APED espera que empresas privadas não tenham sido contratadas para verificar descida de preços

Contratação de entidades privadas para dar informação semanal sobre os preços pagos pelos consumidores num cabaz alimentar levanta dúvidas ao diretor-geral da APED, Gonçalo Lobo Xavier.

Euroteste e Consulai foram as duas empresas privadas contratadas pelo Estado para verificar os preços do cabaz alimentar pago pelo consumidor, noticiou o ECO no domingo. A situação levanta dúvidas ao diretor-geral da APED. Gonçalo Lobo Xavier pretende esclarecimentos sobre estes contratos, tendo em conta os compromissos assumidos no pacto entre o Estado, a distribuição e os produtores agrícolas para estabilizar e baixar os preços alimentares.

Espero que as empresas não tenham sido contratadas para verificar a descida dos preços. Não foi isso que se combinou“, afirmou Gonçalo Lobo Xavier durante a conferência do ECO relativa à Soberania Alimentar, que decorreu em Lisboa nesta quarta-feira.

Segundo o líder da APED, “o que se combinou é que as entidades dentro da cadeia, como a Autoridade da Concorrência e a ASAE, vão estar a trabalhar connosco”. O gestor dá o benefício da dúvida ao Governo. “Julgo que a ministra da Agricultura se estava a referir a umas empresas que vão trabalhar no Observatório dos Preços, que não sabemos como se vai fazer e não nos disseram nada sobre isso.”

Anunciado por duas vezes pela ministra Maria do Céu Antunes, o Observatório dos Preços foi criado em julho de 2015 pelo então Governo PSD/CDS, para estudar e aprofundar a informação sobre a formação dos preços e a sua transmissão ao longo da cadeia de abastecimento alimentar. Com o primeiro Governo de António Costa, no final de 2015, a entidade não reuniu mais e apenas foi ressuscitada em outubro de 2022, sem efeitos práticos. A ministra voltaria a anunciar este observatório em março de 2023.

O Estado português vai pagar 230 mil euros (187 mil euros, mais IVA) à Euroteste – Marketing e Opinião, que pertence ao grupo Kantar, pelo fornecimento de “informação e acompanhamento dos preços” pagos pelos consumidores portugueses num “conjunto de produtos representativos do cabaz alimentar”. E para ter uma “metodologia de análise das fileiras”, assinou outro contrato com a consultora agroindustrial Consulai, no valor de 53,7 mil euros.

A contratação destas entidades foi defendida pelo secretário de Estado da Agricultura, Gonçalo Rodrigues. É “perfeitamente justificável” a contratação de consultoras privadas para analisar a evolução dos preços dos bens alimentares, notando que “têm o conhecimento, os recursos e a capacidade (…) de o fazer de uma forma muito mais eficiente e otimizada”, em comparação com as entidades públicas”, justificou o responsável na terça-feira.

Em causa está a fiscalização da evolução dos preços dos produtos alimentares, na sequência do pacto assinado em 27 de março com os representantes da produção (CAP) e da distribuição (APED). Além do IVA zero para um cabaz de 44 produtos, a vigorar durante seis meses – haverá igualmente uma comissão de acompanhamento com oito entidades, incluindo a Autoridade da Concorrência, para “zelar pela aplicação dos compromissos” do acordo –, prevê um conjunto de apoios à produção agrícola que podem chegar aos 200 milhões de euros.

A isenção do IVA em 44 categorias de produtos vai entrar em vigor em 18 de abril. Em meados de julho, a APED conta que já se possa fazer um primeiro balanço. “Espero que daqui a três meses estejamos a verificar que a nossa medida funcionou melhor do que em Espanha”, acredita Gonçalo Lobo Xavier.

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