Extinção da secretaria de Estado da Agricultura mostra “dificuldade de recrutamento” no Governo, diz Montenegro

Líder do PSD acusa António Costa de “desrespeitar” a agricultura ao optar por extinguir a secretaria de Estado e de não conseguir “levar novas energias e forças para dentro do Governo”.

Luís Montenegro classificou a decisão de extinguir a secretaria de Estado da Agricultura como a “demonstração da desvalorização que o Governo português tem por este setor importante da nossa economia, cultura e identidade”, falando mesmo num “desrespeito muito significativo, [sem] paralelo na história política” do país.

O presidente do PSD sublinhou, porém, não ter ficado surpreendido com a decisão, pois “não só o desrespeito já vem acumulando muitos exemplos”, como sabe que “o primeiro-ministro tem uma dificuldade evidente de recrutamento de pessoal político de qualidade, dentro e, sobretudo, fora da sua esfera partidária”, não conseguindo “levar novas energias e forças para dentro do Governo”.

Ironizando que António Costa terá tomado a decisão de não substituir Carla Alves, que se aguentou apenas 26 horas no cargo, porque “ninguém terá querido ou preenchido com parecer favorável as 36 perguntas” do novo questionário para a entrada de membros no Executivo, Montenegro insistiu que está é mesmo uma má notícia para a agricultura nacional.

“Não é retórica política. Traduz-se no dia-a-dia em dificuldades acrescidas para o país ter políticas que sirvam os agricultores e a produção nacional. E numa altura em que, depois da pandemia despertámos para a necessidade de ter mais soberania [alimentar], fatores de produção e não uma dependência tão elevada [do exterior]. Este não é um desinvestimento simbólico, mas efetivo na agricultura”, resumiu.

Depois da polémica que levou à demissão de Carla Alves, o primeiro-ministro voltou a alterar a orgânica do Governo e extinguiu a secretaria de Estado da Agricultura. “A ministra da Agricultura e da Alimentação é coadjuvada no exercício das suas funções pela secretária de Estado das Pescas”, lê-se no decreto-lei publicado esta sexta-feira em Diário da República.

Durante uma intervenção no encerramento da segunda etapa do “Road to Recovery”, iniciativa conjunta com o Partido Popular Europeu para avaliar a implementação do PRR em Portugal, o líder do maior partido da oposição assegurou que o PSD vai “liderar a breve prazo” o Governo e disse que as “contas equilibradas” em Portugal têm “pés de barro”.

“Assentam sobretudo em carga fiscal máxima – os impostos que os portugueses e as empresas pagam hoje atingiram um nível nunca antes alcançado – e em investimento público mínimo, com os serviços com cada vez menos meios para cobrir as necessidades das pessoas. Impostos máximos, serviços públicos mínimos e uma economia a crescer muito menos face aos países da coesão”, completou o líder social-democrata.

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