Governo quer aumentar em 20% pessoas a trabalhar em turismo

Os últimos números da Segurança Social dão conta de 300 mil pessoas registadas no setor de alojamento e restauração.

Transformar Portugal “no melhor destino para estudar e a trabalhar em turismo” é o objetivo da nova “Agenda Profissões do turismo 2023-2026”. Aumentar em 10% os profissionais de turismo com o ensino secundário e superior, aumentar em 15% os estudantes em turismo em todos os níveis e em 20% a população empregada no setor são as metas anunciadas esta segunda-feira pelo Governo.

“Desta estratégia depende o futuro do turismo em Portugal, porque o turismo depende 100% das pessoas”, sintetizou Ana Mendes Godinho, ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, durante a apresentação da estratégia.

É um setor que se debate com a escassez de talento e que viu sair durante a pandemia cerca de 50 mil trabalhadores. “Já voltamos a recuperar”, diz, referindo que os últimos números da Segurança Social dão conta de 300 mil pessoas registadas no setor de alojamento e restauração.

O turismo também tem vindo a registar uma melhoria nos salários – desde 2015 subiram em média 26% – mas ainda há um caminho a fazer no que toca a precariedade, destaca a ministra. Se em 2015 havia apenas 48% dos trabalhadores com contrato permanente, esse valor é de agora 60%, mas “longe da média de contratos permanentes de outras empresas em outros setores”, diz, lembrando que a taxa de precariedade de outros setores é de 16%.

Falta de mão de obra, qualificações e fazer crescer os salários são os principais desafios que o setor enfrenta, uma atividade “de futuro” e que espera um crescimento de 5,8% ao ano, “superando o crescimento da economia global”, destaca Nuno Fazenda, secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços. Em dez anos, estima-se, o setor irá criar 193 mil postos de trabalho em Portugal, aponta, lembrando que, por cada posto de trabalho criado em turismo são criados 1,5 em outros setores.

Mas o setor não só enfrenta um problema de qualificações. Enquanto 37% dos trabalhadores têm o ensino secundário e pós secundário e 14% ensino superior, 27% abandona a atividade pelos salários, horários e falta de progressão da carreira.

“Se queremos ter trabalhadores é preciso melhorar salários”, afirma o secretário de Estado, destacando o papel dos operadores do setor na subida de salários.

A nova estratégia assenta assim num conjunto de 20 medidas com um objetivo: transformar Portugal “no melhor destino para estudar e trabalhar em turismo”. “Portugal será a escola de turismo da Europa”, aponta Nuno Fazenda.

Aumentar em 10% os profissionais de turismo com ensino secundário e superior – hoje cerca de metade tem o ensino básico – aumentar em 15%, mais 24 mil, o número de estudantes em todos os níveis de ensino e aumentar em 20% o número de trabalhadores no setor, para 350 mil em 2026 – hoje são na ordem dos 287 mil (2022) – são as metas.

Uma campanha para valorizar as profissões no LinkedIn, um programa de benefícios para os profissionais de turismo (cartão Atlas), um projeto piloto para as boas práticas laborais, majoração de financiamento de empresas com boas práticas laborais e de formação são algumas das medidas desta estratégia.

A modernização e especialização das escolas de hotelaria e turismo – com a criação de um centro de enogastronómico (Lamego) e uma escola temática de chocolate (Óbidos) – e uma Academia Internacional de Turismo (campus Estoril) são outras das iniciativas previstas.

(Notícia atualizada com mais informação pela última vez às 16h40)

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