Mercado insurtech arrecadou 8 mil milhões em investimento em 2022

  • ECO Seguros
  • 9 Maio 2023

Foi o segundo melhor ano de sempre em volume de acordos. Esta é uma das conclusões do relatório Insurtech Global Outlook 2023, elaborado pela NTT Data.

O mercado insurtech arrecadou 8 mil milhões de dólares em investimento em 2022, num total de 470 negócios. Revelou-se o segundo melhor ano de sempre em volume de acordos. Esta é uma das conclusões do relatório Insurtech Global Outlook 2023, elaborado pela NTT Data, consultora global de negócios e tecnologia.

“O ecossistema segurador tem sido capaz de compreender os benefícios dos novos modelos, bem como de relevar a importância de questões fundamentais para esta indústria – a cibersegurança e a sustentabilidade, que terão cada vez mais impacto a médio e longo prazo. Esta é uma tendência que vai ganhar cada vez mais força”, antecipa Nuno Albuquerque e Castro, Partner, Head of Insurance Practice da NTT Data Portugal.

Na edição deste ano, a consultora NTT Data analisa a situação atual e futura do setor segurador, com destaque para os principais desafios que detetou: sustentabilidade, cibersegurança, distribuição inteligente, modelos de seguro on-demand e envolvimento de empresas após as mudanças sociais dos últimos anos.

2021 ficou marcado por mais maturidade no setor tradicional, que alcançou os 11 mil milhões de dólares em investimento. 2022 totalizou 8 mil milhões de dólares em investimento, o segundo melhor desde que há registo, 28% abaixo de 2021.

A consultora avaliou que os grandes investimentos foram afetados pela “incerteza socioeconómica global”: conflitos na Europa, inflação e aumentos das taxas de juro provocaram mudanças na vida dos cidadãos em todo o mundo e em todos os mercados, incluindo no dos seguros.

Nuno Albuquerque e Castro, Partner, Head of Insurance Practice da NTT Data Portugal, salienta: “analisamos o setor insurtech há sete anos e, apesar de toda a incerteza socioeconómica, os níveis de investimento continuam elevados, o que demonstra a capacidade de adaptação da atividade às alterações de mercado, no sentido de suportar o setor nos desafios que têm emergido. O ecossistema segurador tem sido capaz de compreender os benefícios dos novos modelos, bem como de relevar a importância de questões fundamentais para esta indústria – a cibersegurança e a sustentabilidade, que terão cada vez mais impacto a médio e longo prazo. Esta é uma tendência que vai ganhar cada vez mais força”.

A Europa continua a reduzir a disparidade em termos de desenvolvimento de insurtechs em relação aos E.U.A., registando-se, atualmente, a menor diferença de sempre entre as duas regiões. O velho continente concentrou 50% das operações de 2022 em empresas em fase de arranque em 2022, com o Reino Unido, Alemanha e França, seguidos pela Itália, Espanha e Suíça a serem os países mais ativos em rondas de financiamento – com destaque para as áreas de inovação, seguros integrados e saúde mental.

A aproximação do mercado europeu ao norte-americano justifica-se pelo investimento em empresas que se encontram numa fase inicial, as que menos sofreram este ano – devido à procura de investimento em modelos orientados para a rentabilidade e não para o crescimento, visando um maior retorno nas fases iniciais do que em outros anos.

As insurtechs europeias orientaram-se para mercados com maior rentabilidade e linhas de negócio focadas em tendências. No resto do mundo – Ásia, África e América Latina – observa-se um ligeiro crescimento nos últimos anos em empresas que se encontram em fases iniciais.

O relatório revelou que o setor dos seguros observa uma evolução sem precedentes e avança na utilização de tecnologias. De acordo com o relatório, há quatro tendências que registaram um especial crescimento em 2022. Estas tecnologias resolvem desafios distintos no setor segurador, incluindo a integração de diferentes players num ou mais ecossistemas através de APIs, analítica e análises preditivas, assim como diagnósticos de saúde, uma tecnologia que utiliza dados de saúde e análises para fazer face aos desafios presentes e futuros, melhorando a personalização e a tomada de decisão nos processos.

O relatório destaca cinco grandes desafios do setor insurtech, que revelam preocupações e as áreas em que este se vai concentrar:

  • Sustentabilidade: as mudanças climáticas são identificadas como o primeiro risco para o setor, uma vez que os fenómenos naturais catastróficos que têm ocorrido nos últimos anos causaram perdas significativas. Sugere-se que as seguradoras devem identificar e desenvolver soluções centradas no clima, identificando três áreas de ação – assegurar a transição para o zero-carbono, criar soluções de transferência de riscos para riscos físicos crescentes e adaptar os serviços. A tecnologia desempenha um papel fundamental, uma vez que as seguradoras utilizam IoT, stationary sensors, dados de radar ou sonar, visão computacional, drones, gémeos digitais, machine learning e análise estatística com o objetivo de prever e mitigar o risco de desastres naturais, e prevenir e reduzir a perda de vidas humanas, bens e recursos.
  • Distribuição inteligente: A distribuição é um fator chave para se conseguir maior retenção de clientes e lucros mais elevados. Contar com parceiros no setor da distribuição dá às seguradoras acesso a um novo mercado – dentro de um mercado existente – graças à possibilidade de oferecer produtos à base de clientes do distribuidor. Para o proprietário do canal, os benefícios materializam-se no cross-selling, sem ter de tentar desenvolver o mesmo produto.
  • Riscos digitais: Os ciberataques estão a aumentar 50% em relação ao ano passado, levando muitos governos a estudar novas leis. Neste contexto hiperligado, as empresas procuram novas formas de se defenderem de ataques nocivos e de investirem em proteção, especialmente para garantirem a segurança dos dados, que constitui a base fundamental e a motivação essencial da subscrição de seguros. Embora a cibersegurança nos seguros não seja uma linha de negócio tradicional, devido ao elevado custo das tecnologias aplicadas, a realidade é que, no contexto atual, o investimento das seguradoras em insurtechs multiplicou seis vezes nos últimos três anos. Este facto é motivado pela visão de futuro da prevenção de riscos, também cibernéticos, e nos dispositivos IoT.
  • Modelos de seguro on-demand: a simplicidade dos modelos on-demand aumenta a probabilidade de subscrição de seguro em 58%, e a indústria deve tirar partido destes novos modelos para aumentar a sua capacidade de atingir um público mais vasto. Neste sentido, a tecnologia desempenha um papel fundamental para o crescimento deste modelo, para automatizar tarefas não essenciais em produtos de subscrição – 45% afirmam já tê-lo utilizado para estes fins, enquanto 35% indicam que a sua carga de trabalho diminuiu graças às soluções digitais.
  • Envolvimento das empresas na sociedade: após os acontecimentos sociais dos últimos anos, os consumidores consideram que o bem-estar é um fator essencial. A adoção de tecnologias digitais em questões relacionadas com o bem-estar não para de crescer, e a prova disso é que 71% dos consumidores consideram provável a utilização de cuidados virtuais (18% mais do que em 2021). Os investimentos em seguros empresariais, com destaque para os de saúde, continuam a crescer de forma contínua desde 2015, o que denota que o mundo dos negócios tem noção da importância das empresas estarem comprometidas com o bem-estar.

 

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