BRANDS' ECOSEGUROS EY Global Insurance Outlook de 2023: Como conduzir uma mudança com propósito em tempos incertos

  • BRANDS' ECOSEGUROS
  • 22 Março 2023

A crise económica e a guerra na Europa trazem impacto nos produtos, nas carteiras de investimento, no desempenho financeiro e nos planos de crescimento e de transformação das seguradoras.

As crescentes lacunas de proteção, aliadas a uma economia marcada pela incerteza, demonstram que mais pessoas necessitam de seguro contra um conjunto de ameaças crescentes e cada vez mais complexas. Os riscos climáticos e os riscos cibernéticos estão no topo das preocupações para todos os clientes de seguros – desde as maiores corporações às pequenas e médias empresas, como para clientes individuais com menor ou menor aversão ao risco e para os que desejam ter uma vida mais ecológica ou mais digital.

As necessidades dos clientes têm vindo a mudar e as seguradoras que agirem mais rapidamente para satisfazer essas necessidades, desenvolvendo novos modelos de negócio, estarão mais bem posicionadas para navegar numa eventual recessão.

A EY divulgou recentemente mais uma edição do Insurance Outlook, “2023 Global Insurance Outlook, Driving purposeful change in uncertain times”, na qual destaca os seguintes 3 tópicos:

  1. Ambiente macroeconómico e geopolítico turbulento e marcado pela incerteza;
  2. Gap de proteção, com enormes lacunas globais de proteção causadas pela combinação das mudanças climáticas, ameaças cibernéticas e sociais e mudanças demográficas;
  3. O business case para novos modelos de negócio e propostas de valor, que foca a necessidade de novas propostas de valor e soluções, o que representa um convite à inovação e uma oportunidade para as seguradoras restaurarem a sua relevância.

Ambiente macroeconómico e geopolítico turbulento e marcado pela incerteza

As condições económicas desafiadoras e tensões geopolíticas crescentes obrigaram os gestores a prestar atenção às decisões dos bancos centrais em todo o mundo e de líderes políticos em regiões específicas. Embora o setor segurador tenha resistido relativamente bem aos efeitos da pandemia e aos estágios iniciais da interrupção da economia, os desafios persistirão, com diferentes efeitos nas diferentes linhas de negócios.

O mercado de seguros, que evoluía num contexto de inflação baixa, taxas de juro baixas e mercados globais integrados, passou a integrar-se num cenário de inflação crescente, taxas de juros mais elevadas e aumento do protecionismo. Muitas das alterações profundas ocorreram de forma repentina. No entanto, apesar do contexto menos favorável, as seguradoras não podem simplesmente reduzir ou atrasar os seus programas de transformação em curso.

Os bancos centrais têm-se concentrado em tentar controlar a inflação enquanto a atividade económica global está a desacelerar e as perspetivas futuras permanecem incertas. Os bancos centrais estão empenhados em reduzir a procura e diminuir a inflação, mesmo que as suas ações causem dificuldades acrescidas para as famílias e empresas.

Embora não se trate do primeiro ambiente inflacionário pelo qual o mercado segurador está a atravessar, está a ser, sem dúvida, das mais difíceis e com maiores impactos. Enquanto a inflação e a recessão prejudicarão as seguradoras com custos de sinistros mais elevados e redução da procura, as taxas de juros mais altas podem gerar ganhos favoráveis resultantes de melhores retornos de investimento. Estes retornos exigirão, no entanto, tomadas de decisão corajosas por parte das seguradoras, apostando em investimentos com coberturas cuidadosas e procedendo a ajustamentos nas suas políticas de gestão de ativos e passivos (ALM).

Algumas seguradoras estão a procurar otimizar as suas alocações de ativos e a diversificar as carteiras de investimento para ativos de menor risco e retornos mais elevados. Esta otimização deve encontrar o equilíbrio necessário para assegurar o adequado matching entre os ativos e as responsabilidades das seguradoras, cuja exposição às movimentações das taxas de juro podem impactar a margem de lucro e as reservas de capital. As seguradoras de Vida também irão beneficiar dos valores descontados das responsabilidades e, se as taxas de juros permanecerem altas no longo prazo, o interesse dos consumidores por produtos com garantida de taxa continuará a aumentar.

