A fuga de documentos classificados que preocupam os EUA
Os documentos incluem avaliações e relatórios das agências de informações norte-americanas relacionados com a guerra na Ucrânia, mas também com os aliados dos EUA.
A fuga de documentos classificados norte-americanos, em particular associados à Ucrânia e que parecem ser autênticos, representa “um risco muito sério” para a segurança nacional dos Estados Unidos, alertou esta segunda-feira o Pentágono.
Os documentos, divulgados na semana passada por meios de comunicação social como o jornal New York Times, incluem avaliações e relatórios das agências de informações norte-americanas relacionados com a guerra na Ucrânia, mas também com os aliados dos EUA.
O facto de estes documentos estarem a circular na internet implica “um risco muito grave para a segurança nacional e podem potencialmente alimentar a desinformação”, indicou aos media Chris Meagher, um porta-voz do ministério da Defesa norte-americano. “Prosseguimos a investigação sobre a forma como tudo isto aconteceu, e ainda a amplitude do problema. Foram adotadas medidas para analisar a forma como este género de informação foi distribuída e a quem”, acrescentou.
Divulgados em redes sociais, os documentos podem mostrar-se valiosos para Moscovo, ao permitirem saber até que ponto os serviços secretos norte-americanos penetraram em partes do aparelho militar russo, de acordo com meios de comunicação social norte-americanos.
“As fotos parecem mostrar documentos de formato semelhante ao utilizado para fornecer atualizações diárias aos nossos altos responsáveis das operações relacionadas com a Ucrânia e a Rússia, e ainda outras atualizações de informações”, disse Meagher, mas algumas “parecem ter sido alteradas”.
O Departamento de Justiça dos EUA, que abriu uma investigação no sábado, está a tentar identificar a fonte da fuga e ainda a examinar a validade dos documentos divulgados. Por seu lado, o jornal Washington Post citou responsáveis para avançar que alguns documentos aparentam ter sido falsificados.
Estes são, de acordo com a agência France-Presse (AFP), alguns dos pontos essenciais sobre a fuga de informação que apenas recentemente atraiu a atenção dos ‘media’:
Documentos abordam guerra na Ucrânia e aliados dos EUA
Muitos estão relacionados com a guerra na Ucrânia. Um faz um balanço do conflito no início de março, incluindo o número de perdas russas e ucranianas, enquanto outros discutem a situação em frentes específicas, como Bakhmut. As defesas antiaéreas de Kiev, cruciais contra os ataques russos, bem como a ajuda internacional às forças ucranianas estão entre os tópicos abordados.
Alguns documentos também parecem indicar que os EUA estão a espiar alguns dos seus aliados: um menciona que líderes do Mossad, o serviço de inteligência israelita, teriam defendido as manifestações contra a polémica reforma do sistema judiciário de Israel.
Qual a sua veracidade?
O Pentágono referiu este domingo que está a trabalhar para “avaliar a validade dos documentos fotografados que circulam nas redes sociais”, mas reconheceu que estes “parecem conter informações confidenciais e altamente classificadas”.
Pelo menos um dos documentos parece ter sido alterado para sugerir que a Ucrânia sofreu perdas maiores do que a Rússia, quando o alegado original dizia o contrário. Mas, de acordo com os órgãos de comunicação social, as autoridades norte-americanas consideram muitos dos documentos genuínos.
Autoridades norte-americanas estão a investigar
O Departamento de Justiça abriu uma investigação criminal enquanto o Departamento de Defesa avalia as possíveis consequências para a segurança nacional americana.
As autoridades norte-americanas também estão em contacto com os aliados de Washington sobre o assunto, e os comités parlamentares relevantes foram informados, adiantou o Pentágono.
Risco sério de segurança nacional e desinformação
O facto de estes documentos estarem a circular online representa “um risco muito sério para a segurança nacional e tem o potencial de alimentar a desinformação”, realçou esta segunda-feira o porta-voz do Departamento de Defesa, Chris Meagher.
A fuga de informação pode colocar em risco as fontes de inteligência dos EUA, além de fornecer à Rússia informações valiosas sobre o estado das tropas ucranianas. Os documentos que evocam os países parceiros dos Estados Unidos podem colocar pressão sobre Washington, em particular sobre uma possível espionagem de aliados próximos.
Divulgados em várias redes sociais
Os documentos foram divulgados em várias redes e plataformas sociais, incluindo Twitter, 4Chan e Discord. Mas muitos destes deixaram de estar disponíveis nos sites onde apareceram originalmente, e os EUA estão a trabalhar para removê-los.
O reputado ‘site’ de investigação Bellingcat informou que alguns podem ter estado na Internet já em janeiro de 2023. Alguns foram publicados no Discord – uma plataforma popular entre os gamers [jogadores de videojogos] –, incluindo em canais de fãs do YouTuber e jogadores do Minecraft, acrescentou o Bellingcat.
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