Com travão a fundo no consumo, governo conta com o investimento para segurar a economia

O Governo conta com um crescimento de 3,6% do investimento para suportar o crescimento da economia no próximo ano. Taxa de desemprego vai manter-se em mínimos.

O Governo conta com um maior dinamismo do investimento, sobretudo o do Estado, para que a economia cresça 1,3% no próximo ano, compensado a forte travagem do consumo privado. O emprego também vai continuar a aumentar, embora a um ritmo muito baixo.

O cenário macroeconómico do Orçamento do Estado aponta para uma forte travagem da economia, com a variação do PIB a encolher de 6,5% para 1,3%. Segundo o Executivo, a economia vai convergir com a Zona Euro em 2022 e 2023, já que as taxas de crescimento previstas para o bloco são de 3,1% e 0,9%, segundo as últimas estimativas do BCE. A taxa de inflação baixa de 7,4% este ano para 4% no próximo.

O crescimento no próximo ano será suportado pelo investimento (Formação Bruta de Capital Fixo), que acelera de 2,9% em 2022 para 3,6% em 2023. Uma evolução onde “pontuará uma mais forte efetivação dos investimentos previstos no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Já o crescimento do investimento pelas empresas “será impactado pelo aumento da incerteza, pelo aumento dos custos de financiamento e pelo impacto continuado das restrições nas cadeias de produção e distribuição globais nos custos e oferta de materiais e equipamento”.

O desempenho esperado para o investimento ajudará a amortecer a forte desaceleração do consumo privado, que depois de subir 5,4% em 2022 vai avançar apenas 0,7% no próximo ano. Mesmo esta evolução ligeira vai contar com o suporte “das medidas de apoio ao rendimento com efeito no final de 2022 (cerca de 1,5% do rendimento disponível), bem como pelas constantes na proposta de Orçamento do Estado para 2023”. A taxa de poupança deverá estabilizar em níveis inferiores à sua média histórica.

O Governo prevê que o consumo público cresça 2,3% no próximo ano, acima dos 1,8% registados este ano. “A evolução do consumo púbico refletirá, por um lado, a reversão das medidas associadas à mitigação da pandemia de COVID-19 e o abrandamento das despesas com parcerias público privadas; e, por outro lado, a evolução perspetivada para o emprego público”, justifica o relatório do OE 2023.

A procura externa líquida, que este ano terá dado um contributo de 2,2 pontos percentuais para o crescimento da economia, vai ter um contributo negativo de 0,3% no próximo ano, já que as importações (4%) vão ter um crescimento mais forte do que as exportações (3,7%). O Governo espera, ainda assim, “um continuado ganho de quota de mercado”.

O Governo espera ainda que o emprego continue a crescer em 2023, embora com uma variação muito ligeira, de 0,4%. A taxa de desemprego esperada para este ano é de 5,6% (mínimo de mais de uma década), mantendo-se no mesmo nível em 2023, num contexto de “continuado aumento da taxa de atividade e de emprego para níveis historicamente elevados, em que a escassez de força de trabalho nalguns setores tem sido uma constante, antecipando-se que as empresas procurem absorver internamente o choque da desaceleração da atividade económica, ao invés de reduzir a mão-de-obra”. As remunerações por trabalhador crescem 4,6% em 2022 e 5,1% em 2023.

A capacidade líquida de financiamento da economia face ao exterior deverá melhorar de 2022 (0,3%) para 2023 (1,5%), o que resulta, por um lado, de uma “melhoria do saldo da balança corrente (de -1,3% para -1,1%), beneficiando de uma melhoria prevista nos termos de troca, e, por outro lado, de uma melhoria significativa da balança de capital (de 1,6% para 2,6%), decorrente da entrada substancial de fundos europeus referentes ao PRR”.

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