OPEP mantém corte na produção de petróleo em 2023

  • ECO
  • 4 Dezembro 2022

Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados dizem que redução da produção é uma medida “necessária e correta”, frisando que esta decisão se prende com “questões de mercado”.

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e os seus aliados (OPEP+) decidiu este domingo continuar a aplicar um corte na produção de petróleo em 2023, uma medida que defendeu ser “necessária e correta”.

Em comunicado, a aliança, que integra a Rússia, reitera que a redução da produção para dois milhões de barris diários, que foi anunciada a 5 de outubro, é uma medida “necessária e correta”, lembrando que esta decisão, adotada durante uma reunião por videoconferência, se prende com “questões de mercado”.

No final da reunião, o novo ministro do Kuwait com a pasta da energia, Bader al Mulla, citado pela agência de notícias KUNA, insistiu nessa tese e sublinhou que o impacto do crescimento mais lento da economia, do disparo da inflação e do aumento das taxas de juro na procura são motivo de “cautela contínua”.

Os ministros com a pasta da Energia dos 23 países que compõem a OPEP+ agendaram uma reunião de acompanhamento para dia 1 de fevereiro de 2023 e um encontro completo para 4 de junho do próximo ano. Ainda assim, manifestaram a sua disponibilidade para, se necessário, tomarem “medidas adicionais imediatas para fazer face à evolução do mercado e procurar o equilíbrio do mercado de petróleo e a sua estabilidade”.

Esta decisão acontece numa altura em que o mercado avalia ainda o impacto da desaceleração da economia chinesa na procura e apenas dois dias depois de os países do G7, juntamente com a Austrália, concordarem com um limite de preço de 60 dólares por barril para o petróleo russo, após um acordo alcançado pelos 27 Estados-membros da União Europeia.

Na sequência desse acordo, a Rússia concretizou a ameaça de que vai deixar de fornecer petróleo à União Europeia. Numa publicação na rede social Twitter, o embaixador do país junto das instituições internacionais, Mikhail Ulyanov, referiu que “a partir deste ano, a Europa viverá sem petróleo russo”, prevendo que o bloco comunitário irá “culpar a Rússia por usar o petróleo como arma”.

Parceria com Moscovo?

Em outubro, quando acertou um corte na produção de dois milhões de barris por dia, equivalente a cerca de 2% da procura mundial, para vigorar até ao final do próximo ano, os EUA e outros países ocidentais acusaram a OPEP+ e, em particular, a Arábia Saudita, de se colocarem ao lado de Moscovo, apesar da guerra na Ucrânia.

No entanto, a organização argumentou que a redução da produção assentava na deterioração das perspetivas económicas. Desde essa altura, os preços do petróleo têm vindo a cair devido ao crescimento mais lento do PIB a nível mundial e à subida das taxas de juro. Indicadores que, segundo a Reuters, levaram o mercado a especular que o grupo poderia mesmo decidir um novo corte na produção.

Já este domingo, o vice-primeiro-ministro russo, Alexander Novak, afirmou que a Rússia prefere cortar a produção a fornecer petróleo com os limites impostos no preço, assinalando que esse tecto poderá afetar outros produtores e “desestabilizar o mercado”. “Vamos vender apenas aos países que trabalharem connosco mediante as condições do mercado, mesmo que tenhamos de reduzir um bocadinho a produção”, resumiu.

Segundo fontes citadas pela mesma agência de notícias, o tema não foi tema de discussão nas reuniões deste fim de semana, embora vários membros da OPEP+ a estejam a encará-la como uma “medida anti mercado que, em última instância, pode ser usada pelo Ocidente contra qualquer país produtor”.

(Notícia atualizada às 15h45 com novas declarações de Alexander Novak)

 

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