BRANDS' ECOSEGUROS Principais indicadores de performance (KPI’s) em IFRS 17

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  • 14 Fevereiro 2023

A norma IFRS 17 influencia a transformação dos processos, dos controlos e da tecnologia das seguradoras.

Com o início do novo ano veio a entrada em vigor da IFRS 17, norma que representa a alteração mais significativa dos requisitos contabilísticos do Setor Segurador em mais de duas décadas. Muda fundamentalmente a forma como as seguradoras transformam os seus processos, controlos e tecnologia.

A EY realizou recentemente um inquérito (onde examinou 91 seguradoras de vida, não-vida e mistas, bem como resseguradoras de todo o mundo, incluindo os maiores players), o segundo deste género, sobre os progressos verificados na implementação da IFRS 17, com principal enfoque nos indicadores de performance a divulgar.

Os resultados do inquérito apontam para a existência de um consenso crescente sobre os KPIs a considerar, mantendo-se, todavia, alguma incerteza sobre as definições chave e a sua calculatória.

As entidades estão focadas na definição das métricas corretas, tipicamente, o resultado operacional e a rentabilidade dos capitais próprios (return on equity, RoE). Para o resultado operacional, o inquérito mostra uma tendência clara para a inclusão de itens relativos ao negócio de seguros e investimentos, nomeadamente, o resultado de contratos de (re)seguro, o resultado da componente financeira dos contratos de (re)seguros e o resultado de investimentos. Para o RoE, vemos, como habitualmente, definições em torno da divisão do resultado líquido ou do rendimento total global pelos capitais próprios, sendo que no estudo deste ano se identifica uma mudança para deixar de se incorporar a margem de serviços contratuais (contractual service margin, CSM) no RoE.

As respostas ao inquérito mostram também que genericamente se pretende manter os indicadores de gestão que eram utilizados até agora, ainda que existam alterações na forma como alguns vão ser apurados.

Assim, para o negócio de Vida, o valor do novo negócio mantém-se como indicador. Historicamente este indicador tem sido apurado pela abordagem de MCEV (market consistente embedded value) mas vemos uma tendência para utilizar a CSM do novo negócio. Uma vez que este último indicador passa a ser de divulgação obrigatória em IFRS 17 vamos ver como as entidades irão, ou não, manter o cálculo do MCEV, uma vez que são métricas com objetivos muito similares.

No negócio de Não Vida, espera-se que o rácio combinado, os prémios brutos emitidos e o resultado operacional se mantenham como principais indicadores, embora o seu apuramento em IFRS 17 possa ser ajustado. Por exemplo, para o rácio combinado, há uma tendência clara para usar os proveitos de contratos de seguro (insurance revenue) como denominador, mas uma maior divergência para o numerador.

A tendência geral é a de não excluir o resultado da componente financeira dos contratos de (re) seguro e incluir os gastos de contratos de (re)seguros. Nestes casos, as entidades terão de determinar quais as despesas a incluir. Os resultados do nosso inquérito mostram que algumas empresas consideram incluir outros gastos não atribuíveis (algumas selecionadas ou mesmo todas as despesas) em conjunto com os gastos de contratos de seguros. Algumas empresas de Não Vida vão continuar a usar os prémios brutos emitidos como uma métrica de volume/vendas. Ainda assim, dada a introdução dos proveitos de contratos de seguro como uma potencial alternativa para o crescimento Não Vida, questiona-se o futuro dos prémios brutos emitidos nesta perspetiva.

Carla Sá Pereira, Insurance Consulting Leader EY

Identifica-se ainda nas respostas ao inquérito um incremento da relevância das métricas relacionadas com os investimentos. O return on investments (RoI), os ativos sob gestão e os resultados de investimento são as principais opções de indicadores a divulgar quando se olha para a performance financeira. O RoI parece particularmente importante para a maioria das seguradoras, uma vez que incorpora ganhos e perdas realizados e não realizados através dos lucros e perdas em relação aos ativos investidos. Relativamente à divulgação dos ativos sob gestão, identifica-se combinações entre o valor contabilizado e o valor de mercado a serem consideradas. A decisão final será impulsionada pelo tipo de negócio e pelo modelo de mensuração subjacente a ser aplicado.

Por fim destaca-se que nas suas respostas ao inquérito as seguradoras reconhecem amplamente as implicações e vantagens da IFRS 17 sobre relatórios internos, gestão de desempenho e incentivos de gestão.

O setor está mais confortável com a utilização da IFRS 17 para reportes internos. No entanto, outros frameworks vão continuar a ser fundamentais, mesmo que algumas empresas dêem mais destaque à contabilidade futura das IFRS. As medidas financeiras puras como prémios, volumes de sinistros previstos, custos de aquisição e margens de risco continuarão a ser importantes.

O reporte de gestão interno das IFRS 17 assumirá uma maior importância para as seguradoras nos meses e anos vindouros, especialmente quando a implementação estiver concluída, mantendo, no entanto, o acompanhamento dos indicadores que se mantêm noutros frameworks. Diferentes frameworks não competem necessariamente, mas servem para dar diferentes pontos de vista sobre a performance.

Muitas seguradoras e resseguradoras partilharam já publicamente as atualizações dos seus programas de implementação da IFRS 9 e da IFRS 17. O conteúdo e a profundidade desta apresentação variam, existindo muitas (re)seguradoras que decidiram divulgar os impactos quantitativos esperados da adoção das IFRS 9 e IFRS 172.

As nossas recomendações do primeiro inquérito dos KPIs continuam a ser relevantes. Assim as entidades devem:

Gerir as expectativas dos investidores e dos analistas enquadrando os seus números de fundo em termos de expectativas e standards de mercado;

Explorar o impacto da IFRS 17 no planeamento, direção e orçamentação do negócio e definir as ligações com a monitorização do desempenho e mensuração;

Monitorizar o mercado e manter-se atualizado sobre o que os seus pares estão a fazer para identificar pontos de vista convergentes sobre métricas-chave.

Carla Sá Pereira, Insurance Consulting Leader EY

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