Sociais-democratas vão “ser bons a fazer oposição” para serem “muito melhores” a governar, diz Montenegro
Líder do PSD disse que os elementos do seu partido não são protagonistas da oposição “mais de protesto”, nem de “dizer que está tudo mal”, de “criticar por criticar”.
O presidente do PSD disse na terça-feira que os sociais-democratas vão “ser bons a fazer oposição” para depois serem “muito melhores” a governar o país, que precisa “do escrutínio” para que as coisas que acontecem sejam explicadas.
“Nós [PSD] vamos ser bons a fazer oposição, para sermos muito melhores, depois, a governar o país. E o país precisa dessa oposição, precisa da exigência, precisa da vigilância, precisa do escrutínio. As coisas que acontecem e que não são bem explicadas têm que ser explicadas. E nós, não nos vamos cansar de exigir do Governo, do primeiro-ministro, as explicações. Sobretudo daquilo que é importante e que vai acontecendo em Portugal”, disse Luís Montenegro.
O líder do PSD, que falava na Guarda, na noite de terça-feira, durante uma intervenção na cerimónia de tomada de posse dos órgãos da Comissão Política Distrital do PSD, referiu-se a notícias dos últimos dias sobre “uma forma de estar e de exercer a liderança do Governo e as funções governativas a propósito de uma matéria relevantíssima”, relacionada com o sistema financeiro e com a independência do Banco Central, que funciona “como uma espécie de regulador do setor”.
Apontou, em concreto que o ex-governador do Banco de Portugal “denunciou que o senhor primeiro-ministro quis intervir e interferir diretamente no exercício, precisamente dessa função independente, a propósito da atribuição, ou não, da idoneidade a uma pessoa para fazer parte da administração de uma instituição bancária”.
“E nós [PSD) não nos vamos eximir a exigir do senhor primeiro-ministro o esclarecimento cabal dessa situação”, garantiu Montenegro.
Acrescentou, ainda, que noutra situação, aparentemente, “terá havido um esquema premeditado de desvalorização de um ativo financeiro no caso do BANIF que estava num processo de venda e que nas costas do regulador e nas costas do país, aparentemente, o Governo e o primeiro-ministro, andavam já, em Bruxelas e em Frankfurt, a apresentar o cenário da resolução”.
O presidente do PSD disse que os elementos do seu partido não são protagonistas da oposição “mais de protesto”, nem de “dizer que está tudo mal”, de “criticar por criticar”, nem “daqueles que propõem comissões de inquérito parlamentar à razão de uma semana”.
“Mas nós até podemos vir a ter um inquérito parlamentar sobre esta matéria. Não sei. Mas nós, para já, hoje mesmo, estamos a dirigir ao senhor primeiro-ministro perguntas concretas. Ele vai ter que dizer mesmo. O que é que disse, se disse, ao ex-governador do Banco de Portugal, a propósito do reconhecimento da idoneidade ou não da engenheira Isabel dos Santos, para ser administradora do BIC, depois Eurobic”, disse.
E acrescentou: “O senhor primeiro-ministro vai ter que dizer se andava ou não andava já, a colocar o cenário da resolução ou da pré-resolução em cima da mesa com o Banco Central Europeu e com a Comissão Europeia, que fez com que o Banif não fosse vendido por um preço que o mercado lhe estava a atribuir (…) e se isso não foi intencional”.
“E se isso foi intencional e teve como desfecho o dispêndio de muitos milhões de euros que nós, portugueses, poderíamos ter utilizado noutras finalidades, nós, naturalmente, vamos corresponsabilizar todos aqueles que intervieram, sejam ainda governantes ou estejam desempenhar outras funções, até no próprio Banco de Portugal. Que isso fique muito claro”, vincou Luís Montenegro.
No seu discurso, o líder nacional do PSD, também referiu que o país “precisa de uma alternativa política, precisa de uma nova orientação” e de “pensar no futuro do território e no futuro daquilo que é mais importante que são as pessoas”.
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