A importância da formação de executivos em Open AI

  • ECO
  • 3 Maio 2023

Os avanços tecnológicos têm levado muitas empresas a apostar na IA e a procurar colaboradores formados na área. Em entrevista ao ECO, José Crespo de Carvalho, explica a importância da formação em IA.

A Inteligência Artificial e o Open AI têm sido temas cada vez mais pertinentes, não só para os mercados tecnológicos, mas também na facilitação de processos em empresas.

Apostar em formação nestas áreas é, por isso, uma decisão que várias pessoas/empresas têm vindo a tomar, com o objetivo de terem skills que se adequem às necessidades atuais do mercado de trabalho.

Em entrevista ao ECO, José Crespo de Carvalho, professor no Iscte Executive Education, explica a importância da formação de executivos em Inteligência Artificial e Open AI e ainda apresenta as opções disponíveis no Iscte Executive Education.

Quais os conteúdos novos que irão surgir nos próximos tempos em formação de executivos?

Diria que, para além das áreas convencionais a que chamo “pão com manteiga” e que todos querem muito porque trazem componentes decisivas associadas em termos de ferramentas de trabalho, estamos a trabalhar conteúdos na área da Open AI, dos mercados financeiros, da sustentabilidade, das vendas e do desenvolvimento próprio, pessoal e profissional (muito na linha da construção de um eu produtivo).

Mas na formação de executivos já estão a usar Open AI em termos das vossas unidades curriculares? Ou ainda é wishful thinking?

Sim, claro que estamos. Mal seria se não estivéssemos. Estamos todos muito atentos e muito observadores e, obviamente, também a percorrer uma curva de aprendizagem. Essa curva de aprendizagem é fundamental porque estamos em sala ao mesmo tempo que estamos a experimentar resultados possíveis. Para já estamos a usar Open AI nas seguintes dimensões que nos parecem críticas para criar a dita curva de aprendizagem e a apetência por parte dos participantes. É claro que isto exige preparação redobrada em casa e aproveitar para testar as plataformas com vários ângulos para questões muito similares, mas que têm algumas nuances entre si:

  • Em primeiro lugar, estamos a criar respostas automáticas para perguntas dos participantes. Isto é particularmente útil para responder a perguntas comuns que surgem de forma repetida ou para fornecer aos participantes um resumo de um tópico que se acabou de explicar e expor. Isto ajuda a criar um fast learning pace.
  • Em segundo lugar estamos igualmente a criar alguns jogos (gamification) com Open AI. Isto aumenta o interesse e a envolvência. Depois, criando jogos que ajudem a que participantes usem as suas próprias habilidades num determinado assunto, vai permitir-lhes explorar um conceito de forma muito interativa.
  • Depois, a geração de tópicos de discussão é também um assunto quente. Quando estamos à procura de um hot topic para debate os participantes podem ficar mais entusiasmados se conseguirmos elevar a fasquia tirando partido de Open AI. E essa procura pode até ser cocriada com os próprios participantes.
José Crespo de Carvalho, Presidente do Iscte Executive Education

Finalmente, tudo o que sejam tutoriais e material didático beneficiam muito de Open AI. Vídeos, gráficos informativos e outros usando Open AI podem ser altamente benéficos para usar com os nossos participantes.

Isto permite ganhar com a experiência anterior dos participantes e avançar rapidamente. O estímulo à curiosidade é notável. A motivação por haver cocriação é, também, muito importante. As capacidades cognitivas para captação de informação podem ser trabalhadas de forma mais eficaz. Depois, dependendo dos estilos de aprendizagem de cada qual, uma vez que somos todos diferentes, é onde o Open AI pode também dar uma ajuda. Há uns mais visuais que outros e uns mais propensos a ouvir ou a captarem por sinestesia. O Open AI ajudará aos que melhores capacidades de fixação têm por via da retenção de conteúdo por leitura cocriada e posterior debate – tudo numa base muito interativa.

Como conseguiram apanhar o comboio tão rapidamente?

Bom, desde que a pandemia começou que não temos parado de apanhar comboios. O ensino remoto, o híbrido, os novos formatos, os blends, os jogos, e por aí fora. E agora o uso de Open AI. A formação de executivos está a mudar a uma velocidade atroz.

Mas acham que serão requisitos necessários aos colaboradores terem experiência em Open AI?

Fundamental. Será decisivo como de resto já está a ser. Pela primeira vez começam a sair números sobre empregabilidade e exigência de conhecimentos em Open AI. O survey da ResumeBuilder.com é claro: Engenheiros de Software, e neste momento, 58% dos pedidos para trabalho associam a necessidade de os candidatos terem conhecimentos de uso de Open AI. 33% das ofertas para Serviço ao cliente exigem experiência em Open AI. 32% para funções de Recursos Humanos. 31% para Marketing. 28% para trabalho de dados. 23% para vendas e também 23% para as áreas financeiras. E ainda agora estamos no início. Imagine-se daqui a uns meses.

