Buscas na GFK por suspeitas de manipulação de audiências televisivas

  • ECO
  • 11 Outubro 2022

A PJ está a fazer buscas na sede da GFK Portugal. Em causa suspeita de adulteração nas audiências televisivas. A empresa liderada por António Salvador reagiu ao final da tarde.

A Unidade de Combate à Corrupção da Polícia Judiciária (PJ) realizou buscas na sede da GFK Portugal, a empresa que mede as audiências televisivas em Portugal, avançou o Correio da Manhã. A informação também foi confirmada pelo ECO junto da Unidade de Combate à Corrupção.

De acordo com a CNN, em causa estão suspeitas de “adulteração dos resultados das audiências de televisão, com consequências diretas no mercado publicitário”.

O crime em causa, sabe o ECO, é ilícito de corrupção no setor privado e está a ser investigado pelo DIAP de Lisboa

A abertura do inquérito foi confirmado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em junho do ano passado, na sequência de uma denúncia sobre a alegada adulteração de audiências televisivas, que foi remetida ao Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP), onde deu origem a um inquérito.

A notícia foi revelada em manchete pelo semanário Tal & Qual, acabado de relançar. “Guerra das audiências a ferro e fogo: ‘Share da televisão de Balsemão na mira das autoridades’”, escrevia o título, sendo depois citado pela TVI. Seguiram-se comunicados e contra comunicados da SIC, TVI e Comissão de Análise de Estudos de Meios (CAEM), os principais interessados na medição de audiências, instrumento que dita o investimento publicitário em televisão.

A Impresa classificava de “absolutamente falsa, de má-fé e lesiva a acusação do Tal & Qual”, reservando-se ao “direito de recorrer aos meios legais ao seu dispor para defender a sua reputação”.

“Tal como o resto do mercado, representado pela CAEM (que agrega anunciantes, agências e meios de comunicação social), exceto, aparentemente, a TVI, confiam no sistema de medição de audiências em vigor, algo que acontecia mesmo durante os anos em que a SIC não foi líder de audiências”.

De seguida, a reação da TVI. “É completamente falsa e sem sentido a acusação feita pelo Grupo Impresa e SIC de que existiu má-fé por parte da TVI”, que se limitou a “noticiar uma investigação da PGR, confirmada oficialmente, como tantas vezes acontece em relação aos mais variados temas e assuntos”.

Também a CAEM, que reúne representantes dos canais, anunciantes e agências de meios, repudiou, “em absoluto” a “tentativa de descredibilizar de forma infundada” o sistema de medição de audiências. A CAEM “sempre envolveu e prestou os devidos esclarecimentos aos seus associados, incluindo todos os operadores de televisão, acerca de todas as questões relacionadas com este tema” e “reitera a sua confiança na idoneidade e credibilidade do sistema de medição de audiências em vigor e na importância de reforçar a sua estabilidade”, afirmou na altura em comunicado.

A GFK é responsável pela medição de audiências televisivas desde 2012. O contrato foi renovado no final de 2020, após ter vencido o concurso internacional lançado pela CAEM para a medição de audiências televisivas até 2025. A proposta da GFK foi aprovada por agências, anunciantes e meios, realçando a Comissão de Análise de Estudos de Meios “o elevado empenho e qualidade técnica das propostas apresentadas nesta consulta. A concurso estavam também a Marktest, a Nielsen e a Kantar Media.

Entretanto, já ao fim da tarde, a GFK reagiu em comunicado às buscas levadas a cabo durante a manhã. “A GfK repudia e lamenta a tentativa, infundada e injusta, de descredibilização do sistema de medição de audiências televisivas, cujo propósito será certamente apurado“, diz a empresa liderada por Salvador. “A GfK tem estado a colaborar com as autoridades, com o objetivo de repor a verdade, reiterando que cumpre, e sempre cumpriu, com total rigor, transparência e idoneidade os serviços de medição de audiências televisivas”, prossegue a empresa, acrescentando que a “conduta da GfK respeita escrupulosamente as obrigações contratuais convencionadas com a CAEM e respetivas especificações”.

A TVI também já reagiu. Em comunicado, a estação da Media Capital diz que “tendo tomado conhecimento que a Polícia Judiciária está a investigar a empresa atualmente responsável pela medição das audiências, gostaríamos de informar que envidaremos todos os esforços para que quaisquer dúvidas sobre a fiabilidade dos processos de medição de audiências sejam rapidamente esclarecidas, para que a publicidade continue a cumprir com eficácia o seu importante papel no funcionamento da sociedade Portuguesa”.

“É do interesse da TVI e dos demais operadores que o negócio da publicidade, principal fonte de financiamento do setor da comunicação social, seja credível aos olhos de todos”, diz a empresa.

(Notícia atualizada às 18h18 com declarações da GFK e da TVI)

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