IATA junta-se à TAP na contestação ao aumento das taxas aeroportuárias
Associação Internacional do Transporte Aéreo pediu a intervenção dos reguladores contra o aumento das taxas aeroportuárias, com a Autoridade Nacional da Aviação Civil na plateia.
A Associação Internacional do Transporte Aéreo (IATA) juntou-se à TAP na contestação à subida das taxas aeroportuárias. Raimonds Gruntins, diretor de Regional Affairs Europe, pediu a intervenção dos reguladores para travar o aumento, esta manhã, durante a Portugal Air Summit, onde também estiveram presentes os CEO da ANA e da companhia aérea.
“É necessária uma regulação forte” perante “o aumento das taxas aeroportuárias”, afirmou Raimonds Gruntins, naquela que é considerada a maior cimeira de aeronáutica da Península Ibérica, numa intervenção que se seguiu à da presidente da Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC), responsável pela aprovação.
O Jornal de Negócios noticiou a semana passada que a ANA, a concessionária dos aeroportos, pretende aumentar as taxas reguladas nos aeroportos nacionais numa média de 10,81% a partir de 1 de fevereiro de 2023. A proposta foi, de imediato, contestada pela TAP. “Esta medida seria desproporcionada, dada a ausência de investimentos significativos nos aeroportos portugueses nos últimos anos e as ineficiências e constrangimentos recorrentes”, afirmou a companhia em comunicado.
O responsável da IATA juntou-se à contestação, pedindo a intervenção do regulador, com o argumento de que “as companhias aéreas precisam de recuperar passageiros e investir”, um esforço que será dificultado pelas taxas mais elevadas.
O tema das taxas não foi abordado pela presidente da ANAC na cimeira que decorre em Ponte de Sor até sábado, mas os constrangimentos nos aeroportos sim. Tânia Cardoso Simões adiantou que foram cancelados 6,1% dos voos realizados entre junho e agosto nos aeroportos portugueses. Uma percentagem que fica ligeiramente abaixo dos 6,6% registados em toda a Europa.
A presidente do regulador afirmou que foram criados grupos de trabalho para lidar com os constrangimentos nos aeroportos durante o verão com as várias entidades envolvidas no transporte aéreo e equipas no terreno. “Os constrangimentos foram diminuindo ao longo do verão”, disse, garantindo que a situação “em nada beliscou a segurança da aviação”. Para 2023, é necessário “encontrar soluções para os problemas que ainda persistem”, referiu.
A presidente da ANAC afirmou que a aviação enfrenta um grande número de desafios, como a atratividade de recursos humanos, a cibersegurança, o crescimento dos drones ou a descarbonização. Sobre esta última salientou que “serão necessários investimentos massivos em tecnologia e uma regulação capaz de gerar eficiência e competitividade“.
Fecho de fronteiras “reduziu a indústria a cinzas”
Raimonds Gruntins foi também muito crítico sobre a decisão dos governos de fecharem as fronteiras durante a pandemia, muitas vezes de forma descoordenada. “Reduziu a indústria a cinzas”, apontou, afirmando que o que aconteceu deve servir de lição para a necessidade de envolver todas as partes interessadas nas decisões.
O diretor da IATA para a Europa também referiu que será necessário um enorme investimento na produção de combustíveis sustentáveis para a aviação, com envolvimento dos governos, de forma a garantir as quantidades necessárias a um preço suportável. Disse também que o Velho Continente precisa de “modernizar o seu espaço aéreo”.
Em Portugal, a NAV está a fazer a renovação tecnológica dos seus sistemas, com a implementação do Top Sky, que deverá estar concluída “a muito breve prazo”, afirmou a presidente, Alexandra Reis. “Vai-nos permitir trabalhar melhor a flexibilidade”, disse a responsável, salientando o papel da entidade na inovação no setor.
O Top Sky permitirá também responder ao desafio da sustentabilidade, garantiu: “É um sistema que, permitindo otimizar as rotas dos aviões, também nos permite poupar combustível e reduzir a pegada carbónica”. “Algumas destas ideias dos aviões elétricos e a hidrogénio” necessitam ainda de “muitos anos” de desenvolvimento e os sustainable aviation fuels têm ainda um “custo muito pesado”, apontou.
Três projetos das agendas mobilizadoras passam por Ponte de Sor
A edição do Portugal Air Summit deste ano será a “maior de sempre do evento, com o aumento do número expositores e de empresas presentes”, afirmou Hugo Hilário, presidente da Câmara Municipal de Ponte de Sor, na abertura.
O autarca destacou também o crescimento do aeródromo do concelho, que conta já mais de uma dezena de empresas, como a Sevenair, a Tekever, a Global Flight Service ou a Aeromec. “O aeródromo de Ponte de Sor é central no nosso território nacional com um espaço aéreo livre de restrições, reúne condições ímpares para a formação de pessoal de voo e a fixação de empresas do cluster nacional”. “É uma referência na criação de emprego, de riqueza, de inovação, a partir do interior do país“, acrescentou.
O autarca sublinhou que o aeródromo tem impacto em três agendas mobilizadoras do Plano de Recuperação e Resiliência. São elas a Aero.Next, para a construção da primeira aeronave ligeira, “o primeiro avião português”; a Neuraspace, dedicada a resolver o problema dos detritos espaciais; e a New Space Portugal, para a produção de microssatélites.
Em declarações à agência Lusa, o vice-presidente da Câmara de Ponte de Sor e responsável pela gestão do aeródromo, Rogério Alves, referiu que o município já investiu 12 milhões na infraestrutura e que a “expansão que está em curso no Centro Empresarial, Aeronáutico e Aeroespacial do Aeródromo Municipal de Ponte de Sor, deverá criar “nos próximos dois anos mais 150 a 200 postos de trabalho”.
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