As grandes seguradoras também devem observar cuidadosamente os desenvolvimentos no mercado de InsurTech, que tem sido uma fonte de concorrência e inovação. Quedas significativas nas avaliações da InsurTech podem abrir oportunidades de novas aquisições e parcerias.

No âmbito desta temática do ambiente macroeconómico, são listadas no referido Insurance Outlook de 2023 algumas ações imperativas para as seguradoras, destacando-se a necessidade de:

  • Modelizar o impacto da inflação e da recessão com recurso a uma variedade de métricas, tais como custos com sinistros e custos com os trabalhadores, procura dos clientes, preços do consumidor, indicadores sistémicos, preços de ações;
  • Desenvolver múltiplos cenários macroeconómico e geopolíticos para 2023-24, incorporando todos os principais mercados globais, com um conjunto amplo de pressupostos para se antecipar desenvolvimentos inesperados e consequências não intencionais;
  • Monitorizar a liquidez e as avaliações de ativos para informar estratégias de hedging e aperfeiçoar as políticas de ALM;
  • Reequilibrar e diversificar a carteira de investimentos, com o objetivo de mudar para ativos de maior rendimento.
  • Reavaliar a avaliação de ativos com base em custos crescentes e redefinir os limites da política para refletir maiores custos de reposição e mão de obra;
  • Desenvolver produtos mais atrativos para vida
  • Avaliar oportunidades de parceria e aquisição com base em avaliações decrescentes para InsurTechs e flutuações cambiais.
Dora Leal | Director | Business Consulting Financial Services – Risk & Actuarial Services

Gap de proteção

Na sequência da pandemia, da agitação social e da ocorrência de mais desastres naturais, os consumidores e as empresas nunca estiveram tão conscientes da sua necessidade de proteção. Existe uma enorme e crescente lacuna de proteção, nomeadamente ao nível da poupança para a reforma, dos seguros de vida e dos seguros de saúde (perante a tendência demográfica com uma longevidade aumentada), como também de coberturas de proteção dos riscos climáticos e dos riscos cibernéticos.

Reduzir os gaps exigirá que as seguradoras reflitam e ajam de maneira diferente, lançando novos produtos e serviços distintos, com novos modelos de subscrição e através de novos canais de distribuição. O foco do lado da procura centra-se na acessibilidade, consciencialização, no apelo e na confiança. Já do lado da oferta, a preocupação está centrada nos custos de transação, seleção adversa e nos limites de segurabilidade.

Adicionalmente, as seguradoras devem avaliar as oportunidades em relação a pools de risco chave, representando dois dos pilares essenciais do Environmental, Social and Governance (ESG):

  1. as catástrofes ambientais e risco climático na componente do “E”;
  2. os riscos sociais, incluindo assistência médica e mortalidade, juntamente com o risco cibernético, na componente do “S”.

Dada a dimensão e complexidade destes riscos, o setor segurador não poderá assumi-los por conta própria, sendo necessárias parcerias público-privadas nos casos em que o seguro é demasiado caro ou mesmo impossível. Tomar ações agora pode ajudar as seguradoras a prepararem-se para o evento pouco provável de as entidades Governamentais lhes pedirem para assumir mais responsabilidades nas coberturas de riscos cibernéticos e climáticos futuros.

Um estudo recente da EY com os diretores de riscos de seguros (CROs) na região da Europa, Médio Oriente, Índia e África identificou que os riscos climáticos são a sua principal prioridade para o próximo ano. Mas, enquanto os CROs e outros líderes seniores de seguros estão focados em riscos climáticos, executivos de negócios de outros setores não partilharam o mesmo sentido de urgência, destacando potenciais crises de dívida, como maiores preocupações.

