BRANDS' ECO Inovação de dentro para fora dentro das empresas

  • BRANDS' ECO
  • 20 Setembro 2022

A 13.ª edição da Conferência Q-day está para breve: dia 21 de setembro, na Culturgest. Falámos com o Administrador da Quidgest sobre os desafios atuais e as tendências do futuro.

A edição de 2022 da Conferência Q-Day é já amanhã, dia 21 de setembro, com o tema “Innovation from Within”. Em entrevista a João Paulo Carvalho, Administrador e co-fundador da Quidgest, fomos saber mais sobre a escolha deste tema, a importância dele para o panorama global atual e de que forma vê a Quidgest o futuro.

A Quidgest foi criada em 1988, e desde então que são pioneiros na área da Inteligência Artificial aplicada a softwares de gestão. Que balanço faz dos últimos 34 anos?

Um balanço necessariamente positivo. Fomos pioneiros na investigação e somos uma escola na utilização de padrões, modelos e inteligência artificial (IA) para o desenvolvimento de software. Temos uma tecnologia extremamente competitiva, o Genio. Construímos um portfólio de produtos bastante completo, nas nossas dez áreas de competência, nas quais oferecemos aos nossos clientes o suporte de equipas muito especializadas. Montamos soluções por composição destes produtos. Implementámos, com sucesso e em co-inovação, estas soluções em centenas de clientes de referência. Mantemos um processo de disponibilização contínua de novas versões, em linha com as ambições do DevOps e da Transformação Digital. Somos uma equipa inovadora, multicultural, experiente, especializada, competente e empenhada. Somos financeira e tecnologicamente sustentáveis. Temos excelentes parceiros. Sem falsas modéstias, só temos de fazer um balanço positivo.

Desde 2009 que a Quidgest promove a Conferência Q-Day. Qual a importância do tema escolhido este ano, inserido no contexto global?

Sim, é a décima terceira edição, o Q-Day já é uma tradição na reentrada pós-férias e temos um conjunto vasto de fiéis conferencistas, que nos honram com a sua presença e as suas sugestões todos os anos.

O tema que escolhemos, este ano, é “innovation from within / inovação a partir de dentro” e decorre da experiência do nosso ecossistema de inovação, incluindo clientes e parceiros.

Porque é este tema tão importante?

O digital é a revolução tecnológica dos nossos dias. A competitividade das nações e das empresas depende da sua capacidade digital. Mas há um problema, e é um problema global. Não existem criadores de soluções digitais em número suficiente para sustentar esta revolução, para assegurar que a tecnologia chega rapidamente a todos os processos que dela necessitam.

Se queremos fomentar a inovação e promover os inovadores, temos de capacitar muito mais pessoas, dentro das nossas organizações, com tecnologias digitais poderosas.

A IA aplicada à geração de software permite a rápida requalificação de um número elevado de pessoas que têm as competências para aprender a modelar, mas não as competências ou a disponibilidade para escrever código.

Aliás, a tese da Quidgest é que, no futuro, saber programar deixará de ser útil, porque a criação de software se fará a um nível mais elevado de abstração, usando padrões para modelar e não código de programação. Esta evolução não é utópica. É a prática da Quidgest e dos seus parceiros há décadas e já se viu a força desta tendência quando os programadores, à exceção de um número muito reduzido de especialistas, deixaram de trabalhar em assembly. O caminho para a abstração, isto é, para o desenvolvimento de soluções de forma mais entendível por humanos e mais distante das máquinas, é inevitável.

A inovação contínua é uma responsabilidade de todos?

Sim, é uma responsabilidade de todos e de cada um de nós. Em último caso, também todos beneficiamos. E, na realidade, há muitas diferentes formas de ser inovador. Cada um pode ser inovador de acordo com a sua personalidade. Descobrir o inovador que há em cada um dos elementos da sua equipa é a primeira responsabilidade de um líder.

E é um processo contínuo. Como dizia Cesário Verde e é lembrado numa estação do Metro, em Lisboa: “Se eu não morresse, nunca, e eternamente buscasse e conseguisse a perfeição das coisas”. Claro que é, também um contraste com o espírito do quiet quitting, que nem sequer é inovador.

