Líder da Corticeira Amorim critica “diabolização” das grandes empresas em Portugal
CEO da Corticeira Amorim diz que o país não deve “penalizar as empresas por serem grandes”, a nível fiscal ou no acesso a fundos. Siza Vieira lamenta que patrões não queiram “sócios e prestar contas".
“As grandes empresas têm pouco peso no PIB nacional. Temos de deixar de diabolizar e de [apenas ter interesse em] taxar as grandes empresas; temos é de fazer com que as pequenas e as médias empresas sejam maiores. A dimensão das empresas é um aspeto crítico. É a condição para sermos diferentes e ter mais significado à escala mundial”.
O alerta foi deixado esta sexta-feira por António Rios Amorim, presidente da Corticeira Amorim, para quem “Portugal tem de aproveitar o bom que tem na sua economia e fazer crescer as empresas, e não penalizá-las por serem grandes”. Seja a nível fiscal, seja nos critérios de acesso a fundos públicos, como o pacote de medidas aprovado esta semana pelo Governo.
No congresso Portugal Empresarial, organizado pela Associação Empresarial de Portugal (AEP) na Exponor, o líder da multinacional sediada em Santa Maria da Feira apontou a majoração de 20% no IRC das despesas das empresas com a eletricidade e gás como a ajuda de que poderia beneficiar. Porém, a estimativa de 25 milhões de euros incluída neste plano faz o empresário desconfiar que “no detalhe” possa haver uma exclusão para as empresas de maior dimensão.
"Temos de deixar de diabolizar e de [apenas ter interesse em] taxar as grandes empresas; temos é de fazer com que as pequenas e as médias empresas sejam maiores.”
António Rios Amorim vê nos empresários portugueses uma ambição inicial que os leva a “passar do zero para os 20 milhões [de faturação] a uma velocidade estonteante”, lamentando que depois disso haja uma estagnação. “Uma empresa cujos gestores não tenham disponibilidade para fazer crescer e estão absorvidos pela operacionalidade, não vai conseguir crescer. E se não cresce não tem futuro. As empresas têm de ser células de crescimento, isso tem de estar no seu ADN e no ADN das pessoas que lá trabalham”, resumiu.
Por outro lado, o empresário nortenho reforça que, para esse processo de crescimento, também é necessário um “maior envolvimento do talento nas empresas”, dando perspetivas de evolução de carreira aos colaboradores. Além disso, sublinhou que devem concentrar-se nos “processos de sucessão – e muitas vezes não é substituir um empresário por outro, mas [alterar] o modelo de gestão – e fazer participar mais gente na discussão do risco e das oportunidades”.
Das 400 mil sociedades comerciais no país, só 1.200 não são classificadas como PME. E dentro destas últimas, uma “quantidade muito significativa” só entra neste grupo por ter mais de 250 trabalhadores, pois na verdade têm uma faturação inferior a 50 milhões. Os números foram referidos pelo ex-ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, falando num “bloqueio” que faz com que a maior parte das empresas portuguesas tenham dificuldade em ultrapassar a barreira dos 20 a 25 milhões de vendas anuais.
Há 1.300 milhões para a capitalização e a procura está a ser muito diminuta. Porque não querem capital, sócios e prestar contas, mas subsídios para continuar a existir e com a sua atividade.
“Há instinto empreendedor, mas quando chega a patrão parece que já não o quer ser mais. Tenho a esperança de que a progressiva educação das pessoas também se vá transmitir aos empresários. Dar-lhes outra vontade de crescer, outra ambição internacional. As políticas públicas devem favorecer esse crescimento, mas há na base uma questão cultural e de literacia. Há 1.300 milhões para a capitalização e a procura está a ser muito diminuta. Porque não querem capital, sócios e prestar contas, mas subsídios para continuar a existir e com a sua atividade”, criticou Siza Vieira.
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