Autarquias podem rejeitar reclassificação de solos rústicos para urbanos

  • Ana Petronilho
  • 28 Abril 2023

Ruído, estacionamento, sistema de mobilidade ou garantia de espaços verdes são motivos que as câmaras podem invocar para recusar reclassificar terrenos rústicos para habitação.

As Câmaras só vão poder recusar a reclassificação de solos rústicos para urbanos em casos fundamentados: “por motivo de ruído, estacionamento, sistema de mobilidade ou garantia de espaços verdes” ou se naqueles terrenos vierem a ser instalados “equipamentos públicos e de lazer”.

Estes impedimentos constam do documento apresentado esta sexta-feira pelo Governo, em conferência de imprensa, depois de o Conselho de Ministros ter aprovado um pacote legislativo que permite utilizar mais solos para a construção e reabilitação de habitação e uma maior celeridade e simplificação nos licenciamentos das obras.

Tal como o ECO avançou, em cima da mesa está uma proposta que permite reclassificar os solos rústicos para urbanos, desde que os terrenos tenham como finalidade a construção de habitação pública ou a custos controlados. Além dos terrenos, também os edifícios afetos a comércio e serviços podem ser reclassificados para habitação.

O diploma – que vai ainda ser votado no Parlamento – estipula também que a propriedade dos terrenos reclassificados é exclusivamente pública e que um dos critérios é que fiquem situados na contiguidade de solo urbano.

Questionada sobre a área de solos rústicos que são elegíveis para serem classificados como habitação, a ministra da Habitação, Marina Gonçalves, diz que a reconversão vai ser “avaliada por cada município, em função da necessidade de cada autarquia”, não existindo um levantamento a nível nacional.

Além da reconversão dos solos, o Governo aprovou ainda um diploma que prevê que fiquem isentas de licenciamento as obras “que aumentam o número de pisos”, desde que não alterem a fachada dos edifícios; ou as construções “em área com operação de loteamento, plano de pormenor ou unidade de execução com desenho urbano”. Assim, para realizar estas obras deixa de ser obrigatório o pedido de autorização ou licença à câmara.

Além disso, passa a existir um único momento de notificação ao requerente e o Pedido de Informação Prévia (PIP) passa a ter uma duração de dois anos (em vez de um) e desonera, regra geral, o requerente de controlo prévio. E o não cumprimento dos prazos legais “implica o deferimento tácito da decisão”, lê-se no documento apresentado pelo Governo.

Outra das medidas aprovadas prevê que os projetos de Potencial Interesse Nacional (PIN) com um investimento acima de 25 milhões ou financiados por fundos europeus e PRR, podem decorrer “enquanto o parecer não é emitido”.

Cozinhas abertas e bidés

O Governo vai ainda revogar as normas procedimentais “redundantes” do Regulamento Geral das Edificações Urbanas (RGEU), de forma a eliminar “exigências excessivas”. Por exemplo, a possibilidade de cozinhas abertas ou as que estão previstas para as casas de banho, em que é obrigatória a instalação de bidés e banheiras. Serão ainda revogadas as exigências para a ventilação ou iluminação, previstas noutra regulamentação.

Por fim, até ao final da legislatura, o Governo quer criar uma plataforma única de licenciamento, desmaterializada, com a obrigatoriedade do BIM (Modelagem de Informação da Construção), “de forma faseada para projetos de maior dimensão”, explicou o secretário de Estado da Digitalização e da Modernização Administrativa, Mário Campolargo.

A ministra da Habitação acredita que as medidas aprovadas respondem “às necessidades do setor”.

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