Scholz e Macron pedem um fortalecimento da “soberania” da União Europeia

  • Lusa e ECO
  • 21 Janeiro 2023

A UE enfrenta um desafio essencial de "garantir que a Europa se torne ainda mais soberana e tenha capacidades geopolíticas para moldar a ordem internacional", referiram os dois governantes.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, e o chanceler alemão, Olaf Scholz, apelaram hoje ao fortalecimento da “soberania” da União Europeia e da sua capacidade para moldar a ordem internacional, posição defendida na véspera de um Conselho de Ministros franco-alemão.

A UE enfrenta um desafio essencial de “garantir que a Europa se torne ainda mais soberana e tenha capacidades geopolíticas para moldar a ordem internacional”, referiram os dois governantes no diário Frankfurter Allgemeine Zeitung, antes do 60.º aniversário do Tratado do Eliseu, que será celebrado no domingo com um programa que inclui um conselho de ministros conjunto.

Para Macron e Scholz, a Europa deve investir mais nas suas Forças Armadas e na sua indústria de armamento. “As melhores capacidades europeias e um pilar europeu mais forte dentro da NATO também nos tornam um parceiro mais forte no Atlântico e nos Estados Unidos – mais bem equipados, mais eficientes e mais poderosos”, apontaram.

O tratado com o nome do palácio presidencial francês foi assinado em 22 de janeiro de 1963, em Paris, pelos então chefe de Estado da França, Charles de Gaulle (1890-1970), e de Governo da Alemanha Ocidental, o chanceler Konrad Adenauer (1876-1967). O acordo, considerado como um exemplo de reconciliação entre antigos inimigos, estabeleceu mecanismos de consulta e cooperação em política externa, integração económica e militar, e intercâmbio de formação de estudantes.

O entendimento entre os dois países viria a influenciar a integração europeia nas décadas seguintes, no que ficou conhecido como o “eixo franco-alemão”, descrito como o motor político do processo que originou a atual União Europeia (UE). O Tratado do Eliseu permitiu “superar décadas, até séculos, de amargas rivalidades e guerras sangrentas entre os dois países no coração da Europa”, defenderam os dois políticos.

A soberania europeia não deve ser medida apenas em termos militares, mas também nas capacidades de “resiliência e de atuação em áreas estratégicas”. Isso implica uma diversificação de “bens de oferta estratégica”, acrescentam. A Europa também deve fazer de tudo para “se tornar o primeiro continente do mundo com impacto neutro no clima”.

Macron e Scholz citaram ainda, como outros objetivos, que a Europa se torne “líder mundial em produção e inovação” e que “o progresso económico e social ande de mãos dadas com uma transição ecológica”.

A efeméride terá festividades que prometem ser bastante formais no domingo, com uma cerimónia na Sorbonne pela manhã, seguida de um Conselho de Ministros franco-alemão no Eliseu, o mesmo que tinha sido adiado no final de outubro devido às discordâncias bilaterais, noticiou a agência France-Presse (AFP).

Presidente do Bundestag defende renascimento da aliança franco-alemã

A presidente do parlamento alemão (Bundestag), Bärbel Bas, defendeu hoje o renascimento da aliança franco-alemã, que classificou como o “motor da Europa”. “Tenho uma grande esperança de que as relações franco-alemãs encontrem um novo impulso graças às comemorações do 60.º aniversário do Tratado do Eliseu, que dará origem a um encontro entre os dois governos e parlamentos”, afirmou Bärbel Bas, em entrevista à Agência France Presse (AFP).

A social-democrata classificou ainda os dois países, na véspera das comemorações do tratado, como “o motor da Europa”, apesar dos recentes desentendimentos. O Presidente francês, Emmanuel Macron e o chanceler alemão Olaf Scholz vão debater temas como o preço do gás, energia nuclear ou defesa. Os dois países estão em litígio desde que Scholz substituiu Angela Merkel, em dezembro de 2021.

“A força das relações franco-alemãs é a de transformas as diferenças dos dois países em progresso para a Europa”, assinalou a presidente do Bundestag. Na mesma entrevista, Bas defendeu ainda que a Europa deve ter capacidade de demonstrar uma “ação internacional e de retomar a segurança em conjunto”.

Por outro lado, disse que os Estados-membros devem manter-se solidários com a Ucrânia, fornecendo apoio adicional, em estreita coordenação com os parceiros. Segundo dados avançados pelo Bundestag, são esperados cerca de 120 parlamentares alemães nas comemorações, que vão decorrer em Paris.

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