Consórcio investe 111,5 milhões de euros para revolucionar fileira têxtil

Num investimento de 111,5 milhões de euros, o Projeto Lusitano nasce em Famalicão e envolve 17 parceiros numa aposta em soluções sustentáveis e energéticas para revolucionar a fileira têxtil.

Encontrar soluções têxteis sustentáveis, incluindo fios, tecidos e vestuário, com base em fibras naturais e fibras recicladas provenientes de vestuário em final do ciclo de vida. Assim como soluções energéticas e de gestão de recursos para o setor, e sistemas inteligentes e automatizados para a ITV. São estes os objetivos do Projeto Lusitano, num investimento de 111,5 milhões de euros que contempla uma Central de Biomassa, inaugurada esta sexta-feira, na Riopele, em Vila Nova de Famalicão.

Inserido na Agenda Mobilizadora para a Inovação Empresarial da Industria Têxtil e do Vestuário de Portugal, liderado pela Nau Verde, o Projeto Lusitano envolve 17 parceiros, dos quais 13 são empresas, como a têxtil Riopele, a Calvelex, a Polopique e a Paulo de Oliveira. Neste consórcio, a Vanguarda, Polywasser e VentilAQUA surgem como parceiros tecnológicos. Fazem ainda parte do consórcio as universidades do Minho e da Beira Interior, o Instituto Superior Técnico, a Associação Fibrenamics – Instituto de Inovação em Materiais Fibrosos e Compósitos, INESC Microsistemas e Nanotecnologias (INESC MN), CENIT – Centro Associativo de Inteligência Têxtil, FF – Associação Fábrica do Futuro da Moda e do Design.

O projeto Lusitano irá gerar uma contribuição inquestionável para o crescimento do setor, um impacto socioeconómico, melhoria das qualificações da população e desenvolvimento regional.

César Araújo

Calvelex – Indústria de Confeções

No âmbito deste projeto, foi inaugurada, esta sexta-feira, a central de Biomassa, na Riopele, numa aposta na descarbonização, resultante de um investimento de quatro milhões de euros. Segundo César Araújo, da administração da Calvelex – Indústria de Confeções, “o projeto Lusitano pode ter um contributo decisivo para superar a crise atual e abraçar um futuro muito mais ambicioso, digital e sustentável”.

Após uma visita à central de biomassa da Riopele, que deverá começar a produzir vapor ainda no primeiro trimestre deste ano, para permitir a redução em 65% do consumo de gás natural, o primeiro-ministro António Costa considerou-a uma mais-valia para o país. “Todos nós percebemos, pela brutal subida do preço do gás natural [decorrente da guerra na Ucrânia], como é essencial avançar para outras formas de produção de energia“, sublinhou o primeiro-ministro que visitou a Riopele o âmbito do roteiro PRR em Movimento e das Agendas Mobilizadoras de Inovação.

O projeto Lusitano prevê investigação e desenvolvimento, medidas tecnológicas e energéticas, assim como soluções para a gestão de recursos e desafios ambientais. “O projeto Lusitano irá gerar uma contribuição inquestionável para o crescimento do setor, um impacto socioeconómico, melhoria das qualificações da população e desenvolvimento regional“, realçou César Araújo.

Para Rui Freitas, da Nau Verde, “o projeto propõe ter efeito transformador na fileira têxtil”, referindo que a “agenda mobilizadora surge num contexto desafiador na fileira”.

O projeto propõe ter efeito transformador na fileira têxtil.

Rui Freitas

Rui Freitas, da Nau Verde

Já o primeiro-ministro considerou a agenda mobilizadora “Projeto Lusitano” uma oportunidade para a indústria ser ainda mais “competitiva, próspera, geradora de emprego e cada vez de maior rendimento para quem trabalha em toda esta fileira”. Mais, destacou Costa: “Cada vez mais os têxteis técnicos têm um maior peso, porque é o valor acrescentado que a inovação foi capaz de trazer a essa indústria que permite hoje à nossa indústria ser competitiva, próspera, geradora de emprego e ser geradora cada vez de maior rendimento para quem trabalha em toda esta fileira”.

Para Costa, a transição energética e o investimento no digital são “desafios cruciais” para o futuro da indústria nacional.

O primeiro-ministro destacou ainda as vantagens competitivas de Portugal, a sua posição geográfica, o facto de ser “um dos países mais seguros do mundo”, o saber fazer acumulado ao longo de séculos, a mão-de-obra qualificada e a vantagem de estar “na linha da frente” da transição energética. E realçou ainda o facto de o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) ser uma oportunidade para o país crescer e afirmar-se como uma potência de produção industrial na Europa.

“Produz-se de uma forma diferente e produtos diferentes. A inovação permite à indústria ser competitiva e geradora de emprego e de maior rendimento para quem trabalha nesta fileira”, frisou Costa, acrescentando que “esse processo de constituição destas agendas que hoje passaram de 51 para 53 — e que tenho a certeza que vai ser um grande exercício de aprendizagem de como fazer diferente — é a melhor sementeira que podemos deixar para depois de 2026″.

Por fim, Costa deixou um aviso: “Provavelmente não vamos voltar a ter um novo PRR com esta dimensão. Portanto, o que temos de fazer aqui não é mais do mesmo, mas é fazer diferente. É essa execução que é preciso dar continuidade”.

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