TAP registou prejuízo de 91 milhões até setembro, mas teve lucro de 111 milhões no terceiro trimestre
O terceiro trimestre registou lucros de 111 milhões, revela a TAP, e receitas atingiram os 1,1 mil milhões, acima do mesmo período de 2019. CEO antecipa quarto trimestre positivo.
A TAP teve um prejuízo de 91 milhões de euros nos nove primeiros meses do ano, de acordo com as contas apresentadas pela transportadora ao mercado. Face a 2019, houve uma melhoria de 121 milhões de euros. Um resultado que continua no vermelho, mas, apesar disso, registou 111 milhões de lucro no terceiro trimestre, um valor relevante no momento em que o Governo anunciou a intenção de avançar com a privatização da TAP e já apareceram declarações de interesse de companhias como a Air France/KLM.
A transportadora sublinha que o terceiro trimestre foi “afetado pelas disrupções da indústria”. “A recuperação da atividade afetou a performance operacional das companhias aéreas todo o verão”, diz a TAP no comunicado enviado ao mercado esta quarta-feira. “Os desafios operacionais da TAP são também aumentados pela mudança de software nos sistemas da NAV (TopSky) que reduziu consideravelmente a atividade no aeroporto nas passadas semanas com impacto na regularidade e na pontualidade”, acrescenta.
A companhia aérea sublinha que está “a recuperar mais rapidamente do que a maior parte das comparáveis com receitas fortes no terceiro trimestre”. As receitas ascenderam a 1,11 mil milhões de euros, o que suplanta o resultado obtido em 2019, “um recorde histórico de receitas operacionais, excedendo os níveis pré-crise em 7,5%, o que permitiu à companhia alcançar um desempenho financeiro sem precedentes”, escreve a empresa em comunicado enviado às redações.
Estes resultados positivos podem também ser explicados pelo “efeito positivo da implementação de uma política de cobertura cambial mais abrangente, que também reduziu o impacto cambial dos anteriores trimestres de 2022″. “Esta situação está relacionada com a atual estratégia de gestão do risco financeiro da TAP, que visa reduzir a volatilidade dos impactos das variações cambiais sobre a Demonstração de Resultados”, explica a empresa.
O número de passageiros transportados no terceiro trimestre duplicou face ao período homólogo, “atingindo 85% dos níveis de igual período de 2019”. Isto porque a TAP “operou uma vez e meia o número de voos de 2021, ou 81% das partidas de 2019”.
Nas três principais métricas utilizadas no setor, a TAP supera a Air France-KLM, a IAG e a Lufthansa em termos de tráfego (número total de passageiros multiplicado pelo número de quilómetros voados) e de receitas por passageiro. E nestas variantes a companhia aérea nacional regista uma melhoria de desempenho face ao segundo trimestre. Mas, em termos de capacidade, registou uma quebra de 91% para 88% dos Available seat kilometer face a 2019, ou seja, o número total de lugares disponíveis para venda multiplicado pelo número de quilómetros voados, o que a colocou ao mesmo nível da Air France-KLM.
“A TAP está a confirmar a solidez do seu desempenho no terceiro trimestre, com todas as métricas financeiras acima dos níveis pré-crise, apesar do aumento dos custos de combustível”, sublinha a presidente executiva. O custo com combustível mais do que triplicou, aumentando 269,9 milhões de euros numa base anual para 371,9 milhões. “Apesar de ter gerado um efeito positivo de 15,9 milhões de euros, a estratégia de cobertura apenas conseguiu reduzir de forma marginal o efeito dos preços de mercado do jet fuel mais elevados, que contribuíram com 153 milhões para o aumento do custo com combustível”, explica a empresa ao mercado.
Tanto o segmento de manutenção como o de carga contribuíram para o aumento das receitas com 33,9 milhões de euros e 7,2 milhões, respetivamente. “O segmento de manutenção terminou o terceiro trimestre com receitas de 48 milhões, mais do que 200% face ao terceiro trimestre de 2021, impulsionada pela recuperação geral da indústria. Por sua vez, as receitas no segmento de carga ascenderam a 64,3 milhões, aumentando 12,7%” face ao período homólogo.
Christine Ourmières antecipa quarto trimestre forte
“A procura para o quarto trimestre mantém-se bastante forte, suportando as expectativas de um bom resultado acumulado até final do ano“, acrescenta Christine Ourmières-Widener.
Mas, a empresa aponta um conjunto de “desafios” para o próximo ano como manter as receitas num “ambiente recessivo”, reduzir custos tendo em conta a inflação e aumentar a satisfação do consumidor apesar da infraestrutura restringida pela capacidade.
“A visibilidade para o próximo ano é, no entanto, ainda limitada e, atendendo às incertezas da atual conjuntura, é cada vez mais crucial que mantenhamos o foco no nosso plano estratégico, o qual tem, até agora, provado ser eficaz”, diz a responsável que elenca um caderno de encargos para assegurar o futuro da empresa. “Os próximos passos decisivos a tomar são: levar a cabo discussões produtivas com os nossos parceiros laborais para a criação de Acordos Coletivos de Trabalho mais modernos, melhorar as nossas operações e a qualidade do nosso serviço com o envolvimento de todos os stakeholders, a constante negociação de todos os nossos contratos com terceiros e a cuidada preparação do próximo ano”, diz.
No próximo ano a empresa quer reduzir substancialmente o número de ATR que tiveram uma performance desafiante e aumentar o número de eJets para voar em rotas mais curtas. A TAP acredita que o aumento do número de lugares irá melhorar o desempenho financeiro e a fiabilidade operacional.
(Notícia atualizada com mais informação)
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