Ana Gomes diz que braço de ferro entre Costa e Marcelo “não compensa”

Ana Gomes não vê com bons olhos o braço de ferro entre Marcelo e o primeiro-ministro. “A médio prazo, não compensa entrar na guerra com o Presidente”, afirma, em entrevista ao Diário de Notícias e à TSF. Para a socialista, “é evidente” que Marcelo tinha provocado Costa com as sucessivas ameaças de dissolução, “que não eram, obviamente, muito credíveis, porque a dissolução tinha-se concretizado em 2020/2021″, mas “exatamente isso tornava bastante improvável que agora pudesse contemplar nova dissolução”.

Considerando que António Costa “amarrou” João Galamba no caso que envolve o ex-adjunto do ministro das Infraestruturas, a socialista sublinha que a responsabilidade é do primeiro-ministro e que o Chefe de Estado “não se eximirá a confrontá-lo com essa responsabilidade”. “Tudo dependerá do nível de problemas que essa amarração a João Galamba venha a trazer. Provavelmente, o primeiro-ministro conta que eles sejam minimizados, sabendo, também, que o ónus de todas as decisões na área das infraestruturas recairá sempre, mais do que nunca, sobre o primeiro-ministro”, argumenta.

A antiga candidata presidencial aponta ainda que a comissão parlamentar de inquérito sobre a TAP “tem o potencial de trazer a lume muitas questões embaraçosas para o primeiro-ministro”, designadamente as que têm a ver com a reversão da privatização da companhia que foi feita no primeiro Governo de António Costa quando Diogo Lacerda Machado, seu amigo, estava na administração da companhia. “Tudo vai depender de o Parlamento ter ou não capacidade de fazer o seu trabalho”, remata.