Dividendos das cotadas do PSI rendem mais de 3%

Lisboa é das bolsas mais "generosas" da Europa. As ações da maioria das empresas do PSI estão a negociar com taxas de dividendos acima da maioria dos seus pares.

O principal índice acionista da Euronext Lisboa (PSI) está a negociar com uma taxa de dividendos média de 3,45%. Entre os principais índices europeus, apenas Milão (4,18%), Londres (3,68%) e Madrid (3,56%) se revelam mais generosos que Lisboa.

No leque de 15 cotadas que compõem o índice português, oito estão a negociar com uma taxa de dividendos (rácio entre o montante do dividendo pela cotação da ação) acima deste valor e apenas uma não paga (ainda) dividendos.

 

A mais generosa do PSI é a Semapa, que esta segunda-feira encerrou a sessão com as suas ações a negociarem com uma taxa de dividendos de 9,6%, depois de nos últimos cinco anos os dividendos distribuídos pelos seus acionistas terem aumentado a um ritmo médio anual de 2,6%.

Significa que quem comprar os títulos da empresa da família Queiroz Pereira, que entre outros negócios detém a Secil e a maioria do capital da Navigator, pode contar com um ganho bruto de 9,6% nos próximos 12 meses, desde que a empresa mantenha inalterada a sua política de dividendos para este ano.

O pagamento de dividendos é uma prática comum entre as empresas europeias. Atualmente, de acordo com dados da Reuters, apenas 8% das empresas que compõem o índice Stoxx 600 não distribuem parte dos seus lucros pelos acionistas sob a forma de dividendos.

Entre as mais generosas da Europa está a Volkswagen, que está a transacionar com uma taxa de dividendos de 20%, e a transportadora marítima dinamarquesa Maersk, que negoceia com uma taxa de dividendos de 28% – as ações estarão a negociar com direito ao dividendo até 29 de março.

Nos últimos 20 anos, se não fossem os dividendos, os investidores que apostaram em empresas do PSI em vez de alcançarem ganhos de 106% teriam contabilizados perdas de 1,69%.

Caça aos dividendos

Uma das formas de ganhar dinheiro com o investimento em ações é apostar em empresas que paguem dividendos. E numa estratégia de longo prazo, os dividendos ganham particular destaque.

Segundo Jeremy Siegel, “de 1871 a 2003, 97% dos ganhos acumulados do investimento em ações, depois de lhe descontar a inflação, veio da capitalização dos dividendos”, escreveu o professor de Finanças na Universidade da Pensilvânia no seu livro “The future for investors”.

Na praça portuguesa, o peso da distribuição dos lucros das companhias do PSI sob a forma de dividendos é ainda mais significativo: de acordo com os dados dos últimos 20 anos, se não fossem os dividendos, os investidores que apostaram em empresas do PSI, em vez de alcançarem ganhos de 106% (cerca de 3,6% por ano) teriam contabilizados perdas de 1,69% (cerca de -0,1% por ano).

Na última década esta dinâmica não se alterou muito na bolsa portuguesa: entre 31 de dezembro de 2021 e 31 de dezembro de 2022, os dividendos foram responsáveis por 97% dos ganhos gerados pelas empresas do principal índice acionista da Euronext Lisboa. Isto significa que por cada 100 euros de retorno numa ação do PSI, 97 euros foram gerados pelos dividendos (sem contabilizar a tributação fiscal nem as comissões cobradas).

Para os investidores que procuram oportunidades na bolsa nacional, este dado é da maior relevância. Sobretudo este ano, que como resultado de um ano extraordinário de 2022 para a maioria das cotadas, é expectável que mais empresas se sigam à Galp Energia e anunciem um aumento dos dividendos a distribuir pelos investidores.

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