Existe alguma fórmula de sucesso para fomentar a inovação de dentro para fora?

Esse será um dos temas em debate no Q-Day 2022. Temos de participar para o descobrir.

A Quidgest tem uma fórmula: maior sucesso depende de um maior número de iniciativas, de um maior número de campeões da inovação e de um tempo mais reduzido de implementação das inovações. E, em relação à inovação digital, ajudamos a melhorar estes três fatores. No Q-Day, vamos explicar como.

Os conferencistas vão certamente avançar com outras fórmulas e diferentes perspetivas. Por exemplo, baseadas na liderança ou na gamificação. É possível inventariar um conjunto de práticas que têm um efeito positivo na transformação digital: crowdsourcing, self-services, shift-left, balcão único, automação de processos, citizen development, hiper-agilidade, digital twins. São muito mais do que buzzwords.

Por outro lado, sabemos que há fórmulas que resultam precisamente no contrário: a culpabilização dos empreendedores internos que, apesar da sua iniciativa, falham nos seus objetivos; o bullying sobre quem faz, sobre quem mostra mais empenho. A primeira condição para o sucesso é eliminar esta cultura tóxica, neutralizar os neutralizadores.

A partilha de experiências de empresas e organizações que têm liderado a inovação interna, dos desafios que superaram e dos resultados que alcançaram, será certamente enriquecedora.

Qual a importância dos intraempreendedores para as organizações onde trabalham? Que exemplos de sucesso pode partilhar?

Fazem toda a diferença, a ponto de @s intraempreendedor@s se tornarem as verdadeiras vantagens competitivas das suas organizações. Têm orgulho no que fazem, motivam outros a segui-l@s e até desafiam os seus pares a superá-l@s.

Há exemplos muito variados, de acordo com o seu perfil de inovação.

Primeiro exemplo, os divulgadores, que são bons contadores de histórias. As boas histórias propagam-se sozinhas e são a base do crescimento exponencial (growth hacking). Muitas vezes subestimados, os contadores de histórias são essenciais no processo de inovação a partir de dentro. Na verdade, inovar é mais encontrar uma boa utilização (um bom mercado) do que construir um bom produto.

Segundo exemplo, os saltadores de obstáculos, que questionam e ultrapassam os “impossíveis”. Um processo que é muito lento e que sempre se justificou “por ser muito complexo” e que um intraempreendedor decide revolucionar, passando a demorar um centésimo do tempo. A transformação digital permite ganhos desta magnitude (cem vezes) e há inúmeros casos de estudo. A formação de produtores de soluções digitais, com a Academia Genio, é um destes casos.

Terceiro exemplo, os visionários que identificam padrões onde outros não conseguem ver senão problemas. A partir dessa identificação, abstraem de um contexto particular e criam uma solução que resolve aquele problema para sempre. O conceito de Genio decorre desta lógica. Os nossos inovadores internos todos os dias identificam e automatizam padrões. De dados, de negócio, de interfaces, de fluxos de trabalho ou de segurança, entre outros. Todos os dias o Genio tem uma versão ainda melhor.

Quarto exemplo, os inovadores internos capacitados para criar soluções digitais, quer as periféricas, quer as nucleares. Existe um crescente consenso de que a solução para a enorme falta de produtores digitais, em todo o mundo, reside nos citizen developers ou business technologists. Isto é, pessoas que vieram do negócio, não da informática, e que são tão proficientes quanto os informáticos na criação de software. No Q-Day, também vamos mostrar o que os business technologists podem fazer com a modelação e a IA do Genio. Por comparação, muito mais do que com outras tecnologias de desenvolvimento, incluindo o low code ou o RPA. Na Quidgest, os engenheiros do conhecimento, vindos e profundos conhecedores dos negócios, já constituem a maioria dos produtores de novas soluções.

Qualquer funcionário pode ser um intraempreendedor?

Qualquer colaborador ou membro de uma equipa pode ser um intraempreendedor. Se alguém se define como “funcionário”, já pode ser diferente, depende do que está subjacente a essa designação. Quem se limite à execução das suas funções, mesmo que o faça de forma obediente, diligente e inteligente fica aquém do seu potencial e tem uma vida bem mais triste. Como dizia Gary Hamel: “obediência, diligência e inteligência, eu consigo até do meu cão”. A excelência profissional vem de qualidades superiores: iniciativa, inovação e prazer no que se faz.

Muito do segredo do brio profissional está na dinâmica da equipa. Por isso, os círculos de qualidade, os centros de inovação, os laboratórios de experimentação fazem a diferença. Melhor ainda, a afirmação de toda a empresa como uma empresa inovadora, através de uma forte cultura empresarial e de tecnologias adequadas, como o Genio.

Mas ainda temos de trabalhar a compatibilidade destas dinâmicas coletivas da equipa com as novas organizações do trabalho, nomeadamente remoto ou híbrido. Este também é um tema atual, para o Q-Day deste ano.

O que podemos esperar do painel da 13.ª edição do Q-Day 2022?

Em relação à transformação digital, percebemos que todos, em particular os que assumem maiores responsabilidades estratégicas, partilhem algum sentimento de incapacidade quando comparam o que têm, a dura realidade, com o que desejariam ter: “tenho dezenas de projetos em espera”; “tudo leva demasiado tempo a ser desenvolvido”; “tenho excelentes pessoas mas não são programadoras”; “faltam-me cem programadores”; “tornar alguém um produtor digital, não apenas um utilizador ou operador, requereria anos de aprendizagem”…

Ao longo dos painéis desta edição da conferência Q-Day, não colocamos apenas questões, apresentamos também respostas. Experiências, conselhos, ideias, sugestões, boas práticas…

A última coisa que queremos é que aquele sentimento inicial de frustração permaneça no final da conferência. Vamos mostrar que temos respostas adequadas a quaisquer ambições fazendo, de muitos dos inovadores internos, criadores de soluções, génios digitais.

Os eventos da Quidgest são um espaço para antecipar e definir tendências. Como olha o futuro?

É verdade. Se se repetir o verificado em anteriores Q-Days, nos próximos anos o tema “inovação a partir de dentro” vai ser glosado em outras conferências. Será um bom sinal.

Somos otimistas, mas neste momento vemos o futuro com alguma preocupação. A nível mundial, está muita coisa em jogo. O Q-Day de 2021, sobre os objetivos do desenvolvimento sustentável, uma ambiciosa agenda subscrita por todos os países nas Nações Unidas, foi apenas há um ano, mas regredimos enormemente numa agenda comum para a humanidade e para o planeta.

Esperamos que a aventura revivalista seja gorada e que os temas ligados a uma perspetiva humanista global, focada nas pessoas, no progresso, no planeta e na paz voltem a prevalecer. São esses os temas que justificam o Q-Day.

Os temas que, ao longo dos anos, debatemos no Q-Day inscrevem-se num pensamento de progresso humano: sustentabilidade, inovação, ciência, empreendedorismo, desenvolvimento. Naturalmente que vemos com muita preocupação a emergência do direito do mais forte e do bullying nacionalista.

Na transformação digital, as tendências que mais antecipamos são a dissolução da barreira ente a informática e o negócio, a fusão da estratégia digital com a estratégia da empresa; a emergência de novas profissões digitais, já não focadas em código; a substituição dos muitos sistemas obsoletos que ainda sustentam as organizações; a redução drástica dos tempos que medeiam entre a ideação e a entrada em produção das soluções digitais; e a disponibilização contínua, diária, de versões melhoradas das soluções.

Certamente são temas de que voltaremos a falar em próximos Q-Days.

Aos leitores da Eco, uma palavra final: mostrem-nos o que têm feito neste domínio da inovação interna. Conhecer o que já se faz nas vossas equipas reforça a dinâmica da comunidade inovadora. Contamos com a vossa presença e convidem para o Q-Day 2022, em nosso nome, todos os que partilham estas perspetivas.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Inovação de dentro para fora dentro das empresas

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião