10 anos de Portugal Ventures. Qual o futuro do empreendedorismo?

  • ECO
  • 15 Setembro 2022

A Portugal Ventures celebra dez anos de existência e festejou com um evento onde reuniu a equipa e outros parceiros para falarem sobre o passado, o presente e o futuro do empreendedorismo.

No dia em que celebrou o 10º aniversário, a Portugal Ventures decidiu reunir toda a sua comunidade no Terminal de Cruzeiros de Leixões num evento cujo mote era “Celebrar o Passado, Sublinhar o Presente e Perspetivar o Futuro” do empreendedorismo.

Durante estes dez anos, esta capital de risco já investiu 181 milhões de euros em 190 novas empresas. O principal foco de investimento da Portugal Ventures (PV) incide em startups com capacidade de internacionalização nas áreas de Digital, Engenharia & Indústria, Ciências da Vida e Turismo.

A abertura da festa de aniversário ficou a cargo de Teresa Fiúza, vice-presidente executiva da Portugal Ventures, que começou logo por dizer que “ser empreendedor é nunca desistir” e enfatizou, por isso, a coragem daqueles que não se conformam, já que, nas suas palavras, são essas pessoas que “fazem avançar o mundo”.

A responsável realçou, ainda, a crise de confiança que se está a atravessar atualmente, fruto de todos os acontecimentos recentes, como a pandemia e a guerra na Ucrânia, que mostraram o quão imprevisíveis os tempos podem ser. Ainda assim, Teresa Fiúza afirmou que “as crises também podem ser oportunidades” e acrescentou, por isso, que “o investimento não será nunca suficiente, mas é fundamental”.

Luísa Salgueiro, presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, também marcou presença nesta cerimónia, na qual anunciou que tinha acabado de assinar o protocolo de admissão aos ignition partners da Portugal Ventures. “É importante ter entidades como a Portugal Ventures para ajudar empresas, mas também é importante ter um governo cooperante“, disse.

A mesma opinião foi partilhada por Rita Marques, secretária de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, que deixou claro que “do lado do governo tem que haver a responsabilidade de continuar a criar condições para a Portugal Ventures continuar a atuar”. “Sem a PV não tinha havido os níveis de empreendedorismo que hoje estamos habituados a falar. A PV investe e acaba por trazer outros investidores onde investe porque instiga confiança”, continuou.

Um desses parceiros investidores é o Banco Português de Fomento (BPF), que também esteve representado no evento pelo seu CCO, Tiago Simões de Almeida. O responsável do BPF explicou a importância da sinergia entre o banco e a Portugal Ventures: “A PV é um dos parceiros estratégicos do BPF, isto porque o BPF investe em empresas através de outras entidades e essa atividade acaba por ser complementada pela Portugal Ventures“.

Passado, presente e futuro do empreendedorismo

Com o mote “Celebrar o Passado, Sublinhar o Presente e Perspetivar o Futuro”, Rui Ferreira, CEO da Portugal Ventures, acabou por destacar todas as entidades que já fizeram parte da história da PV e que contribuíram para o seu desenvolvimento, ao mesmo tempo que realçou a resiliência da empresa que, segundo ele, apesar de todas as crises que atravessou, conseguiu continuar a deixar o seu legado e a contribuir para o sucesso de, agora, grandes empresas.

Depois de ter destacado o trabalho da PV e a importância do mesmo para a economia nacional, o CEO da Portugal Ventures introduziu o painel de oradores que iria levar a cabo três talks sobre empreendedorismo. Esse painel era constituído por Francisco Banha, CEO da GesEntrepreneur, que explicou as origens do empreendedorismo, Virgínia Trigo, investigadora associada da ISCTE-IUL, que destacou os clusters de inovação e, por fim, o professor Miguel Duarte, da Nova SBE, que falou sobre o futuro do ecossistema empreendedor.

Nem sempre se chamou empreendedorismo ao empreendedorismo. Até chegar onde está agora, “o ato de empreender passou por diferentes fases de evolução”, explicou Francisco Banha. Essa evolução levou a que vários termos fossem surgindo dentro da área para explicar inovações que, até então, não existiam.

Na sua intervenção, Virgínia Trigo abordou um desses novos termos, nomeadamente os clusters de inovação. “Os clusters de inovação (CI) não foram os primeiros de que se ouviu falar. Eles começaram a aparecer para explicar fenómenos que resultam de aglomerações económicas, mas que não têm necessariamente indústrias comuns“, explicou.

A investigadora apresentou, ainda, os cinco componentes dos CI – que são as universidades híbridas, os empreendedores, os investidores, as grandes empresas e o governo – e os seus comportamentos-chave. Dentro destes comportamentos, Virgínia Trigo destacou a grande mobilidade de recursos, o processo empreendedor, o alinhamento de interesses, a perspetiva estratégica global e as interações entre clusters de todo o mundo. “A capacidade de sucesso é maior quanto mais ligações os clusters tiverem”, concluiu.

Miguel Duarte, por sua vez, também realçou a importância dessas ligações para o futuro do empreendedorismo. “O futuro começa a construir-se no hoje e deve ser construído como até agora: juntos!”, afirmou. O professor destacou, também, aquilo que considera serem os superpoderes de Portugal para o empreendedorismo, nomeadamente a fidelidade, a coerência, a solidariedade e a colaboração: “É importante apostar no superpoder do ecossistema português, que é o nosso lado humano. O futuro fazemos hoje”.

Perspetiva internacional

Tal como Miguel Duarte, também Teresa Fernandes, diretora da AICEP em São Francisco, considera que Portugal tem muito potencial para as empresas empreenderem. “Têm todas as condições para competir com os melhores”, disse, ao mesmo tempo que também alertava para que se fizessem investimentos com cautela face o período instável que todo o mundo está a atravessar.

Ainda assim, Teresa Fernandes afirmou que Portugal tinha uma grande vantagem, que é o facto de ser uma região que se encontra “mais longe da guerra”, o que o torna um país mais eficiente para investimento. “Há muito capital na Europa para se investir em startups”, afirmou.

Simon Wistow, co-Founder da Fastly, corroborou a ideia da responsável da AICEP, já que afirmou ter pessoas a trabalhar para a sua empresa um pouco por toda a Europa. A empresa, que também tem presença em Silicon Valley, é uma plataforma de criação de conteúdo em cloud.

A sessão terminou com a apresentação de um dashboard da Portugal Ventures (onde, além de ser possível entender como procurar informações dentro do site da PV, também era demonstrado como e onde fazer candidaturas aos investimentos) por Pedro de Mello Breyner, Executive Board Member da Portugal Ventures.

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