Gary Lineker regressa à BBC após polémica
Na raiz do problema estiveram opiniões do apresentador sobre a migração e a política de asilo no Reino Unido, expressas através do Twitter. BBC diz que vai rever orientação das redes sociais.
O antigo jogador de futebol Gary Lineker vai voltar a apresentar o programa Match of the Day, do canal BBC, após ter sido afastado por criticar no Twitter a nova proposta da política de asilo do governo britânico. A novidade foi revelada esta segunda-feira, numa declaração conjunta do diretor geral da BBC, Tim Davie, e do próprio Gary Lineker.
No comunicado, Tim Davie pede desculpa pela confusão causada pelas “áreas cinzentas” da orientação do canal em relação às redes sociais, introduzida em 2020, referindo que quer ver o assunto resolvido e o conteúdo desportivo de novo a ser transmitido, tendo anunciado que vai ser feita uma revisão dessa orientação das redes sociais.
“A orientação das redes sociais da BBC é desenhada de forma a ajudar a gerir esses desafios às vezes difíceis e estou ciente de que é necessário garantir que a orientação esteja à altura dessa tarefa. Deve ser clara, proporcional e apropriada“, referiu o diretor geral da BBC, deixando elogios ao antigo futebolista, afirmando que este é um elemento de valor da BBC.
Na mesma declaração conjunta, Gary Lineker afirma estar “contente” por ter sido encontrada uma maneira de avançar na questão e que apoia esta revisão, mostrando-se ansioso por voltar ao ar. Numa sequência de tweets, Lineker reforçou esta tomada de posição, dizendo-se “feliz” por ter sido encontrada uma solução e agradecendo todo o apoio que lhe foi dado, particularmente pelos colegas da BBC Sport.
Na rede social, o apresentador do programa Match of the Day há quase 25 anos, regressou de novo ao tema que levou ao seu afastamento – o dos refugiados – afirmando que “por mais difíceis que tenham sido os últimos dias”, isso “simplesmente não se compara com ter de fugir de casa devido a perseguição ou guerra para procurar asilo numa terra distante. É aconchegante ter visto a empatia para com esta situação por parte de tantos de vós”.
“Continuamos a ser um país de pessoas predominantemente tolerantes, acolhedoras e generosas. Obrigado“, escreveu Lineker, deixando ainda outro tweet de agradecimento a Tim Davie pela sua compreensão “neste período difícil”, referindo que o diretor tem o trabalho “quase impossível de deixar toda a gente contente”.
Na origem do problema esteve uma reação do antigo avançado inglês no Twitter a um vídeo do governo britânico que anunciava uma nova proposta de lei cujo objetivo era tentar travar a entrada (e consequentes pedidos de asilo) de migrantes que chegam ao Reino Unido em botes através do Canal da Mancha, comparando a proposta com as medidas tomadas pela Alemanha nos anos 30.
“Por amor de deus, isto é para lá de horrível”, escreveu a antiga estrela de futebol, acrescentado que não existia um “fluxo enorme” de refugiados e que o Reino Unido acolhia muito menos refugiados do que outros países europeus. “Isto é apenas uma política imensuravelmente cruel para com as pessoas mais vulneráveis, numa linguagem que não é muito diferente daquela usada na Alemanha nos anos 30, ou estou errado?“, escreveu Lineker.
A estação televisiva britânica informou então na sexta-feira que Gary Lineker iria ser afastado da apresentação do programa até se chegar a um acordo sobre o uso das redes sociais. Neste âmbito, no decorrer da cobertura desportiva por parte da BBC, foram vários os profissionais do canal que saíram em defesa de Lineker, incluindo Alan Shearer, Ian Wright e Alex Scott.
Gary Lineker, de 62 anos e que conta com 8,8 milhões de seguidores no Twitter, vai assim ser reintegrado na apresentação do programa desportivo que conduz desde 1999.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.