Tribunal britânico condena Glencore em 320 milhões por prática de atos de corrupção

  • Lusa
  • 3 Novembro 2022

A Glencore, que se declarou culpada e admitiu factos "indesculpáveis", terá que pagar 280 milhões de libras.

A Glencore, a gigante suíça do comércio de matérias-primas, foi esta quinta-feira condenada por um tribunal britânico a pagar 280 milhões de libras (cerca de 320 milhões de euros), por atos de corrupção em África, num julgamento sem precedentes. A decisão foi tomada pelo Southwark Crown Court, em Londres, após investigação das autoridades britânicas.

Este caso soma-se a outros processos judiciais contra a Glencore nos Estados Unidos e no Brasil. A investigação do Reino Unido, iniciada em 2019, permitiu descobrir que a Glencore, por intermédio de funcionários e agentes, pagou mais de 28 milhões de dólares (cerca de 27,8 milhões de euros ao câmbio atual) para obter acesso preferencial ao petróleo na Nigéria, Camarões, Costa do Marfim, Guiné Equatorial e Sudão do Sul.

Grandes somas de dinheiro eram transportadas em jatos particulares e os atos de corrupção eram tolerados mesmo nos círculos mais altos da empresa. É a primeira vez que uma empresa é condenada no Reino Unido porque a a administração autorizou atos de corrupção e não apenas por ter feito ‘vista grossa’. No total, a Glencore, que se declarou culpada e admitiu factos “indesculpáveis”, terá que pagar 280 milhões de libras.

Este montante inclui nomeadamente 93 milhões de libras (106 milhões de euros) de “confisco” de bens obtidos ilegalmente, um valor recorde para este tipo de sanção, e 183 milhões de libras (209 milhões de euros) de multa, bem como o reembolso de custas judiciais.

Ao proferir o veredicto, o juiz Peter Fraser disse que o que está em causa não são apenas factos criminais, “mas também sofisticados artifícios para ocultá-los, incluindo a retirada de grandes somas de dinheiro para fins declarados legítimos, utilizados para fins de corrupção, como despesas relacionadas com a abertura de um novo escritório”.

O comportamento observado é imperdoável e não tem lugar na Glencore”, disse o presidente da empresa, Kalidas Madhavpeddi, em comunicado, assegurando que tinha executado um grande programa para rever as suas práticas. A empresa, que também possui inúmeras minas de cobre e carvão, anunciou em maio que havia firmado acordos com autoridades do Reino Unido, Estados Unidos e Brasil por atos de corrupção na África e na América do Sul e manipulação dos mercados de petróleo.

A empresa havia dito que planeava pagar 1,02 mil milhões de dólares (1,04 mil milhões de euros) nos Estados Unidos e 40 milhões de dólares (40,9 milhões de euros) no Brasil, mas o valor das multas a serem pagas no Reino Unido ainda não tinha sido fixado.

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