Exclusivo Nuno Araújo troca administração do Porto de Leixões pelas minas de Moncorvo

Ex-chefe de gabinete que Pedro Nuno Santos nomeou para a APDL é o novo diretor-geral da Aethel Mining, detida por um investidor que tentou comprar o Chelsea e concessionária das minas de Moncorvo.

Poucos dias depois de abandonar a presidência da Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL), Nuno Araújo prepara-se para assumir o cargo de diretor-geral da Aethel Mining, concessionária das minas de ferro de Torre de Moncorvo, apurou o ECO. A empresa britânica prevê um investimento total de 550 milhões de euros ao longo dos próximos 60 anos.

Controlada pelo empresário português Ricardo Santos Silva – no ano passado ofereceu 2,3 mil milhões para ficar com o Chelsea – e pela norte-americana Aba Schubert, em novembro de 2019, a Aethel Miniing Limited comprou a MTI – Ferro de Moncorvo, que detinha os direitos de exploração do minério. O projeto instalado no cabeço da Mua, neste concelho do distrito de Bragança, foi retomado em março do ano seguinte, após 38 anos ao abandono.

Chefe de gabinete de Pedro Nuno Santos na secretaria de Estado dos Assuntos Parlamentares, o ex-líder da concelhia do PS em Penafiel acabaria por ser nomeado em 2020 pelo agora ex-ministro das Infraestruturas para a presidência da APDL, a entidade responsável pela jurisdição do Porto de Leixões, do Porto de Viana do Castelo e da Via Navegável do Douro. Já era vogal desde março de 2018 e sucedeu nessa altura a Guilhermina Rego, que tinha abandonado o PSD em 2013 para integrar as listas do independente Rui Moreira à Câmara do Porto.

Nuno Araújo, ex-presidente da APDL – Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do CasteloAPDL

No entanto, tal como a antecessora, também Nuno Araújo só cumpriu um mandato à frente desta administração portuária, que neste momento é uma das que está a braços com uma greve que está a fazer as fábricas portuguesas temerem atrasos nas encomendas e subidas dos custos. No início de dezembro de 2022, fonte oficial da APDL confirmou que o engenheiro mecânico de formação, licenciado pela Universidade do Minho, não iria renovar o mandato. Apesar de ter sido convidado pela tutela a continuar à frente da administração portuária sediada em Matosinhos, recusou por “razões pessoais”.

Guerra na Ucrânia dispara procura em Moncorvo

As minas de ferro de Torre de Moncorvo foram a maior empregadora da região na década de 1950, chegando a recrutar 1.500 mineiros. A exploração de minério foi suspensa em 1983, com a falência da Ferrominas. Em outubro de 2021, a nova dona da concessão, com uma área de extensão de 5.000 hectares, anunciou o início da extração de duas mil toneladas diárias de agregado de ferro de alta densidade, provenientes daquele depósito.

Nessa altura, Ricardo Santos Silva, presidente da Aethel Mining Limited, disse ao Público que a empresa continua os preparativos para a segunda fase da mina e que em 2024 passará a produzir e a exportar concentrado de ferro, após um investimento de 100 milhões de euros que passa pela construção de uma lavaria. Nos seus planos estava ainda a implementação de uma siderurgia de green steel (aço verde) em Portugal, utilizado energias renováveis ou de hidrogénio no aquecimento dos fornos para reduzir a elevada pegada carbónica.

No início do verão, a concessionária das minas de Torre de Moncorvo referiu que a guerra na Ucrânia fez disparar a procura de agregado de ferro ali extraído, tendo pré-vendas para os próximos 18 meses. “A procura pelo nosso produto em todo o mundo é enorme. Temos um excelente produto e uma logística muito boa. Devido à situação desoladora na Ucrânia, que é um grande produtor de minério de ferro, a procura pelo produto produzido em Torre de Moncorvo disparou e temos pré-vendas para os próximos 18 meses”, indicou à Lusa fonte oficial da Aethel Mining.

No entanto, o Jornal de Notícias escreveu a 19 de setembro o início do arresto dos bens das minas de Torre de Moncorvo, decretado pelo tribunal, devido a uma dívida de cerca de 250 mil euros à Nordareias – Areias e Britas do Nordeste, uma pequena empresa do concelho, por pagamentos em atraso relativos aos meses de março, abril e maio do ano passado.

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