Bancos portugueses pagam 5 vezes menos que os europeus nos depósitos

A taxa de juro dos depósitos dos bancos europeus é de 0,35%, enquanto os bancos portugueses pagam apenas 0,07%. É o maior diferencial de taxas desde 2012.

Desde junho de 2021 que os bancos europeus têm vindo a aumentar as taxas de juro dos depósitos, passando de uma remuneração de 0,14% para os atuais 0,35%. No caminho oposto têm estado os bancos portugueses, que não só continuam a revelar grande relutância em aumentar a remuneração dos depósitos, como em agosto chegaram inclusive a cortar novamente a taxa de juro.

De acordo com dados do Banco de Portugal, a taxa de juro média dos depósitos até um ano em Portugal é praticamente nula, cerca de 0,07%. Trata-se de um valor cinco vezes abaixo da taxa de juro média dos depósitos europeus. É o maior diferencial de taxas desde dezembro de 2012. Mas não só.

Segundo os últimos dados divulgados pelo Banco de Portugal, até há pouco tempo, a generalidade dos bancos portugueses continuou a cortar a taxa de remuneração dos depósitos até aos 0,04% (maio). E só a subiu por duas ocasiões (junho e julho) até aos 0,09%, valor registado em janeiro de 2020.

os bancos europeus, não só começaram a subir as taxas de juro dos depósitos em meados do ano passado como não deixaram de colocar o “pé no acelerador”. Particularmente desde junho, quando quase duplicaram a taxa de de juro no espaço de três meses, elevando a remuneração dos depósitos para o valor mais elevado desde junho de 2018.

Fonte: Banco de Portugal.

Taxas de juro a duas velocidades

Empresas, famílias e Estado têm enfrentado uma enorme pressão nos seus orçamentos por conta da subida das taxa de juro. No crédito à habitação, a taxa de juro de novas operações superou em agosto os 2%, o valor mais elevado desde 2016; e as empresas confrontam-se já com taxas de 2,75%, 75 pontos base acima da taxa média desde agosto de 2019.

Do lado do Estado, a pressão dos juros é constantemente sentida sempre que o Tesouro vai ao mercado da dívida buscar financiamento. Ainda esta quarta-feira, numa emissão de Bilhetes do Tesouro a 11 anos, Portugal pagou 2,1% quando em maio tinha obtido uma taxa de juro de -0,314% numa emissão semelhante. Nos últimos seis anos, a curva de rendimentos de Portugal registou um aumento médio de 159 pontos base em todas as maturidades.

Em contrapartida, os bancos continuam a mostrar-se bastante reticentes em atualizarem as taxas dos depósitos. Aliás, até há pouco tempo, a generalidade dos bancos continuou a reduzir a taxa de remuneração dos depósitos até aos 0,04% registados em maio, apesar das taxas Euribor terem começado a subir em meados de dezembro de 2021.

Fonte: Banco de Portugal e Reuters.

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