Inflação e financiamento são aflições partilhadas por PME ibero-americanas
Questionário realizado junto de 2.300 empresas da Península Ibérica e da América Latina revela desafios comuns e fixa retrato empresarial da paridade de género à maturidade digital.
A inflação (45,6%) e a falta de financiamento (19,5%) estão no topo das preocupações dos líderes das micro, pequenas e médias empresas (PME) ibero-americanas, de acordo com os resultados de um inquérito realizado nos últimos dois meses junto de 2.300 empresas.
Os dados divulgados esta terça-feira em Lisboa, que têm como base um questionário em que participaram empresas de 22 países da Península Ibérica e da América Latina, mostram ainda que para duas em cada três organizações, a fonte predominante de financiamento é através de recursos próprios.
Apesar deste cenário, a maioria destes líderes está otimista quanto ao futuro próximo das suas empresas — 59,3% consideram que a sua situação irá melhorar num ano – e só os setores da construção (43,5%) e da indústria mineira (47,4%) é que têm uma percentagem inferior a 50% nesta questão.
“[É] uma tendência que se mantém na maioria dos setores e embora o otimismo diminua quando pensam no futuro dos seus países, as perceções permitem-nos imaginar uma predisposição para o investimento e a produção”, lê-se no documento apresentado na abertura do V Fórum Ibero Americano das PME, no Centro Cultural de Belém.
No capítulo da paridade de género, o designado “Questionário Ibero-Americano das PME: apostar nas micro, pequenas e médias empresas para o crescimento e prosperidade” mostra a importância do género na gestão para fomentar o emprego e a igualdade de oportunidades. É que 66% das empresas lideradas por mulheres têm mais de 50% de pessoal feminino.
A digitalização ainda é uma área onde as disparidades de género são marcadas, embora se espere que as mulheres sejam capazes de acelerar o ritmo a curto prazo.
No entanto, no que toca à digitalização das PME que são lideradas por mulheres, “apenas” 48,2% avançou ou já se encontra num nível elevado — quase 15 pontos abaixo dos homens. “Isto mostra que a digitalização ainda é uma área onde as disparidades de género são marcadas, embora se espere que as mulheres sejam capazes de acelerar o ritmo a curto prazo”, destacam os autores.
Independentemente do género, a maioria do grupo de empresas que atingiu um elevado grau de maturidade digital tem mais de uma década de atividade e concentram-se nos setores da manufatura, serviços profissionais e tecnologias da informação e comunicação. A pandemia deu um “empurrão” grande: 77% das PME implementaram ferramentas digitais durante a Covid-19 e quase 80% vão adotar o regime de teletrabalho (total ou parcial).
Diferencial exportador analisado em Lisboa
No seu conjunto, as micro e PME representam 98% das empresas e empregam 67% do número total de trabalhadores na América Latina, que são números semelhantes aos de Portugal e Espanha. Porém, as estatísticas entre os lados do Atlântico divergem no peso económico deste tipo de empresas, que na Península Ibérica representam mais de 60% do PIB, com o valor a cair para 25% no caso dos países latino-americanos, em que só uma em cada dez PME exporta.
Na abertura do V Fórum Ibero Americano das PME, que se realiza na capital portuguesa, participaram o presidente da CIP, António Saraiva, o Ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, o Secretário-Geral Ibero Americano, Andrés Allamand, a Vice-ministra do Comércio Externo da República Dominicana, Vilma Arbaje, e ainda o Presidente da CEOE, Antonio Garamendi.
Na agenda deste encontro, que está a decorrer na sala Almada Negreiros, no CCB, estão ainda previstos três painéis de debate: “Políticas públicas como motor para o desenvolvimento das PME”; “Impulsionando o comércio para retomar o crescimento:iniciativas para facilitar e identificar oportunidades nas cadeias de valor“; e “Impulsionando a produtividade: o desafio da transformação digital das PME”. O ex-ministro Augusto Mateus e o secretário de Estado da Economia, João Neves, encerram o fórum.
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