Associações culpam despacho de Alexandra Reis por greve nos silos portuários

  • Joana Abrantes Gomes
  • 13 Fevereiro 2023

A ACICO, a APIM, a IACA, a FEPASA e a FPAS culpam decisão da ex-secretária de Estado que impede o aumento dos trabalhadores das empresas de capitais públicos em liquidação.

Cinco organizações que representam o comércio e a indústria alimentar alertaram esta segunda-feira, em comunicado, que a greve de trabalhadores da Silopor – Empresa de Silos Portuários “volta a ameaçar” o abastecimento alimentar, culpando um despacho da ex-secretária de Estado Alexandra Reis pela paralisação.

No comunicado, a ACICO (Associação Nacional de Armazenistas, Comerciantes e Importadores de Cereais e Oleaginosas), a APIM (Associação Portuguesa da Indústria de Moagem), a IACA (Associação Portuguesa dos Industriais dos Alimentos Compostos para Animais), a FEPASA (Federação Portuguesa das Associações Avícolas) e a FPAS (Federação Portuguesa das Associações de Suinicultores) explicam que a greve “afeta os setores da produção de pão, alimentos compostos para animais, suinicultura e avicultura“.

“O facto de acontecer na sequência da greve dos trabalhadores das administrações portuárias agrava o acesso da fileira agroalimentar a matérias-primas essenciais para a produção de leite, pão, carne e ovos”, apontam as organizações, que anteveem “um novo aumento de preços e a rutura pontual do abastecimento destes produtos em alguns locais de venda“.

A ACICO, a APIM, a IACA, a FEPASA e a FPAS afirmam que a greve dos trabalhadores dos silos portuários à prestação de trabalho em horas extraordinárias, que decorre até ao final de fevereiro, tem origem numa decisão da antiga secretária de Estado do Tesouro, Alexandra Reis, que “colocou em vigor um despacho que impede o aumento dos trabalhadores das empresas de capitais públicos em liquidação, situação em que se encontra a Silopor há mais de vinte anos“. Segundo as associações, a revogação da medida em causa representa um “impacto de, sensivelmente, 7.000 euros por mês”.

A greve, em curso desde o início do mês, “já está a provocar atrasos na descarga de grandes navios de cereais importados, dos quais Portugal depende em mais de 80% para o abastecimento da sua indústria para a alimentação humana e animal”, exemplificam as entidades, referindo que “o impacto para os importadores é de cerca de 50.000 euros por cada dia de atraso”.

No porto da Trafaria, que segundo as cinco associações é “o único terminal do país preparado para a descarga e armazenagem das matérias-primas transportadas por grandes navios cerealíferos”, os ritmos de descarga diários passaram de 11 mil toneladas por dia para 5.000 toneladas por dia.

“Esta situação tem o potencial de afetar a entrega de produtos básicos à população dado que, em condições regulares, a zona abastecida por este terminal compreende indústrias de alimentos compostos e pecuária que representam um consumo de, sensivelmente, 9.000 toneladas por dia em cereais forrageiros”, sustentam.

Por outro lado, a ACICO, a APIM, a IACA, a FEPASA e a FPAS avisam que a greve “ameaça provocar prejuízos na ordem dos três milhões de euros aos operadores económicos devido aos atrasos na descarga e aos consequentes custos de sobre-estadias de navios”.

“Estes custos inflacionados refletir-se-ão, necessariamente, ao longo da fileira, até ao consumidor final”, afirma o secretário-geral da IACA, associação que representa os industriais de rações e um dos setores que volta a ser afetado por uma nova greve na atividade logística, citado no comunicado.

Segundo Jaime Piçarra, “é mais um custo para os cidadãos”, que acresce àqueles que já suportam na sequência “dos problemas das cadeias de abastecimento, da guerra na Ucrânia e da inflação descontrolada na Zona Euro”.

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