Seguradoras nacionais quase sem exposição à guerra na Ucrânia

  • ECO Seguros
  • 10 Agosto 2022

A exposição, direta e indireta, das seguradoras nacionais aos intervenientes no conflito no leste europeu é muito reduzida, mas o contexto económico global associado à guerra traz efeitos colaterais.

A exposição direta e indireta das empresas de seguros nacionais aos países envolvidos no conflito no leste europeu (Rússia e Ucrânia) é reduzida. No final de 2021, a exposição direta era de apenas 0,04% do total dos ativos em carteira (19,1 milhões de euros), revela o último “Relatório de Estabilidade Financeira do Setor Segurador e dos Fundos de Pensões” da ASF, a entidade supervisora do setor.

Também é pequena a representatividade dos países envolvidos no conflito no que respeita à exposição indireta detida por empresas de seguro através de fundos de investimento (0,07% das exposições a estes fundos), o equivalente a cerca de 9 milhões de euros, salientando-se que 85,3% dessas exposições correspondem a ativos afetos a seguros ligados, em que o risco é assumido pelos tomadores de seguros e beneficiários, o que, nota a ASF “limita os potenciais impactos da performance destes títulos para as empresas de seguros”.

Refira-se ainda que a exposição direta das seguradoras nacionais à Rússia desceu para 0,02% do total de investimentos, devido sobretudo à desvalorização dos títulos de dívida em carteira. Estes ativos, que constituem a carteira não afeta a seguros de vida ligados, foram classificados na qualidade creditícia mais baixa, traduzindo-se no risco de crédito mais elevado.

Por outro lado, refira-se que, no que respeita às exposições indiretas aos países envolvidos no conflito, os emitentes da Rússia representam 86,7% das exposições, os da Ucrânia 11,7% e os da Bielorússia 1,5%. Estas exposições indiretas concretizam-se em investimento indireto em ações (47,2%), dívida pública (28,7%) e dívida privada (23%).

Fundos de Pensões

No que respeita aos fundos de pensões, a exposição aos países envolvidos no conflito é ainda menor: 0,002% do total de investimentos (431,3 mil euros) no final de 2021. “À semelhança do setor segurador, estas exposições correspondem a dívida privada Russa, estando distribuídas por dois fundos de pensões distintos, notando-se, no entanto, que no total das respetivas carteiras estas exposições apresentam alguma materialidade”, refere o relatório da ASF.

As exposições indiretas dos fundos de pensões também são muito pequenas, correspondendo a 0,1% dos ativos detidos através de fundos de investimento – cerca de 3,3 milhões de euros. Larga parte desta exposição indireta dos fundos de pensões (mais de 70%) corresponde a títulos de dívida russa.

…E os derivados em carteira?

No atual contexto de grande volatilidade de commodities nucleares, como a energia e bens alimentares e subida das taxas de juro, ganham relevância os derivados detidos em carteira pelo setor, tendo em atenção que aqueles fatores poderão gerar problemas de liquidez.

O impacto dos produtos derivados nas carteiras do setor é mínimo. De acordo com a ASF, “no âmbito do setor segurador, no final de 2021, o valor de mercado dos derivados detidos em carteira representava menos 0,1% do total de ativos (menos 43,8 milhões de euros), enquanto o mesmo valor, no primeiro trimestre de 2022, decresceu para menos 0,02%. A representatividade dos derivados é ligeiramente superior quando considerada apenas a carteira de ativos afetos a seguros unit-linked, sendo o valor correspondente a dezembro de 2021 e a março de 2022, de 1,5% e 1,01%, respetivamente.

Também na área dos fundos de pensões o impacto dos derivados é pouco significativo. A exposição a derivados era, no final do último ano, de 25,2 milhões de euros, 0,11% do total.

Impacto direto e efeitos secundários

Face aos números a ASF conclui que “os impactos mais imediatos decorrentes da invasão da Rússia à Ucrânia não afetaram, de forma material, as carteiras de investimento dos setores segurador e de fundos de pensões nacionais”.

Quer a exposição direta e indireta quer a exposição a derivados por parte de seguradoras e fundos de pensões é, em suma, quase irrelevante.

No entanto, os efeitos de chamada “segunda ordem” podem fazer-se sentir negativamente, afetando as carteiras de investimento e a reavaliação do risco e do valor dos prémios. Em particular, a exposição a emitentes soberanos, que poderão ser vítimas da instabilidade financeira global, a qual, face à fragmentação de mercados e à incerteza dos investidores quanto à sustentabilidade da dívida pública, pode fazer ressurgir uma crise da dívida titulada pelos estados.

 

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