Vocês estavam muito apostados em internacionalizar. Como tem corrido a aventura?

Não estávamos. Estamos. Estamos muito apostados na internacionalização mesmo. Como temos repetido inúmeras vezes temos como objetivo ter 50% de participantes internacionais no final de 2024. Ultrapassámos largamente – extraindo os programas de curta duração – os mil participantes ano. Queremos ter pelo menos metade dos alunos, seja qual for o número, internacionais a fim de 2024. E as receitas também deverão provir dos mercados externos em pelo menos 50%. Em valor deverá ser mais que proporcional ao número de alunos. É uma condição e um requisito da internacionalização: ir buscar valor fora quando o que existe dentro de portas é um red ocean.

Consideram que há algum espaço de crescimento para o segmento de programas numa ótica de self-paced learning? Programas de e-learning assíncronos?

Muito espaço. No entanto não poderemos desenvolver, e não queremos, atividade no sentido de fazer o head-on naquilo que são os programas das grandes escolas, oferecidos diretamente pelas mesmas ou por plataformas como a Coursera ou Udemy, apenas para referir as mais notórias. Pensamos que aqui é preciso ser inteligente o suficiente para criar blends próprios com e-learning e aprendizagem síncrona, assim como momentos experienciais presenciais. Agora o espaço existe, é enorme, mas terá de ser claramente muito bem pensado. Nós estamos a trabalhar nele com vários blends. É claro para nós que a formação de executivos não associa grau pelo que a experiência terá de ser única, diferenciadora e com elevado impacto nos participantes.

E a vossa estratégia futura? Já redesenharam o que vem do passado? Como se querem apresentar ao fim destes quatro anos a conduzirem a formação de executivos?

Se para nós há questão importante é a estratégia. Quando começamos fizemos grandes debates e grandes trocas de ideias para decidirmos para onde queríamos ir. Depois de consensualizada, foi apresentada a estratégia e hoje não há nenhum colaborador nosso que tenha alguma dúvida sobre a mesma. Baseia-se e continuará a basear-se em três pilares:

  1. aproximação corporate, a empresas, sejam elas nacionais ou internacionais;
  2. abertura de catálogo e de oferta formativa em open enrollment;
  3. internacionalizar quer corporate, quer open enrollment. E é isso que temos estado a fazer. Sempre e todos os dias.

É evidente que há aqui uma grande parte de estratégia emergente e que temos vindo a acolher com imensa atenção: a parte dos novos formatos, dos híbridos, blends e remotos, as componentes experienciais. E, agora, muito mais recentemente, a parte da introdução das plataformas de Open AI. Mas isso é uma espécie de sal e pimenta que condimentam o nosso prato principal e que assente, desde cedo, nos três pilares descritos. Até porque tudo isto desemboca num farol cada vez mais nítido para nós, que é o potencial do internacional. Estamos a exportar muita formação de executivos. Tal como qualquer empresa devia fazer num país pequeno e de baixos recursos. Crescer para fora.

Para finalizar, qual o vosso flagship, se é que têm algum?

O nosso Executive MBA. Acreditado pela AMBA e em posição de destaque em termos de ranking europeu, é o produto em que continuamos a acreditar para ser diferente de todos os demais. Pela experiência. Pela rede. Pela partilha. Pela capacidade de dotar os participantes de uma maior autonomia, sensibilidade à decisão e pensamento próprio. Afinal é um programa a 18 meses, onde nada deve ser feito por acaso.

E se, por um lado, operamos debaixo deste modelo em que o Executive MBA continua a ser a nossa bandeira maior, por outro consideramos que temos imensos programas – estrelas da companhia – com argumentos próprios que ajudam a estruturar uma oferta muito rica, muito sólida e muito diversificada: na área da saúde, na área dos projetos, na área da gestão para não gestores, na área das vendas, na área da supply chain ou das finanças e controlo empresariais, do digital marketing, dos investimentos imobiliários, para nomear apenas alguns exemplos.

Se a isto somarmos a gestão mais geral e as tecnologias digitais, então teremos uma constelação. Sabemos o que queremos para tudo isto, i.e., sermos totalmente hands-on, sabendo fazer, sabendo estar e sabendo ser porque queremos estar no topo do saber e da experiência, não necessariamente da dimensão. Aqui só os nossos participantes podem caucionar esta vontade e realidade.

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