Exportações de azeite sobem 36% em volume até outubro, mas consumo interno cai

  • Lusa e ECO
  • 12 Dezembro 2022

Como 2021 foi o ano de maior produção de azeite em Portugal, era "natural que uma parte significativa dessa produção viesse a ser exportada ao longo de 2022", aponta a Casa do Azeite.

As exportações portuguesas de azeite aumentaram 36% em volume e 57% em valor entre janeiro e outubro, mas as vendas internas recuaram cerca de 14% face a 2021, segundo dados avançados pela Casa do Azeite. Estes números estão em linha com as projeções do setor, tendo em conta que 2021 foi o ano de maior produção de azeite em Portugal, “sendo natural que uma parte significativa dessa produção viesse a ser exportada ao longo de 2022”, indicou a secretária-geral da Casa do Azeite, Mariana Matos, em resposta à Lusa.

O valor do azeite na origem também registou um “aumento muito significativo”, pelo que já era expectável uma subida expressiva no valor das exportações. Por mercado, destacam-se, com os maiores aumentos, Itália (+84%) e Espanha (+55%), no que se refere à exportação de azeite a granel. Já o Brasil continua a ser o principal mercado de destino de azeite embalado, com as exportações a crescerem 6,5% face ao mesmo período de 2021.

De acordo com a Casa do Azeite, que citou dados internos, as vendas de azeite em Portugal recuaram cerca de 14% em comparação com o ano anterior. “Esta quebra de consumo de azeite era também expectável, não só porque o preço do azeite tem aumentado muito significativamente, mas também pelo efeito da inflação, com a consequente diminuição do poder de compra das famílias”, justificou Mariana Matos.

A secretária-geral da Casa do Azeite referiu ainda que o setor tem registado um impacto “enorme” devido ao aumento dos custos, com as marcas a “viverem dias muito difíceis”. Os aumentos do preço do azeite na origem já ultrapassam os 50% face ao ano passado, conforme apontou, somando-se aumentos nos custos de operação, nos materiais e embalagens, ficando as famílias com o menor rendimento. Assim, e mesmo com o “esmagamento das margens comerciais”, não tem sido possível manter os preços do azeite e, consequentemente, a quebra no consumo “já é percetível e deverá manter-se em 2023”.

Preço do azeite sem “aumentos significativos” em 2023

O preço do azeite não deverá ter “aumentos significativos em 2023”, depois de ter atingido um recorde na origem este ano, mas o consumo vai baixar, penalizado pela inflação. “Os preços do azeite na origem estão ao nível mais alto de sempre e já se verifica uma quebra significativa no consumo de azeite. Espera-se que não se verifiquem novos aumentos significativos, mas os preços deverão continuar a um nível bastante elevado”, antecipou Mariana Matos.

Por sua vez, o consumo “seguramente vai baixar”, tendo em conta não só o preço para o consumidor final, mas também a inflação, que continua a penalizar o orçamento das famílias.

Questionada sobre as perspetivas da associação para o Natal, a secretária-geral da Casa do Azeite notou que esta é uma época de elevado consumo, “não só porque é um ingrediente chave para todas as ementas natalícias, mas igualmente porque começa a entrar nos hábitos nacionais a oferta de azeite como presente, à semelhança do que passa com os vinhos, pelo que se espera um aumento das vendas de azeite na época do Natal”.

Produção de azeite deverá ter quebra de até 50% nesta campanha

A produção nacional de azeite deverá registar uma quebra de até 50% face à campanha anterior, devido à seca e ao facto de se estar a realizar em contrassafra, apontou a secretária-geral da Casa do Azeite à Lusa. “Estima-se que a produção nacional possa sofrer uma quebra de 30%-40% em relação à campanha anterior. Em algumas regiões de olival tradicional, essas quebras podem mesmo atingir os 50%”, afirmou a secretária-geral da Casa do Azeite.

Segundo Mariana Matos, a quebra na produção deve-se ao facto de esta ser uma “campanha de contrassafra”, mas também à seca. O olival tradicional, de sequeiro, é o mais afetado pela seca, destacando-se as regiões de Trás-os-Montes e Beiras, onde predomina este tipo.

No que diz respeito à região do Alentejo, com olivais em sebe, de regadio, verificou-se “alguma quebra” devido às elevadas temperaturas “na altura da floração e da contrassafra”. Ainda assim, a descida será inferior à registada nos olivais de sequeiro.

Com atividade desde 1976, a Casa do Azeite é uma associação patronal de direito privado, que representa a quase totalidade das associações de azeite de marca embalado em Portugal.

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