No que à lacuna de proteção respeita, o Insurance Outlook destacou as seguintes ações imperativas para as seguradoras a curto prazo, sublinhando as necessidades de:

  • Educar o público sobre a dimensão do gap de proteção e a ameaça que a mesma representa, bem como o valor do seguro e o propósito histórico da atividade seguradora;
  • Alinhar o propósito organizacional aos planos de inovação, desenvolvimento de novos produtos e estratégias de crescimento;
  • Envolver-se ativamente com reguladores, grupos da indústria e outras partes interessadas para promover o desenvolvimento de soluções para riscos climáticos e outros riscos de grande escala;
  • Desenvolver ofertas de produtos sob medida para atender à poupança para a reforma e às lacunas de proteção de saúde para segmentos específicos de clientes;
  • Envolver-se com grupos da indústria para refinar e conduzir a adoção de indicadores de desempenho específicos para seguros e padrões de relatórios para ESG e para a criação de valor de longo prazo;
  • Eliminar passos desnecessários nas aplicações e processos de venda e simplificar a estrutura dos produtos para serem mais fáceis de encontrar, avaliar e comprar
  • Reformular os processos e critérios de subscrição para políticas de design e preços para clientes comerciais a transitar para operações de baixo carbono.

Business case para novos modelos de negócio e propostas de valor

A inovação em seguros num futuro próximo não será apenas sobre quais os produtos que as seguradoras irão vender, mas sim o valor que as seguradoras fornecem e os modelos de negócio que adotam para a criação desse valor. O estudo da EY refere que novas propostas de valor e de modelos de negócios variam de acordo com as linhas de negócios.

Nos seguros de Vida, o bem-estar financeiro é o que os clientes desejam, o que significa que as seguradoras devem atuar como consultoras, fornecendo orientação confiável e opções para ajudar os segurados a atingir os seus objetivos.

Em linhas de negócio de Não Vida, com mais proteção a ser garantida automaticamente através de ofertas incorporadas e baseadas na utilização do seguro, a qualidade do serviço e a experiência geral torna-se muito mais importante do que a própria transferência de risco. As seguradoras passarão a fornecer acesso a agentes e aconselhamento humano, mas também um acesso personalizado com recurso a aplicações personalizadas e digitalmente habilitados, na medida em que plataformas e experiências serão o foco para a grande maioria das interações.

O estudo refere que no survey bianual EY Tech Horizon da atividade seguradora, os entrevistados indicaram como os dois principais objetivos de seus programas de transformação “atender às mudanças na procura dos clientes” e “melhorar a qualidade dos produtos e serviços”.

Assim, as soluções de seguros mais vendidas do futuro integrarão proteção com prevenção de riscos e outros serviços de valor agregado. Isto porque os consumidores estão mais interessados em reduzir os seus riscos do que na gestão das suas perdas.

Os seguros estarão disponíveis numa diversidade de formas e em mais lugares do que nunca, incluindo no metaverso, em sites de e-commerce e em pontos de venda em quase todos os ambientes imagináveis. Nesta linha condutora, antecipam-se também mais parcerias entre bancos, gestoras de ativos e outros instituições financeiras, FinTechs, plataformas tecnológicas, fornecedores de software.

Neste último ponto da publicação do Insurance Outlook, foram evidenciadas várias ações imperativas para as seguradoras, das quais destacamos a premência de:

  • Identificar mecanismos e fontes externas de dados para acompanhar a evolução das necessidades dos clientes e as mudanças do mercado;
  • Desenvolver reconhecimento de padrões e geração de insights para explorar armazenamentos de dados internos e segmentar os clientes para tornar o produto mais adequado às necessidades;
  • Criar propostas de valor e experiências para capturar a procura por novas proteções e atividade em novos canais de distribuição;
  • Construir business cases para novos modelos de negócio com base em métricas quantitativas, como ganhos de participação de mercado, custos de aquisição de clientes e redução de custos;
  • Procurar novos parceiros para ofertas incorporadas e estratégias de ecossistema, começando com InsurTechs, empresas de tecnologia e fornecedores alternativos de capital;
  • Digitalizar as principais operações de back-office para otimizar custos através de uma maior eficiência, agilidade organizacional e flexibilidade operacional.

Caso pretenda ter uma visão mais detalhada sobre como estão as grandes seguradoras internacionais, desde seguradoras mais tradicionais, InsurTechs, Start-ups e players não tradicionais, a procurar soluções únicas que combinam a proteção convencional com a prevenção de riscos e outros serviços de alto valor, recomendo a leitura integral da publicação da EY.

Dora Leal | Director | Business Consulting Financial Services – Risk & Actuarial Services

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