Seguros apenas cobrem 5% dos possíveis danos por catástrofes naturais em Portugal

  • ECO Seguros
  • 14 Dezembro 2022

Os portugueses apenas estão seguros a 5% para todos os perigos que decorrem de catástrofes naturais, revela um estudo agora divulgado pela UE. Sismos são apresentados como o risco mais preocupante.

Portugal tem o 6º pior insurance gap – a diferença entre o valor em que algo devia estar seguro e aquele por que realmente está – entre os países da Europa. A conclusão resulta da segunda edição do Dashboard on Insurance Protection Gap for Natural Catastrophes, agora publicado pela Autoridade Europeia dos Seguros e Pensões Complementares de Reforma (EIOPA), a instituição da União Europeia que supervisiona as 27 autoridades europeias de seguros que incluem a ASF em Portugal.

O estudo analisa cinco tipos de catástrofes naturais salientando, em relação a Portugal, que “os incêndios mostram um insurance gap relevante e o risco sísmico deve ser monitorado”, adianta o Dashboard, “os sismos podem apresentar-se como a principal preocupação no futuro, com possíveis repercussões sistémicas em Portugal”. Estas consequências, segundo o estudo, devem-se “ao potencial de devastação de áreas que combinam grande vulnerabilidade e exposição a uma muito baixa penetração de cobertura de riscos por seguros. Conclui neste ponto a EIOPA que “tem de ser implementada pressão para que exista ação no sentido de reduzir o protection gap”.

No topo direito está o maior risco (estimativa de risco) e a menor cobertura por seguros (penetração). Fonte: Dashboard on Insurance Protection Gap for Natural Catastrophes (EIOPA)

Com base em seguros existentes, os riscos calculados e indicadores económicos do país, o estudo apurou um score, uma nota da 1 a 5, em que o 3, 4 e 5, revelam que é preciso atenção a esses riscos. Também são observados dois momentos, um atual e um histórico, que resulta da análise dos últimos 41 anos – de 1980 a 2021- de 5 tipos de eventos catastróficos: incêndios (em que Portugal tem, atualmente, score 3 e uma situação que apenas é melhor do que a Grécia), inundações costeiras (Portugal tem 2,5 e pior só a Alemanha e Países Baixos), em inundações, em que Portugal tem score 1, apesar da crise deste mês de dezembro), tempestades (Portugal tem 1,5 de score e, apesar do risco médio, tem bom nível de cobertura por seguros), e sismos, a grande preocupação, em que pior do que Portugal só Itália e Grécia e com maior risco, mas também com mais seguros, apenas Roménia e Bulgária.

O estudo revela ainda que o histórico de protecion gap em Portugal demonstra que este é elevado como resultado de baixa penetração de seguros em todos os perigos. Verifica-se que perdas não cobertas por seguros são maiores em sinistros mais frequentes e nos mais recentes. A EIOPA acrescenta que o período analisado, desde 1980, não inclui sismos que causaram perdas significativas em Portugal. A referência poderá ser aos sismos de 1755, 1909 e 1969.

Em relação aos riscos analisados pelo estudo, Portugal está no nível mais baixo de proteção de 0% a 25% em sismos e inundações costeiras, de 25% a 50% em inundações e incêndios e 50% a 75% apenas em tempestades.

O protection gap relativo aos riscos sísmicos tem sido matéria desenvolvida pela APS (Associação Portuguesa de Seguradores) tentando motivar diferentes entidades para a sua finalização.

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