Há mais pessoas a trabalhar num município diferente de onde vivem. Ir de transportes demora o dobro do tempo
Mais de um terço da população empregada trabalha num município diferente de onde reside. Aumentou também a proporção de pessoas que optam pelo carro na deslocação até ao emprego.
O número de pessoas que trabalha num município diferente daquele onde vive aumentou, para 34,1% em 2021, revelam os dados dos Censos divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) esta quarta-feira. As estatísticas mostram também que, em média, as pessoas que usam transportes coletivos demoram mais do dobro do tempo a chegar ao trabalho do que as que usam o carro.
Os Censos permitiram assim concluir que mais de um terço da população empregada trabalha num município distinto da residência, o que sugere “um alargamento do âmbito territorial das mobilidades por motivos de trabalho”, como nota o INE.
Durante a pandemia, devido à possibilidade (e por vezes obrigatoriedade) de fazer teletrabalho, várias pessoas decidiram mudar-se para casas mais espaçosas longe do local original de trabalho, o que pode estar refletido nestes dados. Além disso, mostra também que há mais pessoas que foram para as periferias das grandes cidades, numa altura em que se vive uma crise na habitação que forçou o Governo a avançar com um pacote de medidas.
“Em 40 municípios, o número de empregados era superior à população residente empregada, destacando-se Lisboa e Porto”, adianta o gabinete de estatísticas nacional. Já Moita, Seixal e Odivelas tinham um nível de emprego correspondente a menos de metade da população residente empregada, segundo os dados de 2021, afigurando-se como locais mais residenciais.
Tendo em conta este contexto, em todas as regiões, de mais de metade da população residente empregada utilizava o automóvel ligeiro como principal meio de transporte para as deslocações casa-trabalho. O peso relativo deste meio de transporte registou mesmo um aumento em todas as sub-regiões do país, sendo que mais pessoas trabalham longe do sítio onde vivem.
Os dados dos Censos de 2021 mostram ainda que quem opta por transportes públicos demora mais do dobro a chegar ao trabalho, em média, do que quem vai carro. “A população residente empregada que utilizava o automóvel ligeiro no trajeto casa-trabalho demorava em média 18,8 minutos, enquanto a população empregada que recorria ao transporte coletivo despendia 43,5 minutos”, diz o INE.
Os números variam segundo as regiões, sendo que “a Área Metropolitana de Lisboa foi a sub-região onde se verificou a maior amplitude no tempo médio de deslocação casa-trabalho entre municípios (14,9 minutos): o menor valor registou-se em Lisboa (21 minutos) e o maior no Barreiro (35,9 minutos)“. As diferenças entre municípios também são superiores a dez minutos na Região Autónoma da Madeira, no Tâmega e Sousa e na Área Metropolitana do Porto.
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