“Sem tibiezas”, PSD apoia programa para atrair imigrantes e as suas famílias

  • Lusa
  • 12 Fevereiro 2023

Montenegro assume "sem tibiezas, sem complexos" que é preciso atrair, acolher e integrar mais famílias estrangeiras. Por outro lado, é “imoral" que haja trabalhadores a ganhar menos que desempregados.

O presidente do PSD, Luís Montenegro, defendeu este domingo que Portugal precisa de “atrair mão-de-obra qualificada” o mais brevemente possível e considerou que os cidadãos estrangeiros devem trazer as suas famílias.

Discursando no encerramento do XV Nacional dos Trabalhadores Social-Democratas, em Lisboa, o líder do PSD afirmou que, para o país ter “uma economia competitiva, uma administração pública eficaz e sustentabilidade nos principais sistemas públicos”, precisa de “atrair mão-de-obra qualificada e de atrair pessoas que venham o mais cedo possível”.

“Eu já tinha a convicção de que uma das formas mais eficazes de podermos cumprir este desidrato era atrair jovens estudantes para as nossas instituições de ensino superior, hoje tenho a convicção de que devemos juntar a isso a atração de mão de obra e das respetivas famílias“, defendeu.

“Quanto mais cedo um cidadão estrangeiro, que pode ser uma criança, chegar a Portugal e se possa integrar nas nossas estruturas, mais fácil será contarmos com essas pessoas no futuro para cobrirmos aquilo que é indesmentível que é uma lacuna de população que vamos ter nas próximas décadas em Portugal“, sustentou.

Luís Montenegro reiterou que “Portugal precisa de um programa de atração, de acolhimento e de integração de imigrantes” para ajudar a contrariar a perda de população nos próximos anos, salientando que não se lembrou “deste tema agora” e que já fala “dele, pelo menos, há cinco anos”.

Portugal precisa de um programa de atração, de acolhimento e de integração de imigrantes” para ajudar a contrariar a perda de população nos próximos anos.

Luís Montenegro

Presidente do PSD

“É preciso, sem tibiezas, sem complexos, com a abertura de um povo solidário que sempre fomos, de uma visão universalista que sempre tivemos na nossa génese identitária como nação, é preciso olhar para os que nos podem vir ajudar do estrangeiro, para os imigrantes que nós devemos acolher, devemos até atrair e devemos integrar”, afirmou o líder social-democrata.

Luís Montenegro considerou igualmente que “é preciso implementar políticas que removam obstáculos à natalidade desejada, é preciso apostar em políticas que conciliem a vida profissional com a vida familiar, é preciso valorizar os salários”, além de “valorizar cada vez mais o papel das mulheres” e “evitar discriminações que estão hoje anacrónicas face à evolução da sociedade”.

“Só assim vamos ter um mundo laboral que possa refletir as ambições e as expectativas de quem empresta a sua capacidade de trabalho para ter o retorno dessa capacidade”, defendeu o presidente do PSD.

Na quinta-feira, na Guarda, Montenegro tinha considerado que o país deve receber imigrantes “de forma regulada” e “procurar pelo mundo” as comunidades que possam interagir melhor com os portugueses.

“Imoral” que trabalhadores ganhem menos que desempregados

Na mesma intervenção, o presidente do PSD considerou, por outro lado, que “é imoral uma sociedade onde as pessoas que trabalham chegam ao fim do mês e ganham menos do que pessoas que não trabalham”, reiterando ainda as críticas às alterações introduzidas pela Agenda para o Trabalho Digno.

“Independentemente de nós não querermos deixar ninguém para trás, o pior que podemos fazer é desincentivar aqueles que produzem, aqueles que trabalham, aqueles que têm uma oportunidade, que dão o seu esforço e que chegam ao fim do mês e têm menos rendimento do que aqueles outros que não fazem esse esforço”, defendeu o líder social-democrata.

Para Montenegro, “uma sociedade justa e solidária não deixa ninguém para trás, tem de ter ajudas àqueles que têm mais dificuldades, tem de ter ajudas que sobretudo possam motivar que eles ultrapassem as dificuldades, saiam da situação de vulnerabilidade”.

Imediatamente antes, Luís Montenegro deu o exemplo dos professores e referiu que a sua colocação longe de casa “faz com que muitos destes profissionais, entre as despesas de transporte, de alojamento e de alimentação, cheguem ao fim do mês e ganhem zero ou até tenham um saldo negativo”.

Na sua intervenção, o líder social-democrata voltou a criticar a “Agenda para o Trabalho Digno”, aprovada na sexta-feira no Parlamento, com o voto favorável do PS, a abstenção do PSD, Chega, PAN e Livre e votos contra do BE, PCP e IL. Montenegro considerou que este “é um processo digno da aselhice ou da ligeireza do Governo de Portugal e do PS”.

“Eu fico sinceramente preocupado como é que depois de ter havido a subscrição de um acordo de rendimentos em sede de concertação social, alguns dos seus esteios sejam agora deturpados ou adulterados nesta legislação, em prejuízo muitas vezes dos trabalhadores”, criticou.

O presidente do PSD considerou que “esta Agenda para o Trabalho Digno é digna se ser estudada nos efeitos perversos que vai ter, infelizmente, nos direitos dos trabalhadores”. Na sua intervenção, Luís Montenegro considerou igualmente que “este é o momento de identificar quem tem fibra para olhar para o futuro, de projetar o futuro, de preparar aqueles que virão a seguir”.

“Este não é o tempo das habilidades, este não é o tempo das artimanhas, este não é o tempo dos arranjos políticos, este não é tempo dos sobreviventes, daqueles que só querem chegar ao dia de amanhã, este é o tempo dos reformistas, daqueles que projetam, daqueles que são verdadeiramente solidários”, salientou.

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