Primeiro-ministro grego nega ter colocado ministros sob escuta

  • Lusa
  • 7 Novembro 2022

“Nunca afirmei (…) que não havia vigilância. É muito diferente acusar o primeiro-ministro de ter orquestrado essa ação”, disse Kyriakos Mitsotakis.

O primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, negou esta segunda-feira veementemente ter colocado sob escuta alguns dos seus ministros, como noticiou um semanário, condenando o que classificou como “uma mentira incrível” daquele órgão de comunicação social.

É uma mentira incrível. Temos uma publicação que revela haver uma série de pessoas alegadamente sob vigilância, sem a mínima prova de que isso estivesse realmente a acontecer”, indignou-se o primeiro-ministro conservador, numa entrevista concedida à estação de televisão privada grega Antena1.

O jornal de domingo Documento, próximo do principal partido da oposição grega, o Syriza, publicou uma lista de 33 figuras públicas, entre as quais diversos ministros em exercício, jornalistas e empresários, alvos do programa de espionagem informática Predator.

Entre as vítimas estão, segundo esse semanário, o antigo primeiro-ministro Antonis Samaras, os atuais ministros dos Negócios Estrangeiros, das Finanças, do Desenvolvimento, do Trabalho e do Turismo, o armador Vangelis Marinakis, proprietário dos clubes de futebol Olympiakos e Nottingham Forest, e ainda vários jornalistas. “Nunca afirmei (…) que não havia vigilância. É muito diferente acusar o primeiro-ministro de ter orquestrado essa ação”, sublinhou Kyriakos Mitsotakis, classificando as acusações do jornal como “vergonhosas, caluniosas e inaceitáveis”.

O escândalo das escutas rebentou em julho, quando Nikos Andrulakis, eurodeputado e líder do partido socialista grego Pasok Kinal, apresentou uma queixa no Supremo Tribunal grego, afirmando ter sido vítima de uma tentativa de infeção do seu telefone com o ‘spyware’ Predator, descoberta pelos serviços de segurança do Parlamento Europeu.

Kyriakos Mitsotakis admitiu, em seguida, que Andrulakis tinha sido alvo de vigilância, mas assegurou que o Governo grego não tinha “nem comprado, nem utilizado o ‘software’” de espionagem Predator. O diretor dos serviços secretos grego e um conselheiro próximo do primeiro-ministro demitiram-se devido ao escândalo, rotulado como o “Watergate grego” pela comunicação social.

Na esteira das revelações do jornal Documento no domingo, o principal partido da oposição de esquerda, o Syriza, do antigo primeiro-ministro Alexis Tsipras (2015-2019), exigiu ao primeiro-ministro que forneça explicações sobre os possíveis 33 casos de espionagem com o Predator, atribuídos à Agência de Informações grega (EYP), e esclareça este assunto de Estado “antes das próximas eleições”, agendadas para o verão de 2023.

OS 33 alvos do ‘malware’ Predator estavam incluídos numa lista da EYP?”, perguntou Tsipras numa intervenção no parlamento. O semanário Documento relaciona diretamente com Mitsotakis este programa de espionagem israelita instalado nos telemóveis de 33 políticos – e familiares – empresários e jornalistas, referindo-se-lhe inclusive como “o sistema Mitsotakis” de espionagem.

O Governo tem defendido que se investigue “exaustivamente” estas acusações, embora tenha advertido de que “há muita narrativa, mas faltam provas”, nas palavras do porta-voz governamental Dimitris Oikonomu. A grande maioria dos que aparecem na lista declarou não ter conhecimento de qualquer tipo de situação anormal relacionada com os seus telemóveis.

Esta segunda, o diretor do Documento, Costas Vaxevanis, apresentou no Supremo Tribunal grego a documentação em que assenta a notícia, a pedido do procurador do tribunal, Isidoros Dogiakos.

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