrói “fábrica de luxo” para 400 pessoas na Covilhã
Produtora de acessórios e artigos de luxo para marcas como Cartier, Tiffany, Montblanc ou Dior investe em nave industrial de sete milhões na Beira Baixa, prevendo exportar 15 milhões de euros em 2023.
O grupo franco-suíço FM Industries – Sycrilor, especializado no fabrico de acessórios e produtos de luxo para marcas como a Cartier, Tiffany, Montblanc, Louis Vuitton, Dior e Hermès, está a acabar de construir uma nova nave industrial no concelho da Covilhã, que representa um investimento superior a sete milhões de euros e que terá “capacidade para cerca de 400 pessoas”.
Segundo adiantou ao ECO a diretora financeira e administrativa da Mepisurfaces, a empresa que criou em 2013 para começar a operar em Portugal, o início da mudança para estas novas instalações industriais, construídas de raiz no Parque Industrial do Tortosendo, está programado para o final de setembro, prevendo “ter tudo instalado e a funcionar entre finais de 2022 e janeiro de 2023”.
“Já realizámos também parte do investimento em novos equipamentos e implementámos as atividades de maquinação, polimento por vibração, gravação laser, galvanização e montagem final”, detalhou Valéria Fonseca. A gestora reclama que “as metas futuras passam por tornar a Mepisurfaces numa empresa [de referência] no setor, virada para o futuro, sustentável e socialmente responsável”.
O nosso volume de negócios tem vindo sempre a aumentar. Em 2021 foram nove milhões e a previsão para 2023 será chegar aos 15 milhões de euros.
Esta nova fábrica foi alvo de um contrato fiscal de investimento com a AICEP, assinado no final do ano passado, que prevê um crédito fiscal máximo de 593 mil euros, a título de IRC. Na lista de pressupostos constava a criação de 55 postos de trabalho e a manutenção de outros 107. Atualmente com perto de 250 trabalhadores, já é “uma das maiores empregadoras da Covilhã e [quer] ser um dos motores de mudança e desenvolvimento deste concelho” do distrito de Castelo Branco.
Com a equipa ainda concentrada no Parque Industrial do Canhoso, a empresa que trabalha para as principais marcas de luxo a nível mundial produz cerca de 150 mil peças por semana, no conjunto das atividades. O volume de negócios cresceu de 5,7 milhões em 2020 para nove milhões de euros em 2021. E no próximo ano, que será o primeiro após este investimento fabril, a diretora financeira espera que a faturação ascenda aos 15 milhões de euros.
Do polimento de metais a “investimento chave”
Fundada em 1992, com sede repartida entre Vercel (França) e Le Noirmont (Suíça), o grupo FM Industries – Sycrilor é conhecido a nível internacional pelo fabrico de artigos metálicos de “grande qualidade e de alta precisão”. Com uma fábrica também em Marrocos (Meknès), trabalha para diferentes setores de atividade, como os acessórios de marroquinaria de luxo, a joalharia, a relojoaria ou os instrumentos médicos, além de ter clientes das áreas do lazer e da indústria.
Foi em 2013, com Portugal ainda a executar um programa de assistência financeira negociado com a troika, que este grupo franco-suíço decidiu criar a Mepisurfaces e instalar uma pequena unidade neste concelho da Beira Baixa, que integrava cerca de 50 colaboradores e tinha como única atividade o polimento de metais.
Mas com as encomendas e o volume de negócios a aumentar, foi já com esta nova gerência que, recorda Valéria Fonseca, “houve a necessidade de expandir a atividade”. O grupo adquiriu uma outra empresa do Fundão, aumentou o efetivo com mais perto de duas dezenas de funcionários e começou a trabalhar em exclusivo para a exportação. Há cinco anos, mantendo-se na mesma zona industrial covilhanense, mudou-se para um pavilhão “à medida e adequado às necessidades específicas” da sua atividade.
“A Mepisurfaces tornou-se no investimento chave do grupo com o objetivo de ser a empresa de referência do grupo e a única onde todo o processo produtivo estivesse implementado”, resume a diretora financeira e administrativa. Já para construir esta nova unidade, foi autorizada a abater mais de uma centena de sobreiros, compensados pela “arborização com sobreiro numa parcela com cerca de 1,85 hectares na Mata Nacional da Covilhã, no interior do Parque Natural da Serra da Estrela”.
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