ANTROP avisa que sem apoios “pode deixar de haver transportes públicos”
"Nunca haverá aumento de tarifas, porque as tarifas são definidas pelo Governo, mas o que pode é deixar de haver transporte, por falta de saúde e robustez financeira dos operadores”, avisa ANTROP.
O presidente da Associação Nacional de Transportadores Rodoviários de Pesados de Passageiros (ANTROP), Luís Cabaço Martins, avisou esta terça-feira que “pode deixar de haver transporte público” se não forem implementadas medidas excecionais e estruturais para ajudar os operadores.
Em declarações aos jornalistas em Esposende, distrito de Braga, à margem do 6.º Encontro Nacional das Autoridades de Transportes, Cabaço Martins defendeu que é crucial a atualização da remuneração dos operadores, tendo em conta a inflação e a variação dos custos com os combustíveis e com o pessoal. “Tem de haver ajustamento da atualização da remuneração, sob pena de haver operadores que vão começando a não ter capacidade de responder às necessidades de transporte das populações”, referiu.
O presidente da ANTROP lembrou que, em 2022, a atualização da remuneração aos operadores se situou em 0,57%, “quando houve aumentos dos custos de pessoal na ordem dos 7% e de combustíveis quase a atingir os 20% e a inflação está nos valores que sabemos”.
“Nunca haverá aumento de tarifas, porque as tarifas são definidas pelo Governo, mas o que pode é deixar de haver transporte, por falta de saúde e robustez financeira dos operadores”, alertou. Para a ANTROP, a solução passa, desde logo, pelo prolongamento das medidas adicionais de apoio para fazer face ao sobrecusto dos combustíveis, que estão previstas apenas até ao final de setembro.
“Achamos essencial alargar até ao final do ano as medidas”, referiu Cabaço Martins, defendendo ainda o aumento do valor, “porque o sobrecusto é muito elevado e, neste momento, o apoio reduz-se a cerca de um quarto daquilo que é o sobrecusto”. Por outro lado, a ANTROP reivindica “medidas estruturais, que levem à sustentabilidade do setor dos transportes públicos no futuro”.
Entre essas medidas, a associação aponta a “adequada remuneração” dos operadores, com uma fórmula que “tem de incluir obrigatoriamente não só a inflação, mas também a variação dos custos com os combustíveis e com o pessoal”.
Outra medida é a atribuição do gasóleo profissional aos operadores de transporte público de passageiros, que, segundo Cabaço Martins, “é uma reivindicação antiga que existe já em muitos países da União Europeia e que não faz sentido nenhum não existir em Portugal”.
Para o dirigente da ANTROP, essa é uma forma de garantir uma “diferenciação positiva” do transporte púbico relativamente ao transporte individual. Cabaço Martins defende que o não aumento das tarifas tem de ser acompanhado da correspondente compensação aos operadores. “Se o Governo entende que não deve aumentar as tarifas por razões sociais ou manter o tarifário baixo, tem de encontrar mecanismos de atualização da remuneração dos operadores”, exigiu.
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