IL e BE sugerem interesses partidários no aeroporto de Santarém

  • Lusa e ECO
  • 24 Setembro 2022

Líder do BE acusa o Governo de dar “grande prenda” à Vinci e adiar decisão sobre o novo aeroporto de Lisboa. Já o líder da IL acusou PS e PSD de tomarem conta do aparelho do Estado.

A líder do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, acusou este sábado o Governo de usar estudos para o novo aeroporto como “manobras” para uma “grande prenda à multinacional” francesa que comprou os aeroportos na altura do Governo de direita. Já o Iniciativa Liberal (IL) acusou PS e PSD de tomarem conta do aparelho do Estado e questionou o porquê de Santarém ser opção para o novo aeroporto.

O Governo “agora diz que vai estudar outra vez, o que na verdade já está estudado, e todas estas manobras são, sobretudo, uma grande prenda à multinacional que comprou os aeroportos portugueses ainda no tempo do Governo do PSD e CDS-PP”, acusou a líder do BE.

Catarina Martins reagiu assim, em declarações aos jornalistas, este sábado em Viseu, após uma visita ao Mercado de Produtores, ao anúncio do executivo, esta sexta-feira, da criação da comissão técnica independente para estudar a localização do novo aeroporto.

Segundo defendeu, “não há nenhuma novidade, a não ser aquilo que já se sabia”, já que o Governo andou a dizer “durante tantos anos, que tinha de ser no Montijo, que não podia ser outra coisa que não Montijo” e agora volta a estudar.

Não querem fazer os investimentos que querem fazer no país, estão sempre à procura da solução mais barata e este adiar de tomar de decisões ou de querer tomar decisões do ponto de vista ambiental é inaceitável”, apontou.

Neste sentido, defendeu que “sempre foram estratagemas para fazer a vontade à Vinci, que foi aquela empresa francesa que acabou por ficar com os aeroportos em Portugal” o que, no seu entender, “é um erro, Portugal precisava de ter, naturalmente, uma outra visão”.

“Já se sabe, já há soluções, já houve estudos, enfim, é só atrasar mais porque a Vinci não quer gastar dinheiro”, apontou Catarina Martins, à margem de uma visita a Viseu no âmbito do roteiro climático que o BE está a realizar.

Questionada sobre a reunião entre os líderes partidários do PS e PSD, a propósito do aeroporto, Catarina Martins disse que “não é novidade nenhuma”, uma vez que “o PS, tendo maioria absoluta, foi claro, as negociações são com o PSD”.

Neste sentido, disse que “não é a primeira vez, em momentos em que há um projeto que passa por ultrapassar uma crise através do empobrecimento de quem trabalha” se vê “PS e PSD sentados à mesma mesa” ou seja, “é sempre a mesma estratégia”.

“Face a uma crise o que se faz? É empobrecer quem vive do seu trabalho, é fazer recair sobre quem vive do seu salário, da sua pensão, o peso da crise”, acusou. Ou seja, acrescentou, “o PS está a fazer este caminho e procura e procurará no PSD o conforto para este caminho e o PSD também sempre achou este caminho natural, sempre o defendeu”, sublinhou.

IL acusa PS e PSD de tomarem conta do aparelho do Estado

Já o líder da Iniciativa Liberal (IL) acusou PS e PSD de tomarem conta do aparelho do Estado e questionou o porquê de Santarém ser opção para o novo aeroporto. “Parece que os dois partidos do costume decidem os destinos do país entre quatro anos, entre quatro paredes, como se fossem donos do país. Não são. São donos apenas da responsabilidade do país estar no estado em que está”, acusou também este sábado João Cotrim Figueiredo.

Neste sentido, acrescentou que “são dois partidos que se acham donos do sistema, que tomaram conta do aparelho do Estado e que acham que podem tomar estas decisões sozinhos” quando “são incompetentes tecnicamente”.

“Nem souberam dizer quais são as opções de localização que esta comissão técnica independente irá analisar. Dizem apenas que Santarém será uma delas e eu pergunto exatamente porquê”, questionou.

No seu entender, há duas hipóteses, uma é que “Santarém está a mais de 75 quilómetros de Lisboa, ou pelo menos do aeroporto de Lisboa, e pode estar fora daquilo que é o exclusivo aeroportuário atribuído à ANA” e será um dos motivos.

“Ou é uma forma de retribuir o apoio generoso dos acionistas do grupo Barraqueiro ao PS. Eu gostava de saber qual dos dois motivos é que trouxe a opção Santarém, mais ou menos do nada, para a mesa”, afirmou.

Este responsável político assumiu que ”isto não é uma declaração de suspeições” e acrescentou que se “mais uma vez” se vai “formar uma comissão técnica independente para estudar e decidir uma localização que se faça depressa”.

Cotrim de Figueiredo disse esperar que esta comissão “seja efetivamente independente e que não dependa de interesses partidários, nem imobiliários nas zonas onde vão ser estudadas as localizações” porque “o país não pode esperar”, defendeu.

O líder da IL lembrou que “são 50 anos de atraso numa decisão do aeroporto” e agora, “são mais 15 meses da nova avaliação, são 15 dias só para aprovar a comissão técnica independente e foi mais de um mês entre a primeira e a segunda reunião”.

“Isto é um ritmo em que o PS e o PSD funcionam, portanto, o bipartidarismo em Portugal, é isto”, apontou, enquanto disse, “sem qualquer espécie de falsa modéstia” que “se a IL estivesse a tomar conta deste dossiê já estaria resolvido há muitos, muitos meses”.

Sem apontar um local específico para o novo aeroporto, já que “é um problema técnico”, limitou-se a defender que se o partido que lidera já tivesse “as conclusões técnicas desse trabalho, estaria resolvido há muito, muito tempo”.

João Cotrim Figueiredo disse que vai exigir que o trabalho da comissão “seja suficientemente completo para permitir que a decisão seja definitiva e rápida”, sem que voltem a locais já estudados, porque isso “seria perder tempo”.

“Recordo, esses estudos que estamos a falar, já custaram ao erário público, ao longo dos anos, mais de 70 milhões de euros. Não sei quanto é que este vai custar, sei é que vai custar mais 15 meses, custará, certamente, muito mais dinheiro, e Portugal continua sem uma decisão sobre a localização do aeroporto que servirá a área de Lisboa”, concluiu.

(Notícia atualizada às 13h37 com as declarações do líder da Iniciativa Liberal)

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