Estrangeiros pagam 26,40 euros por cada par de sapatos made in Portugal

Preço médio do calçado exportado pelas empresas portuguesas aumentou 8,7% em 2022. Cluster que integra sapatos, componentes e artigos de pele vendeu valor recorde de 2.347 milhões no exterior.

O preço médio de venda dos sapatos portugueses para os mercados internacionais ascendeu a 26,40 euros em 2022. Um crescimento de 8,7% em relação ao ano anterior que contribuiu para o “novo máximo histórico” registado pelo cluster do calçado e artigos de pele.

Com vendas totais de 2.347 milhões de euros no estrangeiro — dos quais 2.009 milhões de euros em calçado, num total de 76 milhões de pares, uma quantidade 10,5% superior à do ano anterior, esta indústria progrediu 22,2% em termos de valor exportado num ano que foi de “afirmação nos mercados internacionais”.

No entanto, a associação do setor (APICCAPS) assinala que “foi um ano mais complexo do que os números, à primeira vista, podem fazer adivinhar”. É que aos efeitos da pandemia e da guerra na Ucrânia associaram-se “outros fatores de incerteza”, como assinala o porta-voz, Paulo Gonçalves.

Quais? Escassez de mão-de-obra qualificada, aumento acentuado da inflação com reflexos na política monetária, emergência de novos canais de distribuição, afirmação de novos concorrentes, alterações nas preferências dos consumidores, incertezas sobre a evolução do consumo e disrupção nas cadeias de abastecimento internacionais.

Com o abrandamento económico a causar “alguma apreensão” no setor, o mesmo responsável prevê, citado em comunicado, que “o ano de 2023 será particularmente exigente para as empresas exportadoras”, apontando ao reforço da atividade de promoção externa “para que seja possível potenciar novas janelas de oportunidade”.

O Boletim de Conjuntura da APICCAPS, elaborado em parceria com o Centro de Estudos e Economia Aplicada da Universidade Católica do Porto, mostra que no último trimestre do ano passado, a produção e o emprego ainda evoluíram positivamente, mas a carteira de encomendas teve “uma evolução menos favorável do que em trimestres anteriores”.

Sobe a percentagem de empresas que dizem estar a lidar com escassez de encomendas, que leva os inquiridos a prever uma “ligeira diminuição da produção no início de 2023 e uma estabilização do estado dos negócios num nível satisfatório”. Porém, as preocupações empresariais ainda são lideradas pelo preço das matérias-primas e pela escassez de mão-de-obra qualificada.

Nas exportações do cluster em 2022, a APICCAPS destaca, no setor do calçado, o crescimento em quase todos os mercados relevantes, como a Alemanha (11,7%, para 433 milhões de euros), França (15%, para 384 milhões) e Países Baixos (25%, para 306 milhões de euros), e o peso de 20% que os países extracomunitários já têm nas vendas. As componentes para calçado também aumentaram as vendas em 30,2%, salientando-se a categoria “solas e saltos”, enquanto os artigos de pele renderam receitas recorde de 273 milhões de euros, mais 37,4% do que em 2